Iscas naturais – Corrupto

Geralmente, quando começamos a nos aventurar no universo da pesca, sobretudo nos primeiros arremessos em praia, somos impelidos a usar camarão como isca.  A facilidade na obtenção desse crustáceo e o baixo custo de aquisição certamente tornam seu uso atrativo. Entretanto, apesar de ser uma boa isca e proporcionar belas capturas, existe uma isca ainda melhor: o corrupto.

Coloquem dois pescadores usando exatamente o mesmo equipamento, arremessando as chumbadas à mesma distância, diferindo apenas na isca utilizada, um com camarão e outro com corrupto. É perceptível o aumento na produtividade do pescador que utiliza a isca da qual versa essa matéria.

O corrupto é um crustáceo de 10 patas que visualmente parece uma mistura de lagosta e camarão. Ele pode chegar a atingir 30 cms de comprimento, porém é mais comum encontrar indivíduos na faixa dos 10 cms. O nome popular pode soar estranho, mas denota uma particularidade desse animal e a criatividade brasileira. A alcunha foi atribuída por existirem muitos desses bichinhos nas praias e por serem difíceis de capturar, algo muito parecido com o que acontece em Brasília em relação aos nossos representantes públicos.

Os corruptos (isca) vivem em pequenos buracos que podem ser vistos durante as marés mais baixas do mês na areia molhada da praia. Para capturá-los é imprescindível o uso de uma bomba de sucção feita com canos de PVC (cujo tutorial para manufatura será postado em breve) e encontradas à venda nas lojas de pesca. Não adianta cavar com as mãos, nem com pás e nem com outra invenção mirabolante. Para retirar o corrupto você deve localizar o buraco que denuncia a existência do anima ali, posicionar a bomba sobre o lugar e num movimento rápido, puxar a alça de sucção para extrair a terra do local. É importante que a bomba não penetre muito na areia e sim puxe para dentro de si o material. Caso o exemplar não seja retirado até a segunda investida, opte por fazer uma nova tentativa em outro buraco. As melhores marés para a captura são as abaixo de 0,3m.

Nem todas as praias são habitadas por esses animais, por isso fique atento aos locais mais indicados para sua captura. A praia de Boa Viagem é a opção mais prática e oferece um bom número desses indivíduos, principalmente entre o clube dos oficiais da aeronáutica e a igrejinha de Piedade, localizada no bairro de mesmo nome. No Paiva também é possível retirar essa isca caminhando em direção ao pontal (saída do rio que separa a praia de Barra de Jangada. Outros dois bons pontos para a coleta são Olinda e Maria Farinha. Nesta última localidade vale levar em conta que os corruptos residem mais profundamente na areia e demandam maior esforço para serem retirados.

Outra coisa que o pescador deve ter em mente é que, por mais que a maré esteja ideal para apanhar esta isca, nem sempre haverá quantidade significativa para ser coletado no mesmo local onde foram capturados da vez anterior. Assim como tudo em termos de pescaria, há essa dose de incerteza que deve ser considerada na hora de se programar.

Com isso em mente, fica uma última dica para tornar sustentável o uso desse crustáceo como isca. Devolva os indivíduos “ovados” ao buraco de onde foram retirados. É muito freqüente ver pescadores coletando os corruptos sem nenhuma distinção de tamanho ou repletos de ovas, uma atitude predatória que tem forte impacto na população do animal.

Colocação no anzol e conservação

Com os corruptos em mãos é hora de partir para a pescaria. Se forem utilizados no mesmo dia da captura convém usá-los vivos e realizar trocas periódicas da água para assegurar que mantenham um bom nível de oxigenação o que prolonga sua durabilidade.

Cada pescador desenvolve seu método para colocar o corrupto. Alguns transpassam o anzol pelo corpo do bicho, como se iscassem uma minhoca. Outros fazem pequenas bolas e depois as prendem. Independente da forma que você escolher, o uso do elastricot é indispensável. O corrupto é uma isca extremamente mole e, se não for bem fixado com o elástico destinado para esse fim, certamente cairá durante o arremesso.

Para quem ainda não usou essa isca ou para quem tem dificuldades de utilizá-la, sugerimos uma forma simples, mas eficiente de afixar o animal. O meio do corpo do animal é gelatinoso e se dobra perfeitamente em qualquer direção, por isso recomendamos que essa parte seja colocada sobre a curvatura do anzol de modo que fique pendurada, em seguida, junte a cabeça e a cauda, que são mais duros, entre o dedo indicador e o polegar e as prenda ao olho do anzol (ou pata) usando o elástico para fixar. Depois dê várias voltas ao longo do corrupto deixando-o preso bem firme.

Se a intenção não é utilizar a isca no dia, ou mesmo para guardar os que sobraram, é recomendado salgá-los com uma quantidade generosa de sal, e congela-los em potes com quantidade suficiente para uma pescaria. Dessa forma a isca fica viável por vários meses, o que evita o desperdício e a captura demasiada de exemplares.

Existe ainda a opção de fazer a compra dos corruptos. Nesse caso, a maneira mais interessante é ligar para um caiçara que captura exemplares de bom tamanho na praia do Paiva e os vende em garrafas ao valor de R$ 5,00 e R$ 10,00. A pessoa em questão é o Fernando, conhecido pelo pessoal com Boquinha. Ele aceita encomendas e entrega em toda região de Boa Viagem ou outro ponto a combinar. O telefone é o 9158 3156. A embalagem de menor preço contém cerca de 40 corruptos, mais do que suficiente para uma boa pescaria. Já a segunda embalagem tem mais que o dobro desse número e serve bem até três pescadores.

3 Comentários para “Iscas naturais – Corrupto”

  • jefferson:

    muito bom gostaria que se fosse possível voce postace o manual para produção da bomba

  • Henrique:

    O corrupto pode ser partido para colocar no anzol ou deve ser colocado inteiro?

  • Silvio Ranniel:

    Olá boa noite, gostei muito, não sabia que o corrupto ocorria também em pernambuco, gostaria de saber se ocorre no litoral norte?Pois pesco muito nas praias de goiana.obg
    pfvr responder no e-mail

Sobre o autor

Caco Marinho

Jornalista e apaixonado pela pesca esportiva 
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