Junior Santos

CRIME - Pescadores massacram arraia de quase uma tonelada em Ponta Negra
10/01/2008 - Tribuna do Norte
Horas de agonia, um desfecho trágico e nenhum culpado. Sob o olhar curioso de turistas que passaram o dia ontem na orla de Ponta Negra, uma arraia Jamanta fêmea de quase uma tonelada - medindo dois metros de comprimento por 3,5 metro de largura -, foi caçada sem trégua por três barcos de pescadores no começo da manhã e, apesar do socorro da Polícia Ambiental, que só chegou ao local no começo da tarde, terminou morta nas areias da praia exibindo as marcas de um crime ambiental.
Com a calda decepada, um arpão cravado no dorso, uma das nadadeiras exibindo corte profundo e um dos olhos perfurados, a espécie em extinção, procedente de águas distantes, caiu possivelmente na rede de pescadores, que passaram a arpoá-la afim de retirá-la das águas. Essa versão foi fornecida pelo subtenente Marcelo Félix, da Polícia Ambiental, que chegou a deter um homem que nadava perto da arraia munido de arpão e nadadeiras. Mas ele reconhece que muitos pescadores estão envolvidos na morte do peixe catalogado entre as 400 espécies de tubarões e arraias do planeta.
Para o subtenente Félix, que comandou oito homens na tentativa de proteger a arraia, “os pescadores tentaram içar o peixe e quando viram que ele pesava demais começaram a massacrá-lo para evitar sua fuga”.
Ontem, às 15:30, quando a arraia já estava morta na areia, cercada por uma pequena multidão de curiosos, a preocupação era saber o que fazer com o peixe.
Depois de telefonar para a sua colega do Ibama, Mauricélia Brito, o biólogo Douglas Brandão, do Aquário de Natal, conseguiu que uma lancha da Marinha rebocasse a arraia para alto mar. “Se os pescadores retalhassem o peixe íamos ter uma centena de pescadores amanhã por aqui tentando pegar outras arraias”, disse ele. “Nesse caso, é preferível que ela sirva de alimento para outras espécies do mar”, afirmou o biólogo.
O italiano Luigi Prencipe, acompanhou o cerco a arraia que, segundo ele, aconteceu durante boa parte do dia. “Não entendo porque a polícia só chegou depois”.