Museu da Pesca 18 – Pantanal
Minhas pescarias no Pantanal começaram na década de 70. A primeira que fiz com registro de imagens (filmes ou vídeos) foi numa chalana que saía de Salobra e viajava até a desembocadura dos rios Aquidauana com o Miranda, onde o barco apoitava num barranco ajeitado e as pescarias começavam a partir dali, em barcos de alumínio. Já tinha pescado antes nos rios Coxim e Taquari, mas em Hotel.
A viagem foi feita de carros até o Hotel Beira Rio, na cidade de Miranda, que era o proprietário da chalana e quem organizava tudo. Descobri esse esquema numa matéria de jornal. Não me lembro qual nem quem assinava, só sei que foi assim, parodiando João Grilo.
O esquema comportava 8 pescadores, mas só tinha dois barcos de alumínio com motor de popa. Assim, saía um guia com três pessoas em cada barco, ficando dois pescadores no acampamento (barcão) esperando sua vez. A cada período (manhã e tarde) fazíamos o revezamento, e ficavam dois barranqueando. Mas foi maravilhoso, porque foi a primeira e única vez que pesquei com meu pai. Pegamos basicamente pacus, mas valeu a pena.
O esquema era bem rústico, foi o primeiro do gênero no Pantanal. Dormíamos todos juntos em camas de campanha, sem quartos, com o motor da chalana no centro do barco, que desligava quando parava, não tinha ar condicionado. Mas mesmo assim dormíamos maravilhosamente bem. Foi o primeiro esquema de naves mãe no Pantanal, nem sonhávamos como iria evoluir esse tipo de programa. As refeições eram servidas no colo, sem mesas nem cadeiras. Mas foi MARAVILHOSO!
Apesar de demorada, a viagem de Salobra até o Aquidauana foi fantástica, observando a fauna e a flora. Muito jacaré, capivara e até cervos, além das aves, um zoológico a céu aberto. Foi nessa viagem que vi o maior cardume de corimbas subindo o rio, quilômetros sem fim, mal dava para navegar. Numa das cenas, quando a voadeira em que eu estava voltava ao acampamento, um dourado pulou por cima do barco à minha frente. Se prestarem atenção, verão.
Fomos considerados a turma mais atrapalhada que já tinha pescado por aquelas bandas, todos principiantes no esquema.
A tripulação era composta por um cozinheiro, o índio Zózimo, o piloto do barcão, que não me lembro o nome, e mais dois ajudantes, o Geraldo e o Luizinho. Desses quatro, tornei a pescar várias vezes com o Luizinho, inclusive nas gravações dos vídeos VHS “Dourado” e “Pesca Esportiva no Pantanal”.
Ainda não tinha filmadora, essas imagens foram gravadas pelo Sr. Gabriel, tio de minha mulher e fiel companheiro em nossas aventuras de pesca pelo Pantanal dali por diante.
A primeira coisa que fiz quando voltei a São Paulo foi comprar uma filmadora Super 8mm e um projetor, numa rua ao lado do Mappin e especializada em comercializar equipamentos eletrônicos. Acho que o nome da rua era Xavier de Toledo, mas não tenho certeza, a memória velha anda falhando. A partir daí não parei mais.
Desculpem a qualidade das imagens, mas viajo no tempo lembrando essas coisas e gosto de compartilhar com o pessoal daquela geração essas memórias.