Museu da Pesca 206 – Pesca Oceânica 01

Outra modalidade de pesca que exploramos naquela época foi a pesca oceânica, mais uma vez assessorados pelo Dinho, nosso Guru. Já existia no Iate Clube de Natal uma estrutura de pesca oceânica, mas nossa ideia era popularizar a pratica com a utilização de barcos regionais, para minimizar os custos de uma operação desse porte, normalmente utilizando lanchas oceânicas. Foi nessa época que conhecemos o Gilberto Maia, com seu barco de mergulho adaptado para a pesca. O resto já comentamos em postagens anteriores, vamos ao que interessa.

Como a plataforma continental ficava (e continua ficando, graças a Deus) a 15 milhas da costa, aproximadamente, era bastante viável a utilização desse tipo de embarcação. Chamava-se Orion, com o comandante “Bolinha”, grande figura, que já está pescando nos “Campos do Senhor”.

Fizemos muitas pescarias sob o comando do Dinho, e foi quando aprendi alguma coisa, mas nunca foi minha praia.

O sistema adotado era o de corrico, usando como iscas naturais os farnangaios, preparados pelo Dinho, que também montou “Outriggers” na embarcação, à exemplo das lanchas oceânicas. Às vezes utilizávamos iscas artificias de meia água e de fundo, também corricando.

Com o barco Orion pescamos até em Fernando de Noronha, onde participamos de um campeonato de pesca oceânica de peixes de bico, onde tiramos um honroso quinto lugar num total de oito participantes, todos com lanchas oceânicas, menos nós, com o Orion, que viajou de Natal para Fernando de Noronha com o “Bolinha”, o Dinho, o capitão marítimo Roberto Brownie, e o Gilberto Maia, com um mar revolto e água na cara. O resto da equipe fugiu da raia e foi de avião. Foi uma festa, mas isso é outra história que fica para outra vez.

Nesse tipo de pescaria os peixes visados eram a albacora, a cavala wahoo e o dourado, além dos Sail-Fishes, mas esses só conseguimos captura-los em Fernando de Noronha. Por aqui ainda não praticávamos a pesca vertical, com JJ. Essa pratica estava se desenvolvendo nas águas do sudeste e ainda demoraria um pouco para chegar por aqui.

Todas as gravações eram feitas com equipamento S-VHS, e, em virtude disso, temos hoje poucas imagens que conseguiram ser salvas, embora algumas partes perderam um pouco as cores. Vamos a elas, mas antes me lembrei de um fato que aconteceu em uma de nossas pescarias.

Nosso intuito era desenvolver o esquema com turistas que nos visitavam, num mercado muito aquecido naquela época, começo dos anos 2000, principalmente turistas estrangeiros. Depois foi caindo, caindo, até que desistimos, como já contei antes em outra postagem.

Tinha uma agencia em Ponta Negra especializada em atender escandinavos, e o Gilberto, através de sua agencia de turismo, tinha programado uma saída para pesca oceânica para mostrar a estrutura. Eu seria o responsável por registrar o programa, que seria usado posteriormente pela agencia para divulgação entre os turistas que visitassem a capital

Saímos de manhã cedo do Iate Clube de Natal em direção ao mar azul.

Além da tripulação iam o Gilberto, o Carlos Blatt, e eu. Representando a agencia, a dona e seu gerente. A dona era da Escandinávia, mas entendia razoavelmente o português. Seu gerente era potiguar mas dominava o idioma deles.

O mar por aqui é coisa séria, em função dos ventos, e não tínhamos passado meia hora da saída da barra quando uma onda mais forte desequilibrou o pessoal. Nada muito sério, apenas o Gilberto, que estava explicando ao pessoal da agencia como seria a pescaria, mostrando uma das iscas artificiais a ser usada, uma Big Game reforçada, desequilibrou-se e caiu. Quando levantou estava algemado, uma garatéia da isca estava presa em uma mão e outra garatéia na outra mão. Cômico, se não fosse trágico. As garatéias estavam profundamente enterradas e eram grandes e reforçadas, não houve outro remédio a não ser retornar imediatamente ao porto e seguir para o hospital mais próximo. Essa tarefa ficou a cargo do Blatt e só sossegamos quando ele nos ligou dizendo que estava tudo bem, tinham tirado as algemas do prisioneiro.

Quanto à agencia, entenderam o ocorrido mas nunca mais marcaram outra saída. Não devem ter ficado bem impressionados.

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Sobre o autor

Marco Antônio Guerreiro Ferreira

 
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