As Maravilhas do Cunhaú
A noite fechada envolve a cidade. Enquanto o carro avança, a luz amarela de uns poucos postes se reflete nos paralelepípedos que pavimentam as vias. No horizonte, o escuro profundo esconde o que só o som de ondas quebrando permite imaginar. As ruas estão vazias, apenas um ou outro veículo, vez em quando, cruza o caminho rumo a um destino insondável. As casas são poucas e pequenas. Amanhece. E o que antes era negro se revela de uma natureza exuberante e bela. O paraíso para qualquer pescador. As margens do rio repletas de pequenas canoas, repousando tranquilas sobre as aguas calmas que seguem ao mar. Do lado esquerdo, o oceano se espraia sem fim entrecortado por arrecifes aqui e ali. À direita, o manguezal serpenteia em um labirinto verde até onde a vista pode alcançar. Assim é Barra do Cunhaú, um pequeno povoado localizado no município norte-rio-grandense de Canguaretama, a 72 quilômetros de Natal.
Para quem pratica nosso esporte, a primeira sensação ao chegar à cidade é de estar imerso em uma vila de pescadores. E, de fato, o lugar não está muito distante disso. A exceção de algumas boas pousadas e uma pequena estrutura de serviços, Barra do Cunhaú é, essencialmente, uma colônia de pescadores. E não é para menos, pois o local é absolutamente piscoso. Tanto que rendeu até a produção de um DVD, “A Pesca do Robalo” pelas lentes de um dos cinegrafistas mais importantes do setor, Marcos Réia. Camurim, camurupim, pescada amarela, sernambiquaras, pampo, caranha e até mesmo mero são algumas das espécies capturadas no local. Motivo mais do que suficiente para conhecer e voltar sempre.
Fizemos a tradicional pescaria de galhadas em busca dos grandes camurins e também tivemos a oportunidade de realizar uma modalidade ainda pouco difundida em nossa região, a pesca vertical com jumping jigs (JJ) em água doce. E qual não foi nossa surpresa em presenciar a eficiência desse método. Diferente dos arremessos em galhadas, a pesca de fundo exige menos técnica e traz aumento tanto em produtividade quanto de número de espécies capturadas. Usando as isquinhas de metal, capturamos os desejados camurins e tivemos outras ações de tirar o fôlego.
A pescaria com JJ pode ser feita virtualmente em qualquer ponto do rio, entretanto, o uso do sonar para mapear zonas mais profundas, os chamados poços, aumenta bastante a quantidade de fisgadas. A isca mais usada durante a nossa jornada é conhecida pelos locais como “sapinho”, mas na verdade se assemelha mais a uma pequena lula do que ao anfíbio propriamente dito. No mais, não é mistério, basta soltar a isca ao lado do barco, esperar tocar o fundo e recolher a linha dando pequenas pindocadas para dar vida ao artificio.
Muito bom Caco Marinho, viajei a Cunhaú com o texto do amigo, parabéns!!!
Parabéns, Caco, belo texto!
Belo texto e uma grata surpresa ao me ver nesta matéria!
Valeu Caco Marinho!