Museu da Pesca 15 – Arraial do Cabo
Aproveitando o clima de nostalgia ao recordar antigas aventuras, lembrei-me das pescarias de dourado do mar feitas em Arraial do Cabo, início dos anos 80.
Devo ao Ismar minha iniciação nas águas azuis. Como já contei, conheci o Ismar no balcão da loja Gonçalves Armas, e logo era um dos meus companheiros nas pescarias com iscas artificiais. Ele, sem dúvida, estava na minha frente, e entre uma pescaria e outra na cachoeira do França, ficava ouvindo ele falar das maravilhas que era pescar no mar aberto, no litoral do Rio de Janeiro, mais precisamente em Arraial do Cabo.
De tanto ouvir suas histórias, comecei a me entusiasmar e a me programar para acompanhá-lo em sua próxima viagem.
As saídas para as pescarias eram efetuadas no Porto do Forno e na Praia dos Anjos, em embarcações tipo baleeiras.
O nosso guia era o pescador Humberto, velho conhecido do Ismar.
Nos meses de verão a corrente do Brasil se aproxima de Arraial do Cabo, trazendo junto um dos mais belos e valentes guerreiro do mar, o “dourado” (Coryphaena Hippurus). Além de saboroso é um grande lutador, com muita resistência. Quando menos se espera, ao se errar o passaguá ou bicheiro para embarcá-lo, sai em disparada novamente, traçando uma reta perfeita na superfície da água, levando embora toda a linha que o pescador pacientemente recolheu, recomeçando tudo novamente. São muito fortes e velozes.
Costumam circundar o barco depois de fisgados, chegando às vezes a completar 360° em seu passeio, traçando uma circunferência perfeita. Briga no fundo, à meia-água, na superfície, de todas as maneiras, dando saltos espetaculares sem se entregar. Atende todas as expectativas de um pescador esportivo.
Na Praia dos Anjos há duas saídas para o alto mar. A mais usada é pelo Boqueirão, situado entre a Ilha de Cabo Frio (Ilha do Farol) e o continente (Pontal do Atalaia), e a outra saída é pela Ponta Leste.
Saindo-se pelo Boqueirão, vira-se à esquerda em direção à Ponta do Focinho, onde está localizado o farol. Da Ponta do Focinho até a Ponta Leste temos sempre um mar bastante “picado”, batendo de frente nas rochas, em função dos ventos e das correntes.
Se você vai pescar com iscas naturais e ainda não as providenciou, aí é o lugar. Basta soltar um “penacho” no corrico e esperar a ferrada de um bonito, normalmente na faixa de 1 a 3 quilos. Isso se as enchovas não estiverem por ali. Se estiverem, será uma festa!
Estávamos no início dos anos 80, o conceito de “pesque e solte” era ainda incipiente. Não julguem essas imagens com os valores de hoje.
É um retrato de nossa caminhada através do tempo. Para minha própria satisfação, vou dividir as imagens em 4 partes, para não ficar muito cansativo, pois as imagens foram feitas com filmes “Super 8 mm”, ainda não existia VHS na época, e foram feitas para consumo próprio e para os amigos, motivo pelo qual estou compartilhando agora. Vamos à primeira parte: