Piranhas ameaçam ecossistema

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Piranhas ameaçam ecossistema

Postagem Número:#1/5  Mensagempor Chrony Joseph » 13/09/2010 - 23:50:13

Fonte: Diário do Nordeste

Aves aquáticas estão desaparecendo do Açude Castanhão, ameaçadas pelas ferozes piranhas que vivem no local

Jaguaribe. O mundão de água acumulada no maior açude do Ceará reserva mais do que água e esperança no combate à seca, um inimigo aparentemente inofensivo, como apenas um elemento da biodiversidade, mas que tem causado desequilíbrio ambiental: as piranhas. Esse peixe feroz tem se proliferado nas águas doces do Castanhão e afastado centenas de aves que nadavam na superfície da água do reservatório. Comunidades reclamam que as aves sumiram, e até mesmo a pesca de outros peixes com redes em canoa está comprometida. Até mesmo o gado tem evitado entrar na água, território dos pequenos nadadores carnívoros.

Os açudes no Nordeste, principalmente nos Estados de Ceará e Maranhão, já são conhecidos por serem "visitados" pela espécie Pygocentrus Piraya, a popular piranha, que juntamente com as pirambebas formam os peixes de água doce predadores ou indesejáveis mais perigosos. Esse tipo de peixe raramente é incluído pelo homem nos açudes, justamente por sua natureza de atacar os outros peixes, dificultar a pesca e colocar em risco a vida de outros animais, inclusive o homem, que participam do ecossistema.

Fazendeiro com terras muito próximas às áreas alagadas pelo Castanhão, o aposentado José Távora relembra o tempo em que os pássaros seguiam religiosamente no mesmo horário em revoada de um pequeno açude a outro. "Era uma cantoria só, hoje ninguém consegue mais ver nos lugares de sempre", lamenta. Com a cheia do Açude Castanhão, consolidando os espaços do reservatório principalmente nos últimos cinco anos, os pescadores começaram a registrar com maior frequência a presença de piranhas, enquanto faziam a pesca de peixes como curimatã. Com seus dentes afiados, a piranha não dá moleza. Corta a linha de polietileno das redes de pesca, e até mesmo do anzol, quando não vira o predador dos outros peixes procurados pelo homem.

As aves que têm a água doce como habitat parcial também estão sumindo do entorno do Açude Castanhão. Marrecos, patos e mesmo a galinha d´água, que habita todo o continente americano - nada a procura de insetos aquáticos, larvas e moluscos - já se transformam em figuras cada vez mais raras na região, que compreende alguns municípios localizados no Vale do Jaguaribe.

"Hoje não se ouve um ´pio´, as piranhas não deixam. Até um camaleão que entrar na água, em pouco tempo, pode ser devorado", afirma José Távora, de 74 anos, e que sempre morou nas proximidades de onde hoje chegam as águas do reservatório. Se não é a ausência de pássaros, quando levam suas canoas para a água para pescar curimatã ou tucunaré (peixe que atrai pescadores de subsistência e esportivos de vários Estados brasileiros), a reclamação do pescador é com as piranhas cortando a linha do anzol ou a rede de pesca.

Para o geógrafo Sergiano Araújo, pode estar havendo um desequilíbrio ambiental, e a própria pesca predatória realizada no Castanhão poderia acentuar o problema da proliferação de piranhas. E, para um açude com as gigantes dimensões do Castanhão, a situação se complica, embora as piranhas costumem atacar mais em pequenos açudes, onde comida se encontra em menos abundância. "O problema é uma soma de fatores, inclusive o movimento de barcos e de pessoas naquelas imediações acabam afastando espécies nativas. As piranhas chegam ao açude por meio dos vários efluentes que desembocam no reservatório em tempo de enchentes, e boa parte das piranhas podem vir de lagoas e pequenos açudes", explica.

Especialistas recomendam a erradicação das espécies indesejáveis primeiro pela bacia hidrográfica, eliminando as espécies de peixes existentes nos poços, bebedouros e cacimbas e que permanecem no leito dos rios, e a erradicação segue na bacia hidráulica, sempre que se vai barrar um boqueirão para formar um reservatório.

A espécie mais vista no Castanhão é a Pygocentrus Piraya, a piranha verdadeira. Muito feroz, pode chegar a 60cm de comprimento. A borda de cada dente corta como uma navalha, permitindo, assim, que a carne da presa seja cortada em pequenos pedaços. Tem também a Pygocentrus Nattereri, a piranha vermelha, que alcança 30 centímetros e é muito comum nos açudes do Nordeste.

Saiba mais

Piranha Vermelha: Características: peixe de escamas bastante apreciado, principalmente para fazer o famoso caldo de piranha, considerado afrodisíaco. Corpo romboide e comprimido, focinho curto, arredondado, mandíbula saliente e dentes afiados. Entre todas as piranhas é a que possui o focinho mais rombudo. Coloração cinza no dorso e avermelhada no ventre e na região inferior da cabeça. Nadadeiras peitoral, ventral e anal alaranjadas. Alcança 30 cm de comprimento total.

Habitat: a piranha vermelha pode viver em rios, lagos e lagoas de águas barrentas.

Ocorrência: o peixe pode ser encontrado em bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins, Prata, São Francisco e açudes do Nordeste.

Hábitos: vive em cardumes pequenos ou até com mais de 100 indivíduos. Sensível à falta de oxigênio.

Alimentação: piscívora

Ameaças: poluição e destruição do habitat.

MAIS INFORMAÇÕES
Açude Público Castanhão. Rodovia BR-116, Km 253, município de Alto Santo (CE).
( 88 ) 3411.2999

NECESSIDADE

Equilíbrio na cadeia alimentar

Jaguaribe. A diversidade de espécies de peixes é vista como saudável pelos especialistas no assunto, desde que haja recursos naturais para suprir a demanda, bem como o equilíbrio na cadeia alimentar.

Espécies carnívoras mais indesejáveis, as piranhas são evitadas de diversas formas nas represas. No Estado do Ceará, são encontradas em alguns açudes a estrutura do tipo escama-peixes, muitas vezes situados nos sangradouros dos açudes e em outros canais de fuga.

Em linhas gerais, os escama-peixes são construções para represamento da água no terreno imediatamente a jusante (parte mais baixa para onde segue o curso d´água). Ou seja, já na parte baixa, um pequeno obstáculo dificulta a travessia de peixes, como a piranha. Esses peixes têm atrapalhado a pesca artesanal, mas não a produção de tilápia em cativeiro, cujos tanques-redes em que estão submersos os peixes são de material que as piranhas não conseguem cortar.

Represamento

O represamento de água no início da jusante constitui foco de peixes como a piranha preta. Pode ser encontrado o escama-peixe no Açude Cajazeiras, no Município de Orós, para impedir o acesso de pirambeba e piranha preta (Serrasalmus Rhombeus). O mesmo acontece no Açude Orós, no Município homônimo. Outros são encontrados no canal de fuga do sangradouro do açude público "Sobral", Município homônimo, e no Açude Riacho dos Cavalos (Catolé do Rocha, Paraíba).

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Postagem Número:#2/5  Mensagempor Fernando Rego » 14/09/2010 - 16:20:21

Como determinadas espécies são capazes de causar tanto desequilibrio!
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Postagem Número:#3/5  Mensagempor Ferreiro_AL » 14/09/2010 - 20:49:18

Espécie exótica da bacia, dá nisso. O CELMM aqui em Alagoas está infestado de ''Pirambembas'', que atacam a rede e os pescadores.
Quebra aê, quebra aê, olha ASA aê!
O ASA chegou, o ASA bombou!
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Postagem Número:#4/5  Mensagempor Nilton Mattos » 15/09/2010 - 17:08:03

Ouvi falar que na década de 70, o governo introduziu o tucunaré nos açudes/represas do Nordeste para conter a proliferação de piranhas. Não sei se é verdade. Talvez a pesca predatória do tucuna tenha diminuido sua população e as piranhas voltaram a reinar...
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Postagem Número:#5/5  Mensagempor Alexandre Cardoso » 18/09/2010 - 14:46:11

É verdade Nilton, na barragem do Assu aqui no estado foi introduzido o Tucunaré pelo DNOCS, e foi feito o mesmo no castanhão, porém, a pesca predatória do Tucunaré que é intensa por lá, vem contribuindo para a proliferação da Piranha.

Pior que a introdução de espécies exóticas nesses cursos dágua, é a construção de barragens, porém segundo alguns, necessária para o progresso da nação.

Outro fato na construção da barragem Armando Ribeiro em Assu, no início dos anos 80 foi a idéia de introduzir espécies "importantes para pesca comercial e para matar a fome da população ribeirinha". No qual o DNOCS introduziu Pescada, Tucunaré (para combater a piranha), Tilápia, Apaiari e experimantalmente o Pirarucu (espécie já dizimada pela pesca predatória) com o argumento de só existirem naquele novo curso dágua, lambari, traíra e curimatã, espécies poucos importantes comercialmente.
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