Por que Tucunaré?

Outro dia, passando os olhos por um velho dicionário enciclopédico ilustrado, de 1977, casualmente me deparei com o termo sugestão subliminar.

Instantaneamente voltei à minha juventude, no Rio de Janeiro, quando, por conta do calor, ficávamos até altas horas na calçada batendo papo e esperando o sono chegar. Bons tempos em que a violência era coisa de cinema… Existia, é claro, mas tinha outra dimensão…

Pois bem, lembro-me de uma noite em que a conversa girava em torno da capacidade de manipulação da vontade, com a utilização de métodos misteriosos. Todos davam sua opinião, sem qualquer base mais sólida, por ouvir falar… Um dos exemplos era a grande descoberta que haviam feito do porquê do sucesso da Coca-Cola, descoberta essa censurada  e proibida.

O que o pessoal da propaganda fazia? Incluía nos filmes um quadro com a imagem do refrigerante, que passava despercebido pelo espectador, mas inconscientemente a mensagem era enviada e armazenada no cérebro. Fatalmente antes do fim do filme a pessoa estava com vontade de tomar Coca-Cola sem saber o motivo. Esse era o teor de nossas conversas de garotos em uma daquelas noites…

Voltando ao dicionário mencionado, fizemos algumas anotações sobre o assunto:

Sugestão – Processo pelo qual o indivíduo perde sua faculdade de crítica, aceitando, dessa forma, idéias ou ordens que podem ser contrárias às suas próprias convicções conscientes.

A sugestão coletiva é um dos principais recursos da propaganda, em função da qual muitas pessoas podem ser influenciadas para dar preferência a determinado produto.

A propaganda emprega também a sugestão subliminar, na qual os estímulos são tão breves ou fracos que são registrados apenas pelo inconsciente, influenciando, depois, o consciente.

Esse, sem dúvida, é  o porquê da paixão mundial pelo Tucunaré! Não é que o malandro está nos programando subliminarmente? Afinal, como ele conseguiu superar em fama o rei da água doce, o Dourado? Como e por que preferimos a pesca do tucunaré? É bem verdade que seu ataque é inigualável numa isca de superfície, sendo sempre uma surpresa a cada ocasião, mas é peixe de fôlego curto em comparação com outras espécies.

Na verdade na maioria dos ataques (na superfície) não conseguimos ver o peixe, apenas o estardalhaço das águas, mas se conseguirmos isolar as imagens quadro a quadro, descobriremos o tucunaré como um ninja camuflado nas sombras, dando seu golpe e sumindo,  com a presa já abatida. É o exemplo perfeito do que seja sugestão subliminar, pois na hora da pesca, ao vivo, raramente iremos vê-lo na hora do ataque, só o efeito de sua ação, mas os estímulos que nos presenteia são tão breves e rápidos, que são registrados apenas pelo inconsciente, indo depois se manifestar no consciente, fazendo com que sempre estejamos ávidos pelas emoções de sua pesca. Bem, e se isso não o convencer, esqueça a teoria e veja: Não é isso que o faz paixão nacional?

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Sobre o autor

Marco Antônio Guerreiro Ferreira

 
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