KSF

Nosso objetivo é difundir cada vez mais essa modalidade de pesca esportiva em caiaques.  No Brasil, essa modalidade está começando agora.  Nos EUA e Europa, está cada vez mais difundido e praticado por milhares de pessoas, movimentando milhões de dólares anualmente em acessórios para caiaques, material de pesca.

Manutenção de carretilhas

Como sabemos aqui no Nordeste praticamente não há oficinas especializadas em manutenção de material de pesca como conserto de varas, carretilhas e molinetes. Por isso tive que aprender a fazer manutenção nas minhas carretilhas, confesso que no começo foi difícil, pois não tinha conhecimento sobre o assunto e pouco encontrava na Web dicas sobre o assunto.

Hoje confesso que adquiri certa experiência no assunto, principalmente no que não fazer na manutenção das carretilhas e algumas dicas para melhorar seu desempenho nos arremessos.

Vamos lá! O que vamos precisar:

  • óleo diesel
  • recipiente raso para colocar o diesel
  • pincel
  • graxa branca
  • óleo Singer (ou óleo fino)
  • chaves de fenda
  • alicate de bico
  • chave que acompanha a carretilha
  • um trapo (pano velho)

Nunca use White-Lub, WD-40 ou outro desingripante, estes produtos são compostos de corrosivos e prejudica principalmente as partes plásticas internas, retentores dos rolamentos, etc. Caso seja necessário utilizar para tirar alguma ferrugem ou destravar alguma peça que esteja presa, lave com água corrente depois.

Aconselho desmontar a carretilha colocando as peças alinhadas em sequência, isto irá facilitar sua montagem!

É importante ir observando durante a desmontagem os pontos de corrosão que encontramos, pois mesmo nas peças de aço inoxidável é possível ter acúmulo de resíduos de corrosão, eles serão facilmente removidos com o auxílio de uma lixa de ferro fina.

Tiramos todos os rolamentos, internos e externos, inclusive o anti-reverso. Se sua carretilha tive rolamento no ajuste fino do freio tenha atenção especial nele, pois é o que mais leva água nas pescarias e se ficar travado ira comprometer o arremesso.

Depois de aberta retiramos as peças móveis e colocamos no diesel junto com os rolamentos.

As peças que observamos pontos de corrosão, com uma lixa de ferro bem fina, passamos suavemente nos pontos.

Após limpar com o pincel as peças móveis e carcaça devemos lavar em água corrente para retirar o diesel, pois se deixarmos o mesmo irá impedir que os lubrificantes sejam colocados.

Agora vamos checar os rolamentos colocando uma chave de fenda fina no seu interior e girá-los para verificar algum travamento. Caso seja verificado colocar óleo Singer e voltar a girá-lo até que o mesmo gire livremente. Se mesmo assim continue girando com dificuldade o mesmo deve ser substituído.

Antes de começar a montar a carretilha eu gosto de passar uma camada de silicone em aerosol, pois ele é um hidrorepelente e irá evitar que se acumule água (gotas) no interior da carretilha – a água não acumula, escorre.

O sistema de fricção deve ser montado sem nenhum tipo de lubrificante (óleo ou graxa), deve ser bem limpo e seco. Em algumas carretilhas que a fricção solta aos trancos, colocamos óleo no dedo e passamos no disco de fricção apenas para umedecê-lo suavemente – se excessos!

Nas engrenagens internas coloca-se graxa branca – sem exagero – o suficiente para cobrir as engrenagens.

O mesmo deve-se fazer com o rolamento anti-reverso – o único rolamento que é lubrificado com graxa! Pois o mesmo é um canal de água para o interior da carretilha.

Na montagem costumo colocar em cada local que tem um parafuso uma gota de óleo para evitar que futuramente travem.

Também coloco uma gota de óleo nas partes móveis internas, mesmo que estas não tenham rolamentos.

Uma dica importante na hora de montar o anel de fricção é observar a posição das arruelas de pressão, elas dever ficar montadas de forma que fique uma folga entre elas.

Nos rolamento apenas uma gota de óleo! Nada de graxa! Nada de White-Lub, WD-40 ou semelhante!

Na tampa da porca do eixo da manivela coloca-se graxa para evitar que a mesma trave ou junte corrosão.

Assim como nos rolamentos coloca-se apenas óleo na engrenagem do devanador (guia) de linha.

Finalmente sempre guarde sua carretilha com uma capa de proteção, assim evita-se o acúmulo de poeira.

A carretilha, diferentemente do molinete, depende do carretel bem lubrificado e livre para que os arremessos sejam bons, dessa forma os rolamentos são os principais responsáveis por isso. Consequentemente não devemos jamais lubrificá-los com graxa, pois se assim fizermos os mesmos perderão performance no giro, já que por ser densa a graxa prende o rolamento. Sempre limpar bem os rolamentos e colocar, como dito anteriormente, uma gota de óleo – mais nada!

Espero que esta dica ajude a manter sua carretilha em boas condições, costumo fazer esta manutenção a cada 5 pescarias em água salgada desde que não aconteça nenhum acidente em mergulhar na água, pois acontecendo deve-se fazer manutenção logo em seguida.

Se você não sentir-se seguro em realizar a manutenção aconselho levar para alguém que tenha experiência.

A pesca com Fly na praia

Há algum tempo tenho me reunido com o amigo Marcos Réia, experiente produtor de filmes de pesca, para a produção de um DVD focado justamente neste esporte no Nordeste do País, abrangendo as mais diversas modalidades praticadas na região; dentre elas, a pesca com iscas artificiais na praia.

Em um de nossos encontros, sugeri a possibilidade de incluir também a pesca de fly nesse mesmo ambiente, pois, até agora, é raro ouvirmos falar desta prática.

Sugestão aceita resolvemos que, quando fôssemos gravar uma pescaria com iscas artificiais em uma das praias nordestinas, além do equipamento básico de vara e carretilha, levaríamos também tralhas para pesca com mosca.

Nosso destino seria a Ponta do Pirambu, praia com excelentes estruturas de pedras e propícia para o encontro com grandes exemplares de várias espécies. O ponto fica em Tibau do Sul, cidade a cerca de 90 km de Natal, no Rio Grande do Norte.

Analisando a tábua de marés, marcamos nossa pescaria de forma que aproveitássemos a chamada maré de lançamento – que ocorre nos dois primeiros dias da mudança de minguante ou crescente para cheia ou nova. Ela estaria baixando pela manhã, bem cedo, e seu reponto de vazante chegaria até às 8h 30; acreditávamos que este seria um excelente horário para a captura de camurins (robalos), xaréus e, com um pouco de sorte, até camurupins (tarpons).

Saímos de Natal às 3h 30 da madrugada e, em Tibau, nos encontramos com o parceiro paulista Edílson Adorno, freqüentador do site Pesca-NE, que estava doido para pescar conosco, devido às informações de excelentes pescarias no local relatadas no portal.

Iscas na água

Com as tralhas convencionais e iscas de meia-água e superfície, já havíamos capturado xaréus e camurins de bom tamanho, na faixa dos cinco quilos. Tudo isso só contribuiu para que nossa expectativa de fisgas grandes exemplares no fly no local aumentasse.

Montei meu equipamento, composto de vara para linha 8 e carretilha abastecida com uma WF8 afundante classe II, adequada para a pesca na água salgada de regiões tropicais. Utilizei um líder com cerca de dois metros de linha 0,60 mm e um streamer atado a um anzol Mustad 34007 número 3/0.

Nessa modalidade, é necessário dispor de uma boa quantidade de linha de backing, com 30 lb de resistência. Além de utilizar um apetrecho chamado de strippinf basket, que nada mais é do que uma cestinha, acoplada a um cinto que pode ser preso na cintura, na qual são acondicionadas as linhas na hora dos arremessos.

Esta cesta é importante para evitar que a linha enrosque nas pedras durante o lançamento, o que pode acontecer com facilidade por causa dos constantes ventos que chegam do mar – especialmente no Nordeste. Como é bastante difícil encontrar este equipamento no mercado nacional, eu procurei adaptar uma daquelas cestinhas usadas em supermercados; os resultados foram excelentes.

Logo nos primeiros arremessos, senti uma forte puxada na linha, seguida de uma repentina corrida: tratava-se de um belo exemplar de camurim.

Depois de uma boa briga e alguns saltos, o peixão se entregou. Após fotografá-lo, o pesamos e devolvemos à água: a marca de 2,5 kg já fazia dele um excelente exemplar fisgado com equipamento de fly.

O camurim chegou a engolir totalmente o streamer, ralando parte da linha do líder, que teve de ser refeita para novos arremessos. A esta altura, a maré já tinha repontado e estava no início da enchente, o que me dava pouco tempo para pescar – isso porque em breve ela começaria a nos expulsar do meio das pedras.

Num lançamento de pouco mais de 20 m, já recolhendo a linha, vi minha vara envergar completamente, fazendo a carretilha cantar feito louca e o backing quase que esgotar-se rapidamente.

Procurei conter a corrida do peixe freando a carretilha com a palma da mão na borda do carretel; funcionou, mas por causa da alta velocidade do carretel, levei umas boas pancadas da manivela nos dedos, o que não me causou nada de grave, a não ser muita dor.

Comecei a recuperar preciosos metros de backing, mas, a cada 15 ou 20 metros de linha que eu recolhia o peixe tomava outros 30 e começava toda a briga novamente. Tive que deixar a vara constantemente tencionada, para não correr o risco de fazer a linha bambear e perder o exemplar, que tinha jeito de ser grande.

Percebi que o Marcão torcia muito para que eu não perdesse o peixe, pois, para ele, as cenas gravadas de um grande exemplar fisgado com tralha de fly seriam inéditas; mas a briga estava ficando longa demais e meu braço, bastante dolorido. Nesse momento, eu já tinha minhas dúvidas se iria conseguir tirar o peixe, especialmente porque estávamos pescando em um local com bastante pedra e, a qualquer momento, a linha poderia ser rompida com o atrito.

Além disso, a maré já estava engrossando, o que tornava arriscado ficar em cima das pedras. Mas ainda para o Marcão, que levava equipamentos de filmagem nas costas, e para o Edílson, que tinha a máquina fotográfica em mãos. O risco foi comprovado quando o Edílson caiu na água depois de uma onda e danificou sua câmera; pelo menos conseguimos recuperar as fotos e um vídeo com boa parte da briga com o peixe.

Depois de uma intensa batalha, o belo peixe pranchou e se revelou: tratava-se de um xaréu de pouco mais de 5 kg, que foi retirado da água bastante cansado e muito estressado. Talvez se eu tivesse usado uma carretilha com sistema de freio melhor, a briga não teria se estendido tanto, deixando-o menos cansado.

Tivemos que reainmá-lo durante um bom tempo até que ele voltasse para a água para dar seguimento a seu ciclo de vida.

Com a maré já cheia – e os pequenos acidentes de percurso – a pescaria infelizmente não poderia prosseguir. Ainda assim, deixamos a Ponta do Pirambu com a sensação do dever cumprido: capturamos excelentes imagens e realizamos uma pescaria inédita com o equipamento de fly em uma praia nordestina.

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