Arquivo da ‘Museu da Pesca’ Categoria
Museu da Pesca 07 – Matrinchã parte 02
Continuamos nossa aventura pelo rio Arinos. Memórias da pescaria, dormida nos barrancos, e principalmente o nome dos participantes. Como esquecer também a alegria do Quico ao amanhecer, brindando a vida e o dia que nascia coadjuvado pelo “Cria Cuervos”? Confesso que nunca fui muito apreciador de tequila, mas nunca deixaria um amigo festejar sozinho.
A expedição contou com três barcos. O da diretoria era pilotado pelo Maurão, e os pescadores Quico e Padilha. No segundo barco iam o Leonardo e o Mario, respectivamente filho e irmão do Zé. No terceiro barco, pilotado pelo Alcides (irmão do Mauro), ia toda a tralha necessária para a viagem, como mantimentos, gasolina, etc, além do simpático cinegrafista que vos fala, que mudava frequentemente de barco para tomadas diferentes.
Dois barcos eram equipados com motor de popa, e o do Leonardo só remo. Qualquer deslocamento maior que fazíamos era rebocado pelo Alcides. Durante a pescaria, todos os barcos desciam ao sabor da correnteza.
Dos participantes, os amigos Quico e Mario já não estão entre nós. Que descansem em paz e essas imagens sejam um tributo a eles.
Museu da Pesca 06 – Matrinchã parte 01
Esse foi meu primeiro vídeo com selo próprio. O Mario continuou com a “Master Câmera” e eu abri a “Réia Produtora e Distribuidora de Vídeos ME”, porque na época era necessário obter um selo da Secretaria de Cultura autorizando a comercialização de vídeos, inclusive em locadoras. Sem esse selo, o vídeo era considerado pirata.
Esse vídeo foi “Matrinchã”, lançado também em 1991. Foi assim:
Estava eu um dia proseando na loja do Quico quando apareceu o Padilha. Eu ainda não o conhecia bem, mas entre pescadores essa barreira logo é superada. Conversa vai, conversa vem, e o papo girou em torno da pescaria do tucunaré e da matrinchã. Segundo o Quico e o Padilha, a matrinchã vencia a parada. Eu, como não conhecia esse peixe, fiquei só escutando, mas me interessei bastante pelo assunto. Resultado, começou aí os planos para fazermos um vídeo sobre a espécie.
Naquela época a matrinchã era peixe pouco conhecido pela maioria dos pescadores amadores, só tempos depois tornou-se popular, com sua introdução em “Pesque e Pagues”, mas até então só por fotos ou vídeos.
As gravações foram realizadas na Fazenda Matrinchã, localizada entre os rios Arinos e Claro, no Mato Grosso, bacia Amazônica. O Claro é afluente do Arinos.
Era uma região, na época, sem pesca predatória. Hoje não sei como está.
Na primeira etapa da pescaria descemos o Rio Arinos por quatro dias, rodando e pescando no pincho, e dormindo à noite em redes armadas na floresta, nas barrancas do rio, até montar acampamento definitivo perto da embocadura dos rios Marape e Alegre (também conhecido por Parecis), onde ficamos por dois dias.
Na segunda etapa pescamos no Rio Claro, já instalados na Fazenda Matrinchã, um belíssimo rio de águas claras e límpidas, sendo necessário ter um bom guia e alguma experiência no arremesso de iscas artificiais, pois o barco descia na rodada rapidamente e os pontos passavam muito depressa, e a precisão dos pinchos fazia a diferença.
Nossa primeira viagem para o Arinos foi em julho de 1991 e em setembro do mesmo ano voltamos para completar as gravações.
Voltei algumas vezes para aquele paraíso, mas em 1993 voltei com o Paulo Cesar Domingues para gravar o “ABC do Fly”. Mas isso é outra história que fica para outra vez…
Esse foi meu primeiro vídeo independente. Entretanto, só foi possível realiza-lo graças ao Padilha. Se não fosse seu apoio poderia ter parado antes disso. Devo muito a ele. Foi um vídeo que me deu grande prazer realizá-lo, e espero voltar a pescar em suas águas algum dia.
O lançamento desse vídeo foi realizado no restaurante “Hangar Grill”, na Chácara Flora, com a presença inclusive da imprensa. A produção e organização do evento foi obra do Padilha.
São muitas as imagens, e não quero perder nenhuma. Para não ficar enfadonho, vou postar em 05 partes. Aqui vai a primeira:
Museu da Pesca 05 – Rondônia 1991 parte 02
O rio Pau Cerne foi, com certeza, um dos mais belos que já vi (acho que já falei isso, e, pelo jeito, ainda vou falar várias vezes…)
Fica na margem esquerda do rio Guaporé, do lado Boliviano, e, para entrar, pagava-se uma pequena taxa ao guarda que morava com sua família, logo acima da entrada.
Não durou muito tempo e logo proibiram. Tempo depois ficou impossível entrar. Numa das minhas últimas viagens para lá, o rio Guaporé era fiscalizado por embarcações possantes e armadas até os dentes, por militares americanos. Cheguei a ser parado uma vez. Ao que me consta, era devido o tráfego de drogas.
Depois de ter lido a reportagem na Aruanã, virou prioridade conhecer o “Vale das Jatuaranas”. O Ismar, o Conrado, e os mergulhadores, tinham voltado para São Paulo, e o Morgado e o Moreira só chegariam uns dois dias depois. Tinha que ser agora!
Soube anteriormente pelo Toninho (Antonio Lopes) que a vigem foi sem problemas, e levaram duas horas do Cabanas do Guaporé até a cachoeira. Era época de cheia e não havia obstáculos pelo caminho.
Não me lembro a época de nossa viagem, mas com certeza não era na cheia. Levamos para chegar na cachoeira bem mais tempo, 4 horas ou mais. Rio lindíssimo, mas cheio de tranqueiras a cada curva. Hora troncos atravessando o rio, hora rasuras, hora galhadas bloqueando o caminho, atenção a toda prova.
Estávamos levando cinco colchões e seus respectivos mosquiteiros. Afinal passaríamos uma noite no mato. Gasolina extra, mantimentos, água, tudo necessário para nosso acampamento. Um grande panelão já ia até “os beiço” com arroz pronto misturado com algo que não me lembro, uma espécie de risoto.
Foi uma aventura maravilhosa, que descrevi minuciosamente em meus rascunhos e não cabe aqui.
Nesse vídeo vocês verão uma pequena parte dessa viagem, e as cenas onde aparece um acampamento com redes e o Morgado junto refere-se a outra tentativa que fizemos em outra viagem, mas na seca, garantidamente, e com aviso de que não chegaríamos lá. Fomos assim mesmo, e após seis horas de viagem não tínhamos percorrido nem um quarto do caminho. Desistimos e passamos a noite no mato, e no outro dia voltamos pescando tucunarés com isca viva, e cachorras na “Baía da Jaguaras”. Foi uma delícia e fiz par com o Morgado na pescaria.
A cenas nesse vídeo estão misturadas, sem ordem cronológica, apenas quis mostrar algumas das pescarias que fizemos.
A história completa dessa e outras aventuras em breve contarei aos amigos. Por enquanto fiquem com essas cenas, e qualquer dúvida sobre as imagens, é só perguntar que terei prazer em esclarecer.