Transferidor de Iscas

O transferidor de iscas é um tubinho de aço usado para que vc possa amarrar sua isca confortavelmente e uniformemente usando o elastricot e depois transferi-la para o anzol. Sem ele, note que é quase impossível distribuir uniformemente o elastricot em volta do anzol.

Vendido pela “playway” em uma cartela com duas unidades se presta especialmente para pesca barra leve de campeonatos onde o anzol é muito pequeno.

Como iscar adequadamente um anzol deste tamanho ?

Vejamos a maneira correta:

1) Retire a cabeça do camarão e depois de descasca-lo corte a ponta do rabo conforme a figura abaixo. Ah, sim, por que devo cortar a ponta do
rabo ?
– R. Está provado, não me peçam para provar isso, que a ponta do rabo do camarão é a parte menos atrativa para o peixe e como nos campeonatos a eficiência tem de ser máxima, desprezamos esse pedaço.

2) Agora corte também o dorso do camarão retirando seu intestino pois os peixes também não apreciam essa parte. Ah mas isso já é demais ! Não importa o que vc pensa mas isso no fim faz diferença e a pesca de campeonato é feita de pequenas diferenças.

3) Abra o camarão em duas bandas conforme a figura abaixo:

Assim, com as duas bandas do camarão na mão, observe que sua estrutura interna é feita de pequenas nervuras.

4) Com a unha, separe uma das nervruras internas do camarão e fique sabendo que essa é a parte mais apreciada pelo peixe. Ah, sim, já vou respondendo a pergunta: Como vc sabe disso ?
– R. Jogue um camarão dentro de um aquario e observe qual a primeira parte que eles comem do camarão!

5) Observe na figura abaixo o tamanho da nervrura, melhor dizendo, o filé que vai ser colocado no anzol. Ah, agora vc quer uma lupa ?
– R. Tem não amiguinho, com mais de 40 anos use óculos de grau, rs…

6) Veja pois abaixo, o anzol devidamente iscado.

Bom, se vc pesca de carretilha o trabalho termina aqui. Ah, sim, e se vc pesca com molinete e tem de usar o elastricot para a isca não cair no arremesso ? Como voce vai colocar o elastricot num anzol tão pequeno ?
– R. Aqui entra o trabalho do tranferidor de isca.

Usando o transferidor

1) Pegue o filezinho do camarão sobre o tranferidor e passe tranquilamente o elastricot em volta dele. Fácil não ?

2) Coloque a ponta do anzol dentro do buraco do tranferidor conforme figura abaixo.

3) Agora transfira a isca para o anzol, veja  figura abaixo.

4) Pronto, vc iscou um anzol super pequeno e ainda por cima usou o elastricot para amarrar a isca . Veja a figura abaixo:

Ah, mais eu não curto essa história de campeonatos, acho um saco essas competições, para mim, isso não serve para nada!
– R. Calma, amigo, veja a coisa pelo outro angulo: Vc pode perfeitamete usar a mesma técnica para a PDP !
– Mas como ? Nem sequer existe tranferidor de isca para anzois grandes nem nada ! ?
– Bom, pode não existir para vender mas com um pouco da criatividade brasileira a gente resolve essa parada,  rs…

Existe uns tubos de aço inoxidavel usado pela ortodontia brasileira que se adaptam perfeitamente a nossos propósitos. Eles vêm numa cartela com 10 unidades e podem ser cortados ao meio  fazendo-se 20 transferidores. Assim, vc junta 20 amigos, manda buscar na fábrica uma cartela e divide os custos. Ah, quanto custa esses tubos, vai ver que são caros ? 
– R. Não, não são caros de forma alguma. Uma cartela custa em torno de R$ 15,00 que somado ao frete sedex não passa dos R$ 60,00, que tal ?
Veja abaixo a figura da cartela com o telefone da fabrica, heheheh
Resolvido o problema ?

Veja agora a sequência de fotos usando-se nosso “Transferidor Tabajara” puramente nordestino.

Enrolando o elastricot na banda inteira do camarão:

Colocando a ponta do anzol dentro do tubo:

Transferindo a isca para o anzol:

Isca transferida:

Anzol iscado:

Pronto ! Tudo pronto ! Anzol iscado adequadamente, com um camarão irresistível, pronto para qualquer peixe de praia. Agora é arremessar e ficar pulando na beira da praia como fez o Stump quando pegou seu primeiro pampo.

Abraços a todos,

Pareia e João Teimoso

A pescaria era um objetivo antigo, mas fora planejada às carreiras. Fomos acampar no rio Vermelho, no Pará, próximo a serra dos Carajás na Amazônia paraense. Tínhamos boas referências da piscosidade do rio, todavia, nenhuma indicação da estrutura para acampamento. Chegamos a Eldorado dos Carajás e em seguida, na companhia do Walter, morador local e acostumado a pescar na região e que se propôs a nos acompanhar na aventura, fomos para uma fazenda cortada pelo rio. No caminho, meio apreensivos perguntamos ao Walter se não tinha nenhum problema em pescar em terras alheias. Respondeu-nos que era amigo do proprietário e não tinha nenhuma restrição apesar de não saber exatamente o local que nos levaria para acampar. Depois de algum tempo, já na fazenda, conseguimos divisar ao longe um rancho aparentemente desocupado. Foi uma dádiva. Estava abandonado. Sua estrutura precária, mas aparentemente bem seguro na sua cobertura de palhas de palmeira. Para nós estava ótimo! Num rápido mutirão conseguimos fazer uma limpeza no rancho que estava servindo de abrigo para o gado, e descarregar a tralha toda. Acendemos o fogo e improvisamos algumas prateleiras e ganchos para redes e o local ficou perfeitamente adequado às nossas modestas exigências. Fizemos uma rápida merenda e fomos pescar.
 No dia seguinte de manhã, estávamos ainda no rancho preparando a nossa saída para o rio, quando recebemos a visita de Sr. Tavico e seu vaqueiro. Chegaram montados em dois burros baios ofegantes e inquietos. Apearam e entraram no rancho. O Walter nos apresentou ao proprietário da fazenda. Sem isso não seria possível diferenciar o fazendeiro do empregado. Estatura mediana, encorpado, cabelos grisalhos dos seus cinqüenta e tantos anos e semblante bonachão. Vestes rasgadas e um chapéu de abas largas e já bem surrado na cabeça, foi logo se enturmando. Moravam sós na sede da fazenda cuidando das criações e dos afazeres domésticos. Censurou-nos por não termos lhe procurado para indicar um local mais confortável para ficarmos, pois na fazenda tinha vários ranchos em melhores condições. Preferimos ficar ali mesmo. Alegre, fala rápida e quase ininterrupta, nos envolveu de tal forma que parecia nosso antigo conhecido. Alessandro, Juba e Guiga se entusiasmaram com a figura ímpar e começaram a especular sobre a piscosidade do rio Vermelho. Alertados que fomos pelo Walter, tínhamos levado umas garrafas de cachaça 51. Era a preferida deles e antes de nossa partida, fez questão de nos mostrar a sua torre ao ar livre, com mais de trezentas garrafas de cachaça vazias simetricamente empilhadas, que guardava como suvenires. Era o que ele chamava de estáuta, referindo-se ao que julgava ser parecido com uma estátua.
 Era ainda de manhã, mas o Guiga arriscou:
—Seu Tavico, não quer tomar uma 51 prá rebater o calor?
—Tu tá brincando! Tem aí a mardita?
—Temos!
 Incontinente, com os olhos brilhando, pegou o copo e serviu-se. Seu vaqueiro o seguiu numa dose generosa, deixando antes atirado ao canto, o gole do santo.
—Vixê! Essa é da boa!—passou o dorso da mão calejada pela boca enxugando os lábios, cuspiu do lado, ficando aparentemente mais animado, e prosseguiu:
—Pareia—é o pronome que usa para tratar todas as pessoas, sem nenhuma exceção, deixando claro que podíamos também, chamá-lo de Pareia—isso aqui tem peixe de toda marca!
 E aí discorreu sobre os espécimes e seus tamanhos. Revelou-nos a existência de uma lagoa, dentro de suas terras, que na época da monções entram centenas de peixes de várias espécies, incluindo o pirosca (pirarucu) que ficam aprisionados até o ano seguinte. Ele proíbe terminantemente a pesca predatória ou sem sua autorização. Quer preservá-la! Todavia, precisou colocar um vigia para assegurar que suas ordens fossem cumpridas.
—Pareia e aí, —prosseguiu ele —botei um vigia na lagoa pra arrepará os peixes, mas o infeliz começou a vender os piroscas e tive que mandá o cabra safado embora!
—Como é que ele fazia com os piroscas? —perguntou Alessandro enquanto ajeitava o fogo no chão.
—Pareia, o féla da mae deixava os pescadô pegá os pirosca de mais de cem quilos na rede, por dez ou vinte reaus.
 Não tendo alternativas para evitar a pesca desautorizada e predatória, ficou ele próprio mais o seu vaqueiro, revezando a vigilância. Mas era complicado. A lida com o gado durante o dia os deixava exaustos além do que, tinham que cuidar da própria bóia, e a noite os invasores aproveitavam à falha na segurança. Preocupado, não se fez de arrogado, acompanhado do vaqueiro, foi até a beira do lago, no local de melhor acesso onde era mais comum à presença de pescadores, e juntos, fizeram uns amontoados de terra, simulando umas sepulturas de cova rasa. A garrafa de cachaça e o copo ficaram sobre um tronco cortado que servia ao propósito de uma pequena mesa, desde o primeiro gole. Calmamente serviu-se de outra dose, estalou a língua e acrescentou:
—Essa tá descendo macio! —como se nunca tivesse tomado uma cachaça. O vaqueiro sempre o acompanhava.
—Pareia—continuou ele arrumando o chapéu de abas largas com a borda suada—como eu dizia, fizemos uns tumus (túmulos) de terra, bem ajeitado, com uma cruiz de madeira arrumadinha. Na boquinha da noite nóis fumo pra lá e acendemu umas velas encima das covas. Aquilo ficou bonito Pareia! De longe parecia um monte de zóio de jacaré encandeado, tudo alumiadinho!
 Ficaram de tocaia e aguardaram um pouco, torcendo para que naquela noite, os ladrões de peixes retornassem.
–Pareia não demorou muito, nóis escutamu uma zuada de gente, eram três safados chegando de mansinho. Quando estavam preparando as tarrafas, nóis chegamu de veiz.
—Tão dando uma pescadinha aí siô?—perguntou o fazendeiro abordando os invasores de forma intimidadora.
—É tamu tentando aqui—respondeu um deles assustado com o flagrante.
—E pediram prá quem?
—Pidimu prá ninguém naum sinhô! —falou aperreado o que parecia ser o chefe.
—Isso aqui tem dono, e é improibido entrá aqui prá pescá!
—Nóis num sabia naum sinhô!
 A conversa começava a ficar meio tensa e os pescadores clandestinos constrangidos, procuraram amenizar a situação. Tinham visto os tumus já na chegada, e um deles querendo desviar o assunto na tentativa de acalmar a situação, perguntou:
—É de cristão essas cóva aí siô?
—É sim sinhô! —respondeu de pronto o fazendeiro.
—E quem são os finados?
—João teimoso e Zé teimoso! —Pareai era dono da situação e tinha a resposta na ponta da língua.
—João teimoso e Zé teimoso?
—Sim sinhô!
—Nunca vimu falá! Cuma é que faleceram os finadu? Mode que? —arriscou o que estava com a tarrafa na mão.
—Di teimosia, di teimosia!—retrucou Pareia, batendo de leve com um facão no cano na bota, de forma intimidante.
—Andavam por aqui pescando e eu sempre aconceiando, aconceiando, dizendo que não podia pescá. Eram muito teimoso e óia aí o resultado. Acabaram desse jeito aí!—dando a entender que fora o autor da tragédia simulada.
 Os pescadores assustados com a revelação recolheram as redes e tarrafas botaram num saco fizeram um sinal da cruz e desapareceram pela mata.
—Nunca mais apareceram por aqui, Pareia! Foi um santo remédio!—completou ele sorridente.
Nós nos divertíamos à bessa com a narrativa do fazendeiro, com seu jeitão simplório e os trejeitos de caboclo acostumado à vida dura do campo. Durante todo o tempo não sentou um minuto sequer. A garrafa de argua ardente estava abaixo do meio, mas não demonstravam a mínima alteração. Tomaram a saideira e quando estavam retornando à lida do gado, o Alessandro o interpelou:
—Pareia, tem alguma água pra beber por aqui por perto?
—Tem e muita !—respondeu já sobre a montaria.
—Água boa? –insistiu o Alessandro.
—Pareia, deve sê das boas, pois o gado bébe todo o dia e véve gordo! Naun reclamam não!
 Caímos na risada!
Quando fomos nos certificar da qualidade da água no local indicado pelo Óta o vaqueiro, ficamos assustados. A água era estagnada, barrenta cor de chocolate, totalmente inadequada para consumo humano. Mas nos divertíamos muito lembrando da frase: O gado bébe e véve gordo!
 No outro dia de manhã fomos conhecer a lagoa não muito distante do rancho, na companhia do Pareia. Ficamos encantados! Absolutamente majestosa, com sua floresta ciliar, a fauna abundante e todo seu ecossistema totalmente preservado, diferente do cenário aterrador que tínhamos presenciado durante a viagem, com grandes áreas de queimadas e derrubadas criminosas. Para todo o lado que se olhasse, divisava-se ao longe, dezenas de aspirais fumacentas que denunciavam a devastação sem nenhum manejo ou controle ambiental. As serrarias se proliferam tanto quanto as carvoarias por toda a região. O pressionamos de forma enfática para manter a sua posição na preservação da área, principalmente quanto à pesca predatória. Sentimos que ficou entusiasmado com os elogios à sua postura. Lamentamos muito não termos armado acampamento ao lado da lagoa. Até tentamos viabilizar a mudança, contudo não estávamos preparados. Concordamos que nas próximas viagens à fazenda, ficaríamos arranchados na beira daquele paraíso.
 Nos dias que se seguiram, volta em meia os comentários focavam a lagoa do Pareia. Falou-se tanto que, na nossa despedia o fazendeiro estendeu o braço amistosamente sobre meus ombros e disse:
—Pareia, si vocês gostaram tanto dessa lagoa e estão tão preocupado com ela, vô dá ela prá vocês! E de paper passado!
—Isso é uma brincadeira Pareia?
—Ô seu Roberto, eu num sô homi de brincá cum coisa séria! Vai ficá aqui do jeitinho que tá. Só quem vai pescá aqui são vocês!
 Já voltamos à região dos Carajás por duas vezes e ficamos sempre acampados ao lado da lagoa que continua intacta, aparentemente exclusiva para nosso deleite. A única coisa lhe traz contrariedade e discordância, mas de forma não muito radical, é o fato de soltarmos a maioria dos peixes depois de fisgados. Mas aos poucos nos parece estar cedendo aos nossos argumentos. Afinal sempre que deseja comer um peixe na companhia do seu vaqueiro basta dar uma só tarrafada na lagoa.
—É Pareia pelo menos do jeito que vocês pescam us peixe naum vão acabá nunca!
 Teorizou corretamente numa de nossas prozas. 

Voltei ao Rio Iriri

Alô, pessoal!

Em 2006 tomei carona na pescaria de amigos paulistas que foram conhecer o Iriri. Apossei-me de suas narrativas e fotos e sonhei como se lá estivesse. Sabedor de seu retorno para 2007, desejei  participar da nova aventura, dessa vez de corpo e alma.

O universo conspirou a meu favor e de repente estava viabilizada minha presença.

Tudo acertado. Esperei pacientemente o dia chegar e saí de Natal no dia 27, indo de ônibus até Fortaleza, onde pegaria meu voo, marcado para o dia 28. Fiquei hospedado na casa de um velho amigo, dos idos de 1966, e que nesse espaço de tempo vi apenas por duas ou três vezes. Mas tempo e espaço são conceitos desconhecidos entre amigos.
Chegando em  Santarém pegamos uma Van que nos levaria ao hotel, pois só no dia seguinte iríamos  para o Iriri. No meio do caminho resolvemos dar um pulinho até Alter do Chão, lugar paradisíaco, com belas praias e quiosques preparados para atender os turistas de toda parte do mundo. Ótima desculpa para botar o papo em dia e aliviar o estresse do avião (no meu caso).

À noite comemos uma bela peixada no porto e fomos dormir.

Pela manhã seguimos para o aeroporto, onde embarcamos num confortável Cesna Caravan, monomotor, novinho em folha, com 500 horas de voo e que opera com a pousada, com capacidade para oito passageiro e espaço de folga para a tralha e bagagens.

A pousada fica à uma hora e meia de voo de Santarém, e após uma viagem tranquila finalmente pousamos.

Fomos recepcionados pelo Gugu e alguns guias, que se encarregaram de levar as bagagens e as tralhas para os chalés.

O esforço dos pescadores daqui para frente é só levantar os copos…

A área é completamente preservada, e o único desmatamento percebido é o local onde está a pousada e a pista de pouso.

A pousada foi concebida para estar num local totalmente virgem, onde a natureza permanece intocada como sempre foi. Para se ter uma ideia, a cidade mais próxima fica à uma hora de voo, e de Altamira até o local, por barcos regionais, a viagem dura de cinco a seis dias.

Passarela da pista de pouso até os chalés:

Chalés:

Vista na frente da pousada:

Pousada vista do rio:

Passarela dos chalés para o porto:

Porto:

Algumas das árvores nobres preservadas na pousada:

Complementando informações sobre a pousada, só é permitido matar peixe para consumo no local, o atendimento é profissional e sem reparos, comida excelente, quartos limpos e confortáveis, com banheiro privativo e água quente, para duas pessoas, ventilador movido a gerador, que funciona até ás 22;30hs, podendo ser prorrogado a pedidos, como para um joguinho de truco, por exemplo.

Mas vamos à pescaria, que é o que interessa.

Duplas e guias definidos, nossa primeira saída foi no dia 29. Chegamos pela manhã, e após o almoço fomos à luta. O rio estava muito baixo, e devido as dificuldades de navegação resolvemos ficar por perto, afinal era nosso primeiro contato. O rio é de uma beleza sem igual, e a estruturas que mais sobressaem são as pedras. Vejam algumas paisagens:

Pelas manhãs sempre tinha um pouco de bruma na superfície das águas, que ia se dissipando acompanhando a subida do sol

O igarapé da Bala fica atrás da pousada, e, como diz o Gugu, é uma das mais belas expressões da Amazônia. Na realidade não é um igarapé, mas sim um rio, estreito e cheio de pedras, que na vazante dificulta seu acesso, como escondendo seus tesouros, e que tesouros…

A temporada de pesca começa em junho e vai até meados de dezembro. Essa data é definida em função das chuvas na região.

De junho a julho reinam as matrinchãs, bicudas, cachorras e todos os peixes de couro.

De meados de julho a meados de novembro tomam conta do pedaço os tucunarés e os trairões, coadjuvados pelas outras espécies, em menor número, mas sempre presentes.

No final da temporada, de meados de novembro a meados de dezembro, volta ao ciclo inicial, com as matrinchãs, bicudas, cachorras, etc., assumindo maior espaço.

Basicamente não levei tralha de pesca, apenas minha velha Cronarch de guerra e um pequeno estojo de iscas, pois minha função primeira seria a gravação do programa, situação agravada com a ridícula taxa de cobrança pela Gol para o despacho de tubos de varas.

Usei uma vara emprestada, da Intergreen (é assim que se escreve?), de 10 a 20 libras, uma Cronarch com linha multifilamento de 30 libras, unida a um leader de 60 mm fluorcarbono por um nó Albright, além de um pedaço de aço de mais ou menos 8 cm de comprimento na ponta, por insistência dos guias, devido a dentição dos trairões.

As iscas que usei e detonei (não perdi nenhuma) foram, na ordem de preferência:

– Jumpin´Minnow (para todas as espécies)

– Zara Excalibur (para trairões, é fatal)

– Top Dog (para trairões, na falta das Zaras)

Apesar de não perder nenhuma isca, foram todas detonadas (quebradas ou furadas). Vejam como ficaram:

A João Pepino não quebrou nem furou, apenas perdeu a tinta

As Top Dog furaram, entrando água

As Zaras detonaram, uma perdeu o pitão traseiro e a outra foi quebrada pelo trairão

Esses são alguns dos tucunarés capturados pelo pessoal. O interessante é que a captura dos tucunarés é feita basicamente no rio iriri. Embora presentes (em menor quantidade), eles raramente se apresentam no igarapé da Bala.

Eu peguei um…

Esse é do Bala:

Na pescaria no Bala, nos poções, são muito utilizadas iscas tipo Gotcha, como JJ, Jigs, etc, além das próprias Gotchas, as melhores na opinião dos guias.

Apesar de nos dedicarmos pouco a esse tipo de pescaria e não ser a época apropriada para peixes de couro, saiu alguma variedade. Nesses poções, com isca de meia água, também é comum a captura de cachorras.

Corvinas

Jurupensém

Pintado

Pirarara (amostra)

Cachorras

Cachorra pulando fisgada

A nota desse tipo de pescaria ficou com o Barba. Pegou o maior armau que já vi em minha vida, com gotcha. Ficou uma discussão se era armau ou cuiú-cuiú, venceu a ala dos armaus. O interessante é que esse peixe tem a boca típica de quem se alimenta fuçando a lama, no fundo, não pega peixinhos, mas a gotcha pegou o peixe pela lateral.

Vejam:

Mandubé

Peixes capturados no Iriri:

Além da pescarias, a fauna da região também alegra os olhos, como o espetáculo de aves e até um poraquê que apareceu curioso perto do barco, além das inscrições rupestres encontradas num local remoto do rio.

Mas a grande aventura e chave de ouro foi mesmo a pescaria no Bala, onde, apesar das arraias, um bom banho nas corredeiras é possível com precaução, um almoço à sombra da floresta e os incríveis trairões que lá habitam, a par das dificuldades para alcançar os pesqueiros.

Bem, meus amigos, chegamos ao fim da jornada. Priorizamos as fotos, porque valem mais que palavras, e, se fossemos nos alongar em descrições de pescarias, isso certamente viraria um livro. Mas fica para a próxima. Como última lembrança, registro de parte do grupo, juntamente com o guia Roberto, criatura ímpar e prestativa, como todos os guias da Pousada iriri.

E acabou-se o que era doce…

Leia também a matéria: Sonhei com o rio Iriri

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