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O fim da mazela invernal

O inverno é ingrato para os pescadores nordestinos. Chuva, vento, temperatura mais baixa, fazem os peixes sumirem do mapa. Mesmo assim, a vontade fala mais alto, arriscamos uns arremessos e até conseguimos realizar boas pescarias nesse período complicado. Mas eis que chega setembro. Mês saudado pelos conterrâneos como a abertura oficial da temporada de pesca. Pelo calendário o inverno perdura até o próximo dia 21, mas já é possível perceber mudança nas condições climáticas.

 

Com menos chuvas e aumento da temperatura os peixes do Nordeste ficam mais ativos, se alimentam mais e atacam com mais voracidades as nossas iscas. O vento fica mais brando e ajuda a manter as linhas esticadas, melhora o desempenho no arremesso e deixa a pescaria mais agradável. Setembro chega trazendo promessas de boas pescarias, maior quantidade de peixes e exemplares mais robustos .

O começo do mês ainda traz uma pontinha do inverno, mas que gradualmente vai se despedindo da nossa região, trazendo o calor e a expectativa de grandes duelos até o verão do próximo ano, que termina no dia 21 de março. Depois, resta aos pescadores uma espécie de hibernação, que termina novamente com o fim do período chuvoso do inverno de 2012.

Aos amigos leitores, a Revista Pesca Nordeste deseja ótimas pescarias. Aproveitem com vontade a melhor época de pesca em nossa Região.

 

Opinião de Pescador – O prazer da pesca

*Por Fernando Rego

Um velho ditado diz: ” Um dia é da caça, o outro do caçador “. Na pescaria também é assim.

Acontece, falo por mim, sou sempre otimista, programo, organizo e sigo para mais uma aventura. Chego até ficar sem dormir na noite que antecede,  fico ansioso, só esperando a hora chegar e seguir para mais uma bela praia ou rio, onde só se ouve o barulho das ondas, com aquele cheiro gostoso de maresia e o revoar das aves. Mas nem sempre as coisas saem como desejamos, me refiro a captura de peixes.

Para mim existem três fases que significam muito em uma pescaria. A primeira é a escolha do local e a data, levando em considereçao o final de semana, a maré com a altura e horário e também se é de lançamento ou quebramento, de acordo com as estações da Lua. Depois, vem a preocupação com a parte logística, desde a escolha do material, como varas, iscas, anzóis, chumbadas, boias, embarcação até a parte de subsistência, água, suco, refrigerante, cerveja, frutas, sanduíches, tudo nos mínimos detalhes e com muito carinho. Por fim temos a melhor parte que é a pescaria propriamente dita “de pura adrenalina”.

O melhor de todo este processo, mesmo sem pegar peixe, se resume a emoção de poder curtir e sentir cada momento vivido, sozinho ou na companhia de grandes amigos, e esquecer os problemas deixados na cidade grande. Isso nos  renova e revigora através da energia emanada pelo contato com a natureza e nos deixa pronto para enfrentar mais uma semana de trabalho e luta quando retornamos a nossa vida normal.

É por estas e outras que tenho uma frase que exemplifica bem o prazer que é viver essa sensação. Pescaria, momento único de pura satisfação, prazer e relaxamento, onde esquecemos da vida.

 

*Fernando Rego é pescador esportivo e ambientalista

Editorial – Por que soltar o peixe?

Pequeno mero devolvido em excelentes condições ao seu habitat

Cultuada por alguns, odiada por outros tantos, a prática do pesque e solte é assunto polêmico entre os conterrâneos nordestinos. Em algumas situações, ao libertar um peixe de porte considerável, recebemos comentários de teor impublicável e também proferimos nossa dose de adjetivos quando vemos um exemplar saudável ser sacrificado sem distinção. Não nos cabe aqui julgar o certo ou o errado, apenas lançar luz sobre um assunto pouco discutido na esperança que a reflexão implemente algo de positivo.

Sabemos das carências históricas de nossa região e, ainda que se perceba uma melhora socioeconômica gradual da população, estamos longe de driblar as deficiências impostas por anos de coronelismo e omissões.  Por isso é difícil criticar o abate de um peixe esportivo quando, mais do que um exemplar de pescado, o espécime capturado se torna o almoço da família e, em última análise, uma economia no fim do mês.  Entretanto, isso por si só não explica o motivo de uma atitude salutar como o pesque e solte ser tão pouco difundida entre os praticantes do nosso hobby.

De fato, em nossas andanças pescarias afora já vimos pescadores de poucos recursos financeiros com sorriso no rosto devolvendo um peixe recém capturado, bem como presenciamos pessoas de elevado poder aquisitivo se gabarem por ter abatido certa quantidade de peixes. A verdade é que no Nordeste uma boa pescaria ainda não se limita ao prazer de duelar com o peixe e eternizar através da foto a memória vivida naquele embate. Aqui mais vale peixe na fiera e a panela cheia.

A defesa do pesque e solte não implica em dizer que o pescador não possa levar seu pescado pra casa. Nem de longe queremos privar alguém do deleite que é saborear um peixe fresco fisgado por seus próprios méritos. Todos os pescadores, mesmo os denominados esportivos, porventura o fazem. O que pregamos aqui são escolhas responsáveis para perpetuar e, quiçá, melhorar as chances de que nossos filhos e netos tenham a oportunidade de sentir as mesmas emoções que sentimos ao brigar com grandes peixes. Fato que está se tornando mais raro a cada dia.

O que se percebe ao conversar e conviver com os pescadores da nossa região é que falta esclarecimento, conscientização sobre as vantagens em adotar o pesque e solte. Explique para um pescador que ao abater uma matriz, um peixe reprodutor, ele está, na verdade, aniquilando milhares de outros indivíduos que poderiam aumentar a população de pescado; certamente a visão de um futuro menos prolifico é um excelente argumento para demovê-lo da ideia de matar o animal.

É claro que outros fatores, tais como as práticas predatórias e uso de equipamentos fora das normas vigentes, contribuem para a diminuição da piscosidade em nossos rios e mares. Infelizmente não podemos decidir por todos, mas ao fazer nossa parte já estamos ajudando. Agir com consciência e tomar medidas que colaborem com a preservação nosso esporte faz bem ao pescador e ao meio ambiente.  Ter a vida do peixe em suas mãos e, em seguida, vê-lo nadando tranquilamente, seja em água doce ou salgada, é indescritível. Somem-se a isso situações onde um mesmo espécime é capturado seguidas vezes pelo pescador ao longo dos anos, ou até por pescadores distintos ocasionalmente e nós temos a formula para consagrar o pesque, fotografe e solte. Um único peixe dando alegria a diversos pescadores.

Caso decida levar seu pescado para casa fique atento ao tamanho mínimo permitido para cada espécie, ele indica que o exemplar já é adulto e teve chance de se reproduzir. Contribua com o crescimento da pesca como esporte. Pratique essa ideia.

 

 

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