Abaixo segue o relato de uma pescaria que me lembrou um pouco quando pesquei com o Auricélio em Barra do Cunhaú, espero que gostem!
Tive uma semana de pausa e aproveitei para viajar para o Caribe Mexicano com minha esposa. O bom desse destino é que reune tudo que eu e ela estávamos procurando, ou seja, boas praias, povo latino, boa comida, conteúdo histórico e, é claro, um pouco de pescaria porque ninguém é de ferro. De pesca mesmo foram somente 2 dias, do total de 6 dias de viagem. Queria agradecer ao Caio, amigo nosso do fórum, que me passou as dicas para pescar em Isla Blanca, próximo à Cancun, e me indicara também Cozumel, mas este último não deu para eu ir pois eu queria explorar a região ao sul de Tulum, próximo à Boca Paila, onde se pesca dentro da reserva ambiental de Sian Ka’an. O lugar é um dos mais bonitos em que já tive o privilégio de pescar e quem quiser mais detalhes sobre acesso e tal não exite em me perguntar.
Em Isla Blanca tive 2 encontros com Tarpons, o primeiro numa área mais aberta, com peixes provavelmente em torno de 20 kgs e o outro dentro dos manguezais, onde a pesca é muito técnica. Não tive ação deles, pois em ambos os casos arremessei muito em cima e acabei assustando-os. Culpo além da minha incompetência, o vento, um dos únicos inimigos para a pesca de mosca da região.
O local é um paraíso de Robalos. Nos flats você vê muitos, mas pegá-los já é mais complicado. Todos que peguei foram no visual, num estilo de pescaria de Robalo que eu nunca havia feito, parecido com a pesca de bonefish, onde o guia entra nos flats com o motor desligado e vai te ajudando a visualizar o peixe. Vi um Robalo na faixa de cinco quilos seguir minha isca, mas me afobei e tirei o fly da boca do bicho. Na região também tem umas canaletas de mangue que me lembrou a pescaria que eu e Serginho fizemos com Auricélio em Barra do Cunhaú, porém aqui é ainda mais razo e cristalino, pois trata-se de ilhotas de mangue. Outro peixe abundante, que chega a atrapalhar a pescaria, são as bicudas, que por vezes levam seu fly embora. Não embarquei nenhuma grande, por isso não bati foto. Durante essa época do ano (inverno), não há pescaria de Bones e Permit em Isla Blanca, só muito ocasionalmente, mas o guia me disse que em Maio a coisa fica melhor.
No caminho para Isla Blanca

O guia Manoelito. Não deixa ele ficar de preguiça não, pede pra ele entrar logo nos mangues debaixo das galhadas rsrsr


Sai o primeiro Robalinho, que é também o primeiro peixe da minha nova Sage VT2 #6, uma briguinha muito gostosa!

Deu pra brincar com umas barracudinhas no #6 também

Depois partimos pros Flats! Ao fundo vê-se a Isla Blanca

E larga o braço no oitão!

Pois aqui é área dos maiores!

E sai o meu troféu do dia!


Depois desse peixe a pescaria complicou bastante com o aumento do vento, mas pra mim o dia já tava ganho. Achei os guias Mexicanos um pouco apressados para ir embora, mas são bastante prestativos e não posso reclamar do serviço, apenas quero ressaltar que precisam de comando. Isso me aconteceu em ambos os casos.
O bom dessa pescaria em Isla Blanca é que os guias incluem o transfer do hotel para o marina em Cancun, portanto muito conveniente para quem está se hospedando por lá com a família e quer dar uma escapada para pescar um pouco. Existe opções para meio dia de pesca, mas se a intenção for pescar no surf não aconselho essa região, pois é muito turístico e agitado, e a maioria dos pontos de acesso à praia são cercados por hotéis. Não era minha intenção de fato, pois estava com a Lia, e morrendo de saudades de ficar na praia sem fazer nada!

Depois fomos para Tulum. Escolhi esse destino impressionado com a beleza das fotos das ruínas na beira da praia. O Parque Arqueológico é realmente lindo, mas é bem agitado devido ao número de tours que recebe por dia, portanto se a intenção for pegar praia, aconselho uma região que tem ao Sul do parque, onde podes escolher um dos clubes, entrar e estacionar seu carro de graça e descansar o resto do dia na sombra comendo as delícias da cozinha Mexicana.
Ruínas em Tulum




Nessa região é possível pescar no surf, mas eu só tentei por uma horinha no fim da tarde e desisti, pois não sabia se valia muito à pena, foi quando notei um velhinho pescando nas pedras com isca viva e pensei, não é pra Corcoroca que ele tá usando isso srsrsrsr.
Depois disso fomos pra região onde eu iria realizar minha segunda pescaria próximo à Boca Paila. Os lodges que eu havia pesquisado eram todos muito caros, com padrão de preço americano, portanto resolvi escolher uma opção alternativa, que se saiu melhor do que a encomenda. O lugar é simplesmente fantástico, e o melhor, barato. Enquanto uma diária nos outros Lodges variavam de $ 250, 00 à $300, 00, nesse local, eu paguei apenas $75, 00. Isso se deve ao fato de não haver luz elétrica e seu quarto se tratar de tendas montadas debaixo de Cabanas com teto de palha (estilo ocas indígenas). Porém há um restaurante com energia elétrica que abre as 7h e fica até as 21h. Uma espécie de camping com toda infra estrutura. Os únicos 2 pontos que eu não gostei foi o banho ser de água salobra e o fato deles não te deixarem pescar vadeando na lagoa da reserva, somente na praia. Mas conversando com um local descobri que na ponte de Boca Paila você pode acessar os Flats e pescar Bones por lá, na boca do Rio é lugar famoso de Robalão também, mas eu vou deixar pra fazer isso na próxima vez, pois dessa vez eu estava um tanto preguiçoso e queria guardar cartucho para o dia seguinte rsrsrsrs



Na manhã seguinte, eu acordei bem cedo ansioso, pois a imagem daqueles flats visto lá de cima são hipnóticos. O guia chegou às 7h30 como combinado, embora eu quisesse que fosse um pouco mais cedo, pois eu levantei às 5h30 rsrsrs. Esse guia era visivelmente mais experiente, o que se convertia num certo orgulho que me incomodara um pouco, mas o cara era bom, fato. De manhã tentamos alguns Bones, e eu que nunca havia pego um, estava muito ansioso. O peixinho é mais difícil do que eu pensava, demorei a pegar a mão. Pra falar a verdade cheguei ao ponto de pedir pro cara esquecer essa tortura que é tentar pescar bones, pois eles seguiam a isca, por vezes até mordiam, mas eu não estava conseguindo fisgar um sequer. Tive umas 15 oportunidades, até descobrir que talvez o problema fosse meu tippet, pois só peguei quando mudei de mono 12lbs para fluor 3x (8lbs), o mesmo que uso para Steelhead. Vamos as fotos…
O orgulhoso guia Cosme, mas o cabra é bão rsrsrsrs

Os flats de bones, tortura pura rsrsrs

No meio da pesca de Bones o guia me alerta para um cardume de 3 flechas cruzando as raízes de mangue, passo a mão no oitão e consigo arremessar a isca bem no destino deles: não dá outra, flecha na linha!

Depois voltamos pros bones, pois agora havia virado uma questão de honra. E depois de muito insistir, pego meu primeiro Bone Fish, no equipo #6, o bichinho é bom de briga pro seu tamanho!

Gostei da coisa e falo pro guia que devemos insistir mais nos bones, e assim o fizemos, consigo engatr um maior que me dá uma boa corrida e escapa do anzol e o guia me fala que não fisguei corretamente, pois o fizera com a vara e não com a linha, o pior é que eu acho que ele estava certo rsrsrsrs.
No meio da pescaria de bones, avisto um vulto redondo no raseiro e penso se tratar de um Permit, mas na verdade era um baita dum Xaréu Amarelo. Que briga boa no #6 esse bicho rendeu, meu medo era estourar o tippet 3x que havia colocado para os bones. Ele chegou a cortar meu dedo quando disparou e eu tentei segurar no backing. A carretilhazinha de água doce quase pegou fogo rsrsrs


Bom, depois disso nada de mais impressionante aconteceu, foram as bicudas boatex que cortaram meu leader fluor de 30 lbs, uns paquequinhos que fiquei brincando no popper, até o momento que um pensamento negativo me veio a cabeça: de que a pescaria poderia ter sido melhor. Isso me fez refletir uma questão que há muito venho notando em mim e acredito que em todos pescadores esportivos – que a natureza da pescaria esportiva está intrinsicamente ligada a natureza insaciável do homem, de que queremos sempre mais, sem nos perguntar se o que já temos já não é suficiente. Minha única vontade era de desistir de voltar pra Canadá e ficar ali pra sempre, só para poder admirar, por quantas vezes fosse possível, a beleza daquele local sagrado.



