Pessoal, relutei em comentar este tópico, entretanto, decidi fazê-lo por achar que minha contribuição poderá ser entendida como um depoimento positivo.
Pesco há quase 20 anos e, durante esse tempo, conheci e fiz amizade com alguns pescadores artesanais profissionais, quero dizer aqueles que pescam utilizando linha, chumbadas, anzóis e iscas naturais e que se mantém dessa atividade. Muito do pouco que sei a respeito dos hábitos e curiosidades dos peixes, aprendi através das “aulas práticas” dessas pessoas, às vezes, tão sofridas quão injustiçadas. Graças a Deus, acredito serem poucos aqui no site que já sentiram na pele o que é prover a família sem ter uma renda mensal regular.
Eis o maior divisor de águas da pesca e de outras atividades marginalizadas: a necessidade de se afirmarem como ocupações de geração de renda, emprego e inclusão social ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento sustentável e o respeito ao meio ambiente e à biodiversidade. Enquanto nós, pescadores esportivos, não mostrarmos à sociedade civil, de maneira categórica, que a nossa atividade pode movimentar todas as esferas que citei, principalmente a econômica, continuaremos buscando pescarias em locais cada vez mais longínquos e desabitados.
Considero este um espaço extremamente democrático e gostaria que todos nós continuássemos primando por isso. A “intolerância” está entre os principais defeitos da humanidade, sendo responsável por grandes injustiças e muita carnificina ao longo dos tempos.
Imaginem se todos os pescadores predadores do Brasil acessassem este site rotineiramente?!? Certamente seria uma excelente oportunidade de passar um pouco do nosso ponto de vista para eles e, principalmente, ao entendê-los, também poderíamos buscar respostas juntos. Seria ótimo, não?
Apesar do meu discurso, nem sempre foi assim, já fui inimigo mortal dos pescadores profissionais, já “resolvi” situações utilizando o “embate intelectual”, passando pelo “bate-boca insano”, por “ações insensatas” e chegando até as “vias de fato” algumas vezes. Não me senti melhor em nenhuma delas, até compreender, para valer, o aspecto sócio-econômico em jogo.
LipeOlinda, vc tem uma grande responsabilidade nas mãos: usufruir e preservar esse pesqueiro (primeiramente vc) e, em paralelo, reeducar as pessoas que vivem dele, mostrando-lhes uma outra forma de ganhar dinheiro com esse patrimônio. Inicialmente vc poderia tentar persuadi-los a soltar os exemplares de menor porte... nas muitas vezes em que agi assim, consegui colher alguns sucessos importantes, como recentemente, quando em uma pescaria de tarpons aqui no Maranhão, entraram alguns meros nas iscas naturais usadas pelos pescadores profissionais do barco que eu havia alugado. Resultado: consegui convencê-los a soltar 4 exemplares, comprei na hora e soltei outro de 50kg que eles se recusavam a soltar e, infelizmente, não pude evitar o sacrifício do último, com quase 100kg, ainda muito jovem.
Uma dica: já pensou em organizar grupos pequenos de pescadores esportivos para levar até esse local, cobrando por isso e envolvendo os pescadores profissionais como guias, gerando a tal da “renda” e atuando decisivamente na transformação da cultura local através da prática do pesque-e-solte?
Pense nisso e continue fazendo seus grandes relatos. Acredito que, em breve, as fotos mostrarão tarpons, robalões e xaréus em seus melhores momentos: vivos e retornando ao seu ambiente predileto!
Ah, ia esquecendo, eventualmente tb levo meu peixinho para comer em casa... mas sem exageros!
Abraço e paz a todos!