Achei muito oportuno para o Pesca-NE e importante o desabafo, quem desejar ler na fonte é só clicar aqui: [url=http://www.pescaki.com/index.php?showtopic=3977]Recebí esse comentário por e.mail[/url]
Abaixo segue a íntegra do desabafo do Luiz Neto:
"Caros senhores,
Sou pescador esportivo e leitor assíduo de diversas publicações do gênero.
Nos últimos anos, é notória a conscientização dos pescadores com relação à necessidade da preservação da natureza, principalmente no que diz respeito aos rios e mares, sua flora e fauna.
Na última edição da Revista Pesca Esportiva, alternei um momento de felicidade para outro de profunda tristeza.
A felicidade se deu durante a leitura da reportagem de Roald Andretta intitulada 'O Retorno dos Gigantes'. Nela o autor não só exalta os resultados da proteção à espécie, como dá o exemplo de preservação, fornecendo inclusive instruções para a liberação mais segura possível do peixe.
A tristeza veio logo a seguir com o relato do 'ator e poeta' Antonio Calloni a respeito do seu 'Primeiro e Único Marlin'. Tal relato, que culmina com o abate de uma maravilha da natureza, apesar de não ser ilegal pela nossa legislação é no mínimo imoral nos dias de hoje, sendo agravado pela publicação por um veículo de tamanha credibilidade intitulado Pesca Esportiva. Torna – se ainda mais triste por ser relatado por uma pessoa pública que certamente goza de influência junto aos leitores.
As fotos com o peixe abatido no barco e em seguida pendurado, certamente já fazem parte dos piores momentos da história desta revista.
Não servem como atenuantes, possíveis detalhes da pescaria que por ventura tenham impedido a liberação do peixe. Mesmo que alguma coisa nesse sentido tenha acontecido, não justifica a publicação do fato pelo veículo de comunicação.
Tampouco a tentativa do dito 'poeta' de fazer um relato inspirado em Ernest Hemingway suavizou tamanha covardia contra o Senhor dos Mares, impiedosamente sacrificado para ser em seguida emoldurado em uma foto de revista.
Os tempos são outros, e o velho Santiago que emocionou várias gerações de leitores pescava como um meio de subsistência, utilizando métodos em que a batalha entre o homem e o peixe se tornava muito mais equilibrada.
Quem na verdade leu e se emocionou com o livro, certamente percebeu que ao final da longa batalha, o pescador Santiago se arrependeu de ter sacrificado o seu oponente, demonstrando por ele afeto e respeito.
Espero que o acontecido sirva para despertar cada vez mais o sentimento de preservação dos colegas pescadores e dos meios de comunicação, que devem sempre se preocupar em fazer o seu papel e dar o bom exemplo.
Já existem vários com essa mentalidade e que vêm fazendo um excelente papel junto à mídia e aos pescadores em geral. Que continuem com o seu trabalho!
Esperando que este desabafo seja lido, repassado e respondido,
Luiz Neto"