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Recifes do Nordeste

Por Victor Cedro*

Segundo Aurélio Buarque de Holanda, um recife ou arrecife é um “rochedo ou série de rochedos à flor da água, nas proximidades das costas”. No nordeste brasileiro geralmente ocorrem dois tipos básicos formação os recifes de arenito e os de coral.

O primeiro tipo, o arenítico, nada mais é do que uma antiga praia fossilizada, cujas partículas se cimentam devido à ação da água marinha, sol e ácidos provenientes do húmus do solo, o que faz com que eles ocorram próximos a foz de rios e lagunas. Também existem corais, mas a composição básica desses recifes consiste em areia e fragmentos de conchas e algas calcárias. A forma geral é a de uma barreira, geralmente paralela a linha de praia, como no caso da famosa praia de Boa Viagem, no Recife. Em termos de pesca, são muito apreciados para a modalidade de arremesso, quer seja no lado exposto ao mar ou no canal que o separa da praia. Durante a noite o canal interior, de separação com a praia, costuma ser freqüentado por espécies de peixes esportivos, como Camurins, Camurupins, e Caranhas, além outros tipos de peixes passagem, que usam o canal como acesso ao estuário mais próximo, de acordo com o ciclo da maré. Durante o dia, o lado exposto ao mar costuma ser o mais rico em espécies esportivas.

Recife de arenito em Barra de São Miguel, litoral central de Alagoas

A outra formação encontrado com frequencia em nossa costa é o recife de coral. Ele é composto basicamente pelo esqueleto calcário de certos animais coloniais ou solitários do grupo dos Cnidários, o mesmo das águas-vivas e flores-das-pedras. Possuem forma irregular, circular ou de barreira, com ou sem um canal/laguna que os separe das praias. Os atóis, cabeços ou parceis geralmente são recifes de coral. Formam um substrato que serve de fixação e abrigo para diversas espécies de peixes esportivos, como Camurins, Camurupins, Xaréus, Arraias, Vermelhos, Pampos,  e.t.c.

Foto: A. G. A. Borba Jr.
Foto: A. G. A. Borba Jr.

Recife de Coral no Litoral Urbano de Maceió. Notem que não há uma separação clara entre o recife e a praia

Fatos interessantes sobre os ecossistemas recifais:
– Águas tropicais, como as do nordeste brasileiro seriam pobres em peixes e outros animais, se não fosse pelos recifes de coral e arenito. Nordeste brasileiro sem peixes, difícil de acreditar não é?
– A diversidade em alguns recifes chega a ser superior à das florestas tropicais, esses ecossistemas estão entre os mais importantes e os mais ameaçados do mundo!
– Eles formam uma barreira natural, que protege a linha de costa contra a força do mar, algumas décadas atrás foram dinamitados para uso na agricultura e construção civil, favorecendo continuamente a erosão das praias em diversos locais.
– A maiores ameaças aos recifes de coral são: o aquecimento global, o lançamento excessivo de sedimentos e aditivos em estuários, que sufocam os recifes de coral, além das práticas predatórias humanas.
– A grande barreira de coral australiana possui cerca de 2300 km de extensão, sendo a maior do mundo.

Foto: A. G. A. Borba Jr.

Recife de Coral da Ponta do Prego, litoral norte de Maceió, um recife com separação em relação à praia

* Victor Cedro é Biólogo e Mestrando em Diversidade Biológica e Conservação nos trópicos

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