Em busca dos grandes Tucunarés

Neste último final de semana estive no sertão da Paraíba, mas precisamente em Patos, na companhia do amigo Aníbal. O objetivo da viagem era pegar os grandes bocudos amarelos, e para tanto tínhamos 2 barragens em vista, São Gonçalo, município de Souza , cerca de 130Km de Patos, e outra no município de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, aproximadamente 50Km de Patos, seguindo por estradas de barro.
Nosso plano ficou estabelecido da seguinte forma, sábado iriamos para barragem de São Gonçalo, onde faríamos uma pescaria de barranco pelas várias ilhas pedregosas que existem no local, e no domingo iriamos para a outra, fazer uma pescaria 100% embarcado.

Barragem de São Gonçalo (Sábado)

É chegado o dia e a expectativa de conhecer um lugar novo tomava conta de mim, Aníbal já tinha pescado no local outras 3 vezes, e sempre pegando bons Tucunas, tendo conseguido exemplares acima de 4 Kg.
A barragem é de uma beleza indiscutível, apresenta algumas ilhas na sua extensão, e como pode ser visto nas fotos, a formação predominante é de pedras, rochas por todos os lugares, oferecendo abrigo para muitos peixes, principalmente os nossos amigos predadores.
Chegamos ao local por volta das 9:00, montamos o barco inflável que levamos para servir de locomoção para as ilhas, onde faríamos a pesca de barranco, preparamos nossas varas e iscas, e seguimos para nosso primeiro objetivo, a ilha da Pedra Furada (nome que criei agora mesmo)
O local oferecia locais de arremesso praticamente toda sua extensão, através do óculos polarizado, podia-se ver muitas pedras submersas, e justamente esses locais foram os escolhidos para os primeiros arremessos. A cada recolhida da carretilha, sentia-se o pulsar acelerado do coração preparado para fortes emoções.

Um após o outro os arremessos foram sendo executados, mas para nossa tristeza nem sinal de qualquer peixe, até os pequenos, que sempre aparecem, davam sinal de vida. Mudamos de ilha e as energias renovadas pois o novo local prometia emoções, as estruturas eram excelentes, com certeza grandes amarelos se escondiam por perto. Seguimos em sentidos opostos, eu fui para direita enquanto Aníbal seguia pela esquerda. Eu ficava pensando que tinha escolhido o lado errado, e Aníbal também pensava a mesma coisa, após cerca de uma hora de tentativas frustradas, voltamos ao ponto onde tínhamos deixado o bote inflável. Ambos nos queixávamos da falta de ação, “nem se quer vi algum alevino de peixe”, dizia Aníbal.
E ficou nisso mesmo, ainda fomos em outra ilha menor, onde pude ter duas ações de peixes de tamanho médio 500g, e Aníbal pegou 2 pequenos exemplares de Tucunaré Paca. É notório que nosso amigo Aníbal tem uma jinga com vara no trabalho da isca que à torna quase irresistível aos peixes. E ficou nisso, voltamos cedo para Patos onde podemos descansar um pouco e tomar uma boa cerveja gelada e saborear uns Tucunas fritos, que estavam na geladeira esperando o momento de mergulhar na barragem de óleo fervente.

Antes de irmos embora, resolvi tirar essas duas fotos, que mostram ao fundo duas das ilhas que visitamos. Na foto acima a ilha esta no lado esquerdo, e na foto abaixo esta logo por traz da minha cabeça.

Nossa teoria sobre a ausencia dos peixes diz que quando o tempo fica um pouco frio ou chuvoso os peixes somem devido a temperatura da água que fica um pouco gelada. Já tivemos experiência de pescar em dias mais quentes e a produtividade foi excelente.
Minha conclusão foi que o local é muito propício a pesca esportiva, apenas estavamos no local certo e no dia errado, pois existem relatos de captura exemplares de 7Kg, e o prório Anibal já pegou com 5Kg.

Barragem São João do Sabugí (Domingo)

Agora nos restava apenas o domingo, teríamos mais uma aventura, fazer um reconhecimento da barragem de São João do Sabugí, para Aníbal já conhecida, mas iriamos explorar alguns novos pontos.
Chegamos no local por volta das 9:00, e para nossa surpresa estava ventando, e tinha chovido no dia anterior, ou seja risco eminente de não aparecer nenhum peixe, e foi quase isso que aconteceu.
Fomos direto a umas estruturar rochosas, com muitas arvores secas nos arredores, o lugar é de dar medo, pois é típico habitat dos grandes bocões, e certamente naquele local eles teriam um grande vantagem, as estruturas. Um arremesso após o outro e nem sinal de peixes, o vento nos empurrava para cima das pedras e demais estruturas, dificultando o domínio do barco, após uns 30 mim de tentativas frustradas, resolvemos atracar numa pequena ilha de pedra, e tentar fisgar alguns Piaus enquanto ventava. Para nossa surpresa não conseguimos fisgar nenhum se quer, apenas algumas carreiras e mais nada. A barragem estava parecendo o mar, muitas ondulações.
Mesmo na situação adversa, resolvemos continuar nossa busca pelos Tucunas, Aníbal resolveu ir em direção a uma área de pedras onde a água fica mais abrigada do vento, e quando chegamos no local, estava aquele espelho, muitas pedras submersas e pequenas arvores secas, e vegetação nas margens. Pensei comigo mesmo “agora vai”, Aníbal fez um arremesso longo em paralelo a umas estruturas de pedras, e de repente um ataque, e era peixe bom, tomou linha, fez barulho, e por fim deu sua cara, era uma boa Traíra, deveria ter aproximadamente uns 2,5 Kg. Mesmo não sendo um bom amarelo, fizemos festa pois era o primeiro peixe do dia, e claro que eu aproveitei para tirar aquela foto.

Alguns minutos após esse belo troféu, eu tive minha primeira ação, que emoção, o ataque foi numa isca de superfície de 10cm, e adivinhem que peixe foi, uma sardinha, isso mesmo um piabão daqueles. Demos algumas risadas e continuamos. Em seguida outra surpresa, um Piau na isca artificial, por essa ninguém esperava, até o experiente Aníbal nunca tinha visto acontecer isso. Continuávamos meio desapontados, pois nosso grande objetivo ainda não tinha se quer dado as caras.

Depois dessas ações mudamos de local, e fomos para outro setor próximo, onde teríamos excelentes locais de arremesso, muita estrutura, pedras, e uma ilha formada de pedras e com bastante vegetação ao redor. Finalmente eles começaram aparecer, embora pequenos, mas já era um bom sinal, os grandes estariam por perto. Só conseguimos embarcar o primeiro Tucuna após a fuga de 3 outros, pense numa dificuldade. Nos afastamos um pouco da ilha, em direção a margem, onde existe algumas pedras e muita vegetação de capim, foi nesse local que apareceu o primeiro bom peixe, e que logo escapou da grateia. Parecia comédia, mas era incrível como os peixes conseguiam sarfa-se dos anzóis, pareciam treinados.

Com muita dificuldade os grandes foram sendo capturados, todos com cerca de 1,5 kg à 2 kg , e uma e outra sardinha também vinha nos anzóis. No final foi um total de uns 10 bons peixes, quantidade baixa para a piscosidade do local.
A tarde chegava e com ela a promessa de um belíssimo por do sol, típico do nosso sertão. Estávamos tendo alguns problemas de funcionamento do motor elétrico, que já avisava que estava ficando cansado, então achamos por bem tomarmos o rumo de volta, que era uma distância bem razoável. E como se não fosse suficiente os problemas de falta de condição para a pesca, o motor travou, e ficou utilizando apenas a macha ré, e para melhorar a situação voltou a ventar forte contra nossa embarcação, pense numa remada sem fim, creio que remamos durante uma hora sem parar, porque qualquer pausa o vento empurrava de volta. Mas enfim conseguimos voltar sem grandes avarias, apenas a do motor elétrico.
No fim das contas não podemos dizer que não foi um bom dia de pesca, apesar dos problemas. Pesca esportiva não é só o ato de fisgar o peixe, mas sim um conjunto de fatores, amizade, contemplação da natureza, fotografia, momentos de silêncio extremo e por fim a dádiva que é o peixe. Para encerrar um dia como esses, nada como um belo por do sol, e a promessa que dias melhores estão por vir.

Espero que essa narração tenha sido suficiente para expressar esses dois dias de pesca em companhia do amigo Aníbal. Abaixo segue as demais fotos, todos tiradas no domingo.

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