O turismo e a pesca esportiva no Rio Grande do Norte
O Rio Grande do Norte ainda não despertou para uma nova modalidade de turismo que vem crescendo em algumas regiões do Brasil, mas que em muitos países das Américas como: Estados Unidos, Costa Rica, Argentina, Chile ou Venezuela já é uma realidade. Esses países já aboliram a prática da pesca comercial e predatória, pois viram que os peixes (muitos deles bastante esportivos) valeriam muito mais vivos, servindo a pescadores dispostos a gastar algumas centenas de dólares para fisgá-los alugando barcos apropriados e contratando guias especializados do que os míseros tostões que eles valem numa banca de feira ou supermercado.
Ao lado e ilustrando a abertura da matéria, o Tucunaré é um dos vários peixes de interesse para os pescadores esportivos. De olho nesse mercado, empresários tem contribuído para a preservação ambiental, gerado empregos mais rentáveis às populações locais de várias regiões e obtido crescente retorno de seus investimentos no turismo voltado à pesca esportiva!
No Brasil, um bom exemplo de que este mercado pode dar certo, está na Amazônia, onde vários empresários do setor turístico montaram toda estrutura necessária para atender turistas pescadores do Brasil ou de fora que queiram travar belas lutas com uns de nossos melhores peixes para pesca esportiva, o Tucunaré, que na Amazônia pode atingir até mais de 12 quilos. Muitos pescadores que antes matavam esses peixes para vender nas feiras e o ganho na venda do peixe muitas vezes não era satisfatório, viram que trabalhar como guia de pesca para esses empreendimentos do ramo de turismo lhe rendiam muito mais dividendos e hoje, em muitos rios da Amazônia, a pesca profissional é totalmente proibida, sendo permitido apenas a pesca artesanal de subsistência ou a pesca esportiva onde não é permitido levar peixe. Atualmente a qualidade de vida das famílias dos guias que trabalham com pesca esportiva é bem superior do que no tempo que eles trabalhavam como pescadores profissionais. No Rio Grande do Norte já começou uma pequena mobilização a favor do turismo de pesca. Em Tibáu do Sul, por exemplo, alguns hotéis já oferecem a seus hóspedes a pesca esportiva como uma de suas atividades aos turistas (na grande maioria estrangeiros) dispostos a pagar uma boa quantia para fisgar o Camurupim, um dos peixes mais esportivos do mundo que pode atingir até 150 quilos e “ainda” bastante abundante em nossa costa.
Em nossa sociedade, moldou-se o cenário geográfico gerando o nascimento de cidades litorâneas em função da economia pesqueira. Surgiram os núcleos pesqueiros. Como em regiões do Norte do país, comunidades agruparam-se em função dos afluentes de rios.
Exemplo da muitas espécies que podemos explorar no turismo voltado à pesca esportiva: o Pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo (cresce até três metros de comprimento e pesa quase 250 kg). No estado do Pará obteve-se incentivos para sua preservação e crescimento. Como mostra a foto no alto, também crescem os investimentos em confortáveis barcos-hotéis.
São contratados serviços de guias que um dia foram pescadores profissionais e que hoje faturam bem mais apenas para levar os turistas para pescar. Cidades do interior banhadas por grandes barragens como: Armando Ribeiro Gonçalvez, Trairi, Santa Cruz do Apodi, etc, ou lagoas como a do Extremoz, poderiam também seguir o exemplo de Tibaú do Sul e atrair “turistas pescadores” para pescar outro peixe também bastante esportivo do Brasil, o Tucunaré, que hoje, povoam todas as grandes barragens do Estado. Porém, em pouco tempo, a pesca esportiva poderá se tornar uma atividade inviável devido à intensa pesca predatória que acontece em praticamente todos os cursos d’água existentes no Estado. Está na hora das autoridades ligadas ao turismo a ao meio ambiente abrirem os olhos para esse grande filão que a pesca esportiva poderá se tornar a exemplo de vários países que faturam milhões de dólares ao ano com essa atividade.
Alexandre Cardoso