Museu da Pesca 34 – Vídeo “Tucunaré o Gigante da Amazônia” parte 03

Como disse antes, não usávamos linhas exageradamente finas em nome da dita pesca esportiva, pois durante a briga corríamos o risco de estressar o peixe e levá-lo à exaustão, além da possibilidade de arrebentar a linha e deixá-lo escapar com a isca na boca. Todos esses fatores podiam comprometer sua sobrevivência, mas o fato é que cansei de achar iscas perdidas na briga com o peixe, às vezes um quilometro longe do ponto onde a linha arrebentou.

Durante os anos que frequentei a Amazônia só duas vezes achei tucunaré morto nos locais da pesca, indicando que o peixe tinha escapado na luta mas não sobrevivido à devolução às águas ou fuga. Considerando que normalmente ficávamos na mesma região de pesca durante a semana toda, a devolução do peixe praticando o pesque e solte ou fuga durante a briga comprovava que os danos colaterais eram desprezíveis.

O tucunaré nunca foi um peixe tão frágil assim, pois sobrevivia a agressões muito mais sérias que um anzol, como mordidas de boto, jacaré, ou outro predador qualquer, desde que o manuseio do peixe fosse feito com cuidados e sem abusos.

O Tupana é um lugar que deve ser conhecido, considerando as memórias daqueles tempos. Se alguém tiver informações dos dias atuais, gostaríamos de saber.

Museu da Pesca 33 – Vídeo “Tucunaré o Gigante da Amazônia” parte 02

A menor distância entre dois pontos é a distância entre um tucunaré e sua presa, e essa distância não é medida em metros, mas em emoção. Essa é a principal razão da paixão dos fãs do tucunaré, sem dúvida, mas não só os ataques às iscas traduz esse fato, os rebojos são também muito especiais, pois embora não quebrem a tranquilidade das águas com suas explosões, excitam nossa imaginação, na expectativa do ataque iminente, que nem sempre acontece, sem sabermos qual o tamanho do peixe e qual a hora do ataque.

Em dias nublados encontrávamos às vezes exemplares enormes em águas surpreendentemente rasas, em pontos que normalmente desprezaríamos. Ficamos atentos a isso devido os ensinamentos do grande pescador Gilberto Fernandes, que em seu livro “A Pesca no Amazonas” nos dá essa dica, pois ondulações na superfície podiam indicar grandes tucunarés caçando. Por outro lado, esses tucunarés também podiam estar se protegendo nesses raseiros se houvesse movimentação de botos por perto.

O Tupana foi um dos belos pontos de pesca que conheci, não só por sua beleza como também pela fartura de peixes. Não sei como está hoje em dia, mas para sempre ficarão comigo as lembranças daqueles peixes e daqueles lugares.

Em 1996 lançamos finalmente o vídeo “Tucunaré – O Gigante da Amazônia”, na Feipesca. Voltei muitas vezes ao Tupana, graças à ajuda inestimável do Luiz Saburo, que Deus o tenha.

Museu da Pesca 32 – Vídeo “Tucunaré o Gigante da Amazônia” parte 01

Faz muito tempo que iniciamos nossas pescarias na Amazônia, e essas histórias e opiniões refletem aqueles tempos.

Se eu fosse obedecer a ordem cronológica das coisas o vídeo agora apresentado deveria ser “O Mundo das Iscas Artificiais”, mas vou satisfazer minha vontade apresentando o “Gigante da Amazônia”, meu primeiro vídeo feito na região com meus amigos. Me deu saudades dos grandes tucunarés.

As iscas de superfície mais usadas naquela época por nossa turma eram as Jumpin`Minnow, Zara Excalibur, Top Dog, Mr. Shark (Borboleta), Dr. Spock (KV Zara), Magnum Jerk`n Sam e Big Bug (Popper), mas existia uma grande variedade de tipos e marcas.

Já as de meia água, mais fáceis de usar, sendo aconselhadas para os principiantes, e também para quando o peixe estava refugando, as mais usadas eram a Red Fin 900, Long A 16, Crystal Minnow (Yo Zuri) e Juana (Borboleta), entre outras.

Como algumas das iscas importadas mencionadas (superfície e meia água) não foram desenvolvidas para nossos peixes, principalmente o tucunaré, era necessário se efetuar a troca das garatéias e das argolas que as prendiam às iscas.

Usávamos linhas de monofilamento de 17 a 25 libras, dependendo da ocasião, mas na maior parte do tempo a de 20 libras era a titular. Como líder, uns dois metros de monofilamento também, 0,62mm, colado à linha principal pela “Cola Leader” do alemão ou a cola do Carlet, também muito boa. Nunca perdemos nenhum peixe por usar esse processo, desde que a colagem fosse bem feita.

Foi nossa primeira viagem em barco hotel no Amazonas, no Miss Bebel, com a aquisição mais recente de nossa turma, o “Presidente”. Embarcamos em Itacoatiara, distante de Manaus 270 km, aproximadamente, por estrada asfaltada.

A partir desse ano ficou obrigatória a ida da turma para Manaus, e nossas datas sempre coincidiam com a maior folga na agenda das viagens do barco. Assim, geralmente ficávamos um ou dois dias, às vezes mais, além da programação normal. Era quando eu aproveitava para dar vazão a meu instinto haliêutico.

O local escolhido foi o Tupana, com uma breve parada no Pantaleão. No começo dos esquemas do Saburo no Miss Bebel não tinha piloteiro, mas como era para gravar um vídeo, ele conseguiu um guia índio, o Josué, morador no Tupana, que muito nos ajudou nessa viagem. Nas próximas pescarias que fizemos na região éramos só o Ismar e eu, e hoje em dia penso como não nos perdíamos, pois realmente desbravamos muitos pontos sem conhecer bem a região, e nunca nos perdemos. Foi uma viagem maravilhosa, pela companhia e pelos peixes, e no meu livro esse é um dos capítulos mais compridos, mas não é esse o motivo desses vídeos aqui, que serão apresentados em três partes. A ideia é preservar as imagens em algum lugar, antes que desapareçam completamente.

Vamos começar?

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