Chicote para pesca de praia

Imaginem a cena: o pescador vai a loja, compra vara, linha, molinete, tudo novo esperando a chegada do fim de semana na expectativa de brigar com aquele bitelo. Chega o dia, ele arma o equipamento e começa a fazer os arremessos, mas, lance após lance, o troféu teima em não aparecer. Acaba a pescaria e toda aquela antecipação por um bom peixe dá lugar ao desanimo de um dia pouco produtivo. A situação narrada acima pode acontecer mais ou menos vezes e depende de um conjunto de fatores climáticos, sob os quais o pescador não tem controle, e também de variáveis que ele pode dominar com o uso de técnicas adequadas. É o caso, por exemplo, do emprego de um bom chicote ou rabicho de praia.

O nome pode variar de acordo com a região, mas, de modo geral, consiste em um sistema onde o pescador vai acoplar, anzóis, chumbo e demais adereços necessários para levar a isca, por meio do arremesso, até o lugar onde estão os peixes. Existe uma infinidade de modelos, desde os confeccionados para uso em competições, com trocas rápidas de anzóis, até os chamados parangolés, feitos com um pedaço de linha e uma serie de laçadas formando alças para fixação dos apetrechos de pesca.  O pescador pode comprar chicotes prontos, mas isso não significa que eles sejam adequados para o uso. Lojas de pesca muitas vezes se valem da inexperiência dos novatos e vendem qualquer coisa sem um mínimo de esclarecimentos. Por isso vamos falar do chicote de rotor simples, equipamento que vai nos servir bem na quase totalidade das situações.

Algumas casas de pesca comercializam esse tipo chicote pronto, bem como as peças avulsas para que o pescador possa manufaturar por si próprio. Para quem os que tiverem dificuldade em encontra-las, daremos uma mãozinha no fim da matéria com um tutorial sobre como construir você mesmo o seu rotor de pesca. Vale deixar claro que existem vários modelos, desde os rotores de engate rápido até os chamados rabinho de porco, porém, no fim das contas, eles nada mais são do que uma peça de arame inox cuja função é permitir a fixação e troca dos anzóis de maneira simples. E é impressionante como o uso desse equipamento facilita a vida do pescador, pois permite mudar sem nenhum esforço o tipo e tamanho de anzol em busca do modelo mais adequado para a situação do momento. Sem falar que o rotor gira sobre seu eixo, por isso minimiza os enroscos das pernadas com a linha principal.

Nó de correr

A montagem do chicote é feita com dois ou três rotores, a depender da quantidade de anzóis que serão usados, duas miçangas por rotor um pedaço de linha, um girador e um snap. A configuração pode variar um pouco a critério do pescador, mas, em principio, esse é o modelo básico de rabicho. A linha deve ter diâmetro menor do que o furo por onde o rotor será introduzido, de forma que ele rode livremente. Para fixá-lo, você pode usar dois ou três nós cegos sobrepostos, entretanto recomendamos o uso do nó de correr por dois motivos importantes. Primeiro porque eles não afetam a resistência da linha do chicote e segundo porque permitem mover os rotores para posicioná-los no nível em que os peixes estão mais ativos. A mudança é pequena, mas influi significativamente no aumento da produtividade. A seqüência da montagem fica assim: no final da linha um snap para trocas rápidas de chumbada, a uma distancia de cerca de 30 cms dele um no de correr, depois uma miçanga que ira ficar presa pelo no, em seguida um rotor, outra miçanga e outro nó de correr. Depois, se repete a seqüência usada para o rotor mais uma ou duas vezes finalizando com o girador na ponta superior da linha.

Para fixar os anzóis aos rotores durante a pescaria se realiza o encastoamento com o nó de sua preferência e no final da pernada uma laçada simples formando uma alça que será presa ao rotor no momento da pescaria e solta com facilidade ao fim dela. Uma boa medida é fazer varias dessas pernadas em casa, guardando-as em um estojo, para não perder tempo atando nós durante a pescaria. Isso ajuda bastante quando pegamos um peixe que danifica a linha como, por exemplo, um baiacu. Ou então quando um peixe embucha o anzol e podemos simplesmente cortar a pernada e substituir por uma nova em questão de segundos.

O vídeo abaixo ajuda a demonstrar o funcionamento do sistema.

Agora vamos ao tutorial para construção do rotor simples.

Vamos usar o mesmo material empregado na confecção dos snaps, o arame de aço inox duro. De ferramentas precisaremos apenas de 4 alicates, o de bico fino, de pressão, de corte e ou cônico que pode ser substituído por qualquer objeto cilíndrico de tamanho compatível. Para o rotor abaixo vamos usar o arame da bitola 0,80mm

Primeiro, pegue dois pedaços do material, um com 5 cms para servir de guia e outro de 15 cms que será o rotor propriamente dito.

Com o fio guia na vertical, marque aproximadamente um terço do comprimento  do outro pedaço e cruze em ângulo prendendo firmemente com o alicate de pressão.

Em seguida, dê aproximadamente 12 voltas bem justas com o rotor sobre a guia.

Abra o alicate de pressão, sem retirar o fio mestre, prenda a mola recém feita com firmeza novamente usando o alicate de pressão.  Alinhe as duas pontas para que fiquem paralelas


Cruze o arame

No ponto onde as pontas se cruzam use o alicate de bico fino para fazer uma pequena dobra para dentro no pedaço menor e outra para fora no pedaço maior

Enrole a ponta menor sobre a maior cerca de três voltas, corte o excesso e aperte bem para dar acabamento.

No final da parte que sobrou faça uma dobra pouco menor que 90 graus e use o alicate cônico para fazer uma argola.

Segure a argola recém formada com o alicate de pressão e com ajuda do alicate de bico fino de mais tres voltas para fecha-la. Corte o excesso de arame e aperte bem a ponta para dar acabamento

Está pronto seu rotor. Boa pescaria.

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Sobre o autor

Caco Marinho

Jornalista e apaixonado pela pesca esportiva 
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