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Museu da Pesca 19 – Pantanal Cabexy

Logo após a viagem de chalana no Miranda, tive conhecimento da inauguração do primeiro “Barco-Hotel” do Pantanal em Corumbá, o Cabexy, de propriedade da agencia de turismo “Pantanal Tours”, do saudoso Orozimbo, grande defensor do Pantanal.

Não inauguramos o Cabexy, mas tivemos a honra de conhece-lo no ano de sua inauguração, 1978 ou 1979.

Mais uma vez saímos em caravana de carros de São Paulo com destino a Corumbá, e mais uma vez a capacidade do programa era para 8 pescadores. Mas a organização era outra, e cada barco de pesca comportava um guia e dois pescadores, serviço completo. O Cabexy atendia com conforto tripulantes e passageiros.

O diferencial para mim agora era que eu levava minha câmera Super 8mm, novinha e ainda aprendendo, mas filmando o que eu queria e errando por conta própria. O tio Gabriel levava a sua, e também o Pedro Josino tinha uma, deu “febre” de filmagem. O Pedrão trabalhava na Ericsson e sua voz e risada parecia um ribombar de trovões na tempestade. Grande amigo, que fez a viagem muito cedo.

Nessa pescaria havia um brinde para quem pegasse o maior peixe. Nos minutos finais da prorrogação, no último dia, quando já brindávamos à Baco, chega o Everaldo Varela, amigo da Ericsson, com um belo jaú, que ganhou fácil a competição. Não me lembro o peso, mas o tamanho era quase o mesmo do pescador.

Em termos de peixes, foi a melhor pescaria que fizemos no Pantanal. Não tínhamos noções de preservação nem controle da quantidade pescada, o que caía na rede era peixe. Na hora de voltar para SP vimos que a quantidade de peixes que deixamos excedia em muito a quantidade da cota que levamos. Obedecemos a cota e o resto era motivo de orgulho.

Fiz outra pescaria no Cabexy tempos depois, já com o barco reformado e dentro das exigências atuais, como ar condicionado, etc. Até hoje o Pantanal conta com excelentes barcos-hotel. Não sei se o Cabexy opera ainda hoje, já faz muitos anos que o Orozimbo faleceu. Espero que continue atuante.

Saudades dos amigos que participaram dessa aventura…

Museu da Pesca 18 – Pantanal

Minhas pescarias no Pantanal começaram na década de 70. A primeira que fiz com registro de imagens (filmes ou vídeos) foi numa chalana que saía de Salobra e viajava até a desembocadura dos rios Aquidauana com o Miranda, onde o barco apoitava num barranco ajeitado e as pescarias começavam a partir dali, em barcos de alumínio. Já tinha pescado antes nos rios Coxim e Taquari, mas em Hotel.

A viagem foi feita de carros até o Hotel Beira Rio, na cidade de Miranda, que era o proprietário da chalana e quem organizava tudo. Descobri esse esquema numa matéria de jornal. Não me lembro qual nem quem assinava, só sei que foi assim, parodiando João Grilo.

O esquema comportava 8 pescadores, mas só tinha dois barcos de alumínio com motor de popa. Assim, saía um guia com três pessoas em cada barco, ficando dois pescadores no acampamento (barcão) esperando sua vez. A cada período (manhã e tarde) fazíamos o revezamento, e ficavam dois barranqueando. Mas foi maravilhoso, porque foi a primeira e única vez que pesquei com meu pai. Pegamos basicamente pacus, mas valeu a pena.

O esquema era bem rústico, foi o primeiro do gênero no Pantanal. Dormíamos todos juntos em camas de campanha, sem quartos, com o motor da chalana no centro do barco, que desligava quando parava, não tinha ar condicionado. Mas mesmo assim dormíamos maravilhosamente bem. Foi o primeiro esquema de naves mãe no Pantanal, nem sonhávamos como iria evoluir esse tipo de programa. As refeições eram servidas no colo, sem mesas nem cadeiras. Mas foi MARAVILHOSO!

Apesar de demorada, a viagem de Salobra até o Aquidauana foi fantástica, observando a fauna e a flora. Muito jacaré, capivara e até cervos, além das aves, um zoológico a céu aberto. Foi nessa viagem que vi o maior cardume de corimbas subindo o rio, quilômetros sem fim, mal dava para navegar. Numa das cenas, quando a voadeira em que eu estava voltava ao acampamento, um dourado pulou por cima do barco à minha frente. Se prestarem atenção, verão.

Fomos considerados a turma mais atrapalhada que já tinha pescado por aquelas bandas, todos principiantes no esquema.

A tripulação era composta por um cozinheiro, o índio Zózimo, o piloto do barcão, que não me lembro o nome, e mais dois ajudantes, o Geraldo e o Luizinho. Desses quatro, tornei a pescar várias vezes com o Luizinho, inclusive nas gravações dos vídeos VHS “Dourado” e “Pesca Esportiva no Pantanal”.

Ainda não tinha filmadora, essas imagens foram gravadas pelo Sr. Gabriel, tio de minha mulher e fiel companheiro em nossas aventuras de pesca pelo Pantanal dali por diante.

A primeira coisa que fiz quando voltei a São Paulo foi comprar uma filmadora Super 8mm e um projetor, numa rua ao lado do Mappin e especializada em comercializar equipamentos eletrônicos. Acho que o nome da rua era Xavier de Toledo, mas não tenho certeza, a memória velha anda falhando. A partir daí não parei mais.

Desculpem a qualidade das imagens, mas viajo no tempo lembrando essas coisas e gosto de compartilhar com o pessoal daquela geração essas memórias.

Museu da pesca 17 – Arraial do Cabo 03

Em uma de minhas pescarias em Arraial, já na água azul, vi uma vez um barco ao longe brigando com um grande peixe, que dava pulos espetaculares ao seu redor. O Humberto explicou que era um anequim, o mais rápido dos tubarões, e o único que pulava fora d`água quando fisgado. Acabamos marcando uma pescaria do Mako (anequim), com outros pescadores conhecidos do Humberto.

Nessa temporada meu filho tinha 10 anos e tinha participado de algumas pescarias conosco. No dia anterior à pescaria do tubarão, bem longe da costa, estávamos corricando quando ouvimos um estrondo atrás do barco. Olhamos assustados e só vimos a espuma e o turbilhão, ocasionado por algo muito grande caindo na água. Era uma baleia, que em seguida passou ao lado do barco, uns 20 metros, mostrando sua corcova e emitindo sons que mais pareciam um lamento. Continuou seu caminho e logo desapareceu à distância, nos brindando com seu canto. Talvez fosse uma despedida ou um cumprimento, sei lá…

Meu filho, que estava voltado para a popa, viu tudo e achou muito legal. Eu, pelo contrário, fiquei bastante amedrontado, tanto que no dia seguinte, pescaria do tubarão, resolvi não levar ele no barco. Até hoje ele não me perdoou…

O Marquinho era meio franzino e quando pescava um dourado eu ou um dos amigos o segurava pela cintura, com medo dele ser arrastado pelo peixe para a água. Ele adorava.

Nessas imagens temos lembranças da pescaria do Mako e também de pescaria de bonitos e enchovas na “Ponta do Focinho”, são flashes apenas. A pescaria do Mako e de outras espécies está mais detalhada e explicada em meu livro, aqui o espaço é pequeno para isso.

Essa é a parte final das imagens gravadas com filmes em Super 8 mm.

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