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A pesca nas pedras no Rio Grande do Norte
O Rio Grande do Norte apresenta uma costa com grande potencial para a pratica da pesca esportiva, além de ter na pesca de praia sua maior vocação. Quando falamos em pesca de praia, estamos nos referindo à pesca desembarcada, com os pés na areia ou nas pedras. Um amigo meu do Rio de Janeiro, em passagem pelo nordeste, foi convidado a pescar na Paraíba. Lá chegando, encontrou uma praia cheia de pedras, e foi logo dizendo que aquilo não era pesca de praia. Também não era de costão, mas eu não soube como definir.
Em toda a extensão de seu litoral, aproximadamente 381 km, as espécies encontradas são praticamente as mesmas, com maior ou menor incidência por espécie, dependendo da região. São mais de 53 praias, abrangendo desde Tibau (norte) até Sagi (divisa com a Paraíba), no sul.
Pouco explorada, a região norte (a partir de Natal) apresenta praias belíssimas e selvagens, que certamente merecem uma exploração detalhada, escondendo sem dúvida agradáveis surpresas.
Já o litoral sul, não menos belo, porém mais urbanizado, apresenta maiores facilidades para a pesca amadora, além de já ter uma grande gama de pontos mapeados.
Praias como Búzios, Tabatinga, Camurupim, Barreta, Malembar e Tibau do Sul, além de Barra do Cunhaú e Sagi, já na divisa com a Paraíba, são bem conhecidas e freqüentadas por todos os pescadores do estado.
Nessas praias as vedetes são o tarpon (camurupim), o xaréu, a ubarana, o robalo (camorim) e o tibiro (guaivira ou salteira), além dos peixes comuns de beira de praia. Todos eles podem ser pescados com os pés no chão, nos paredões rochosos que formam cinturões de pedras acompanhando as praias, responsáveis pelas piscinas naturais formadas pelo movimento de subida e descida das marés, locais seguros para o banho de mar dos turistas e bons até para um pincho ocasional, para o lado do mar aberto. O xaréu e o robalo estão presentes o ano todo, o restante mais no verão, de outubro a março.
Se essas pescarias fossem realizadas a bordo de embarcações, arremessando em direção às pedras e dos cabeços submersos, com certeza seriam bem mais produtivas, mas infelizmente não existem para aluguel lanchas adaptadas para essa prática, a exemplo do que acontece na região sudeste do país. Devido essa dificuldade é que a maioria das pescarias são feitas mesmo com os pés na areia.
Hoje iremos conhecer a Praia do Giz, em Tibau do Sul, localizada entre a Pedra do Cachorro e o Pontal do Pirambú, sentido Natal/Pipa. Pela beira-mar está a 50 km de Natal, e pela BR-101, passando por Goianinha, fica em 75 km.
Como nessa praia a pescaria é feita em cima das pedras, é importantíssima a escolha das marés. É bem verdade que as pedras onde pescamos estão no mesmo nível da praia, não é uma pescaria de costão, mas mesmo assim oferecem perigo quando a maré está enchendo, expulsando os pescadores à medida que sobem as águas. Por isso pescamos sempre nas vazantes das marés de lançamento, que oferecem bons resultados.
As marés de lançamento são aquelas marés de quarto crescente ou minguante, quando estão crescendo para marés de lua cheia ou nova. Basta olhar nas tábuas de marés e observar que de dia para dia crescem em amplitude, até estabilizar e começar a cair. Esse período entre o primeiro crescimento de amplitude e a queda é o que chamamos por aqui de maré de lançamento.
Outra variável é o horário. Como o sol é muito forte na região, observamos, pelo menos nesse tipo de pescaria, nas praias, que o peixe pega melhor até umas 9:00 horas da manhã, mais ou menos, depois escasseia. A condição ideal de pesca é quando a vazante coincide com as primeiras horas da manhã, ou seja, a maré acaba de secar até as oito ou 9 horas na manhã. A partir desse horário é melhor dar uma pausa para descanso do peixe e do pescador, que vai repor suas energias à sombra de uma barraquinha, lutando contra uma porção de camarões fritos e uma cervejinha, ou água de coco, se preferir. Novos pinchos só mais para o fim da tarde, quando novamente os peixes ficam mais ativos.
Resumindo, escolhemos uma maré de lançamento cuja vazante vá até umas 8:00/9:00 horas da manhã. A enchente pode ser também uma boa opção, mas é descartada pelos motivos já expostos.
Às quatro da manhã toca o alarme do celular previamente programado e nos acorda no melhor do sono. Fazer o quê? Mas logo nos recordamos que estamos indo pescar e o sono vai embora.
Depois de 90 minutos de viagem pela BR-101 chegamos a Tibau do Sul. Procuramos um lugar para tomar um cafezinho, mas logo desistimos. Tudo fechado a esta hora, embora o sol já esteja trabalhando a algum tempo.
Após dez a quinze minutos de caminhada na areia chegamos à Praia do Giz, dentro do horário previsto. Agora é arrumar a tralha, escolher a suposta isca matadeira e começar a pescaria, expectativas lá em cima, para variar…
O tipo da pescaria é o de lançamentos com iscas artificiais, e os peixes alvo são o robalo e o xaréu, embora nessa busca entrem com facilidade a ubarana, o tibiro e o galo, dependendo do tipo de material utilizado. Com sorte, até o tarpon, mas sua pescaria mais eficaz certamente é a embarcada, pois os pesqueiros não são alcançados facilmente de terra e os que eventualmente são fisgados são peixes de passagem. É bem verdade que em alguns pontos existem os moradores, aqui mesmo na Praia do Giz tem um, mas devido seu tamanho, todas as vezes que é fisgado dá um show e vai embora. Já o vi ser fisgado duas vezes, e vale só pela emoção.
Para a pesca do xaréu, varas de 6,6 a 7 pés, carretilhas ou molinetes que comportem por volta de 200 metros de linha 0,40mm, monofilamento, de 20 a 25 libras, por aí. Já para o robalo, linhas até 17 libras já são suficientes, que armazenem por volta de 150 metros de linha monofilamento. Para os adeptos de multifilamento, podem reforçar tanto a resistência quanto a quantidade de linha.
Usamos iscas de 12 a 15 cm, de 30 a 50 gramas, tipo Little Bob e Big Bob, por exemplo, modificadas ou não para pesar mais, como adiante explicaremos, e efetuamos os lançamentos o mais longe possível, onde as ondas estão quebrando, ou na espumeira, na frente deles, pois os xaréus são verdadeiros surfistas de tubos, e quando a água está limpa podemos vê-los cruzando a parede das ondas, no sentido contrário de onde estão quebrando, como se fugindo do túnel, como fazem os surfistas. É um belo espetáculo, e às vezes na sua contemplação nos esquecemos de pinchar… Já o tarpon pega na “quebradeira”, no reboliço das ondas e espumas, e mesmo o xaréu gostando de “surfar” nas ondas, também frequenta o mesmo tipo de pesqueiro. O trabalho consiste em arremessar e recolher com velocidade, sem se preocupar com a ação da isca. Um recolhimento rápido é suficiente para desencadear o ataque. Aqui em Natal usam-se muito as iscas artesanais do Dinho, bastante eficientes.
O ataque do xaréu não deixa margem a dúvida de quem está do outro lado. A partir daí é tentar segurar o bicho e confiar no equipamento, esperando que não esgote a linha do carretel e negociando metro a metro o recolhimento, cuidando também para desviá-lo das pedras, que é onde se desenrola a pescaria. No mar aberto seria mais fácil, mas nem por isso menos emocionante. Já vi muito pitão reforçado de isca ser arrancado pelo peixe. O roçar nas pedras aconselha um bom líder, por volta de uns dois metros, para ajudar no recolhimento final, mas mesmo se não conseguir captura-lo, já terá valido a pena o dia de pesca.
Já o robalo é mais manhoso, come no pé da pedra e é mais exigente com a apresentação do cardápio. Aqui usamos mais iscas de meia água, embora as de superfície também sejam eficientes. O trabalho deve ser lento e com variações de velocidade, ação e recolhimento. Como não precisamos dar longos arremessos, usamos iscas artificiais sem modificações mais profundas, apenas em alguns casos com reforços nas garatéias e argolas. Outras iscas bastante usadas e eficientes na pesca do robalo são os grubs, shads e afins, além de capturar outros peixes, principalmente os galos, fãs desse tipo de isca.
A diferença básica na pesca entre o robalo e o xaréu é que para este um recolhimento rápido é suficiente para desencadear o ataque, pois ele ataca na espuma, onde o “pau está quebrando”, e normalmente a distancia de arremesso é longa, e para aquele o movimento é mais lento, bem trabalhado. É nesse tipo de pescaria e iscas (xaréus e robalos) que costumam entrar também os tibiros e ubaranas, bastante esportivos, mas muito inconvenientes, pois atrapalham a pescaria dos pesos pesados com sua intromissão.
Aqui no nordeste os ventos são uma constante, ocorrendo na maior parte do ano, e como sempre o vento vem do mar em direção à terra, os arremessos longos são dificultados, pois arremessamos sempre contra ele, e para isso precisamos dar peso às iscas. Para isso turbinamos algumas delas, fazendo um furo na barriga e colocando chumbinhos de caça, até alcançar o peso desejado, às vezes até por volta de 60/70 gramas para os dias de muito vento, mas via de regra entre 45 e 50 gramas. Tapamos o furo com Araldite ou Durepox, trocamos as argolas e garatéias por outras mais fortes e estamos prontos. Isso significa que essas iscas modificadas perdem sua ação original, tornando-se modelos “sinking”, cuja finalidade é vencer o vento e alcançar o pesqueiro lá longe. Por isso o trabalho empregado não é importante e sim a velocidade de recolhimento sobre a espuma. Esse trabalho e essas iscas nessas circunstancias são as mesmas utilizadas para a pesca do tarpon, mas eles entram nessa história como Pilatos no credo, dão alguns pulos, algumas corridas, debocham da gente e vão embora. Até hoje só conseguimos captura-los pescando embarcados. Na temporada de ventos fracos, normalmente no verão, não há necessidade de modificarmos as iscas, deixando-as, portanto com seu peso e trabalho originais, apenas não descuidando do reforço das argolas e garatéias, tornando bem mais prazeirosa a pescaria.
O período de ventos anda um pouco descontrolado por aqui, como tudo na natureza. A tendência de diminuição deles é entre outubro e março, limpando as águas, mas esse ano (2006) os ventos só pararam em fevereiro, e não sabemos como se comportarão até o fim de 2006. É o preço que pagamos por tanto desmando na natureza…
Completando o material, usamos em ambos os casos snaps de boa procedência, para uma troca rápida de iscas, atados ao líder por nó Palomar ou nó Único. Se o líder for mono, o nó será Palomar, e se for de flúorcarbono usamos o nó único, para maior facilidade na confecção, devido a dureza da linha.
Quanto à união do lider com a linha da carretilha ou molinete, se o lider for de monofilamento costumamos colar o nó, pois facilita nos arremessos, evitando aqueles trancos desagradáveis quando o nó passa pelos passadores da vara. Já se for de flúorcarbono, usamos o nó Albright.
Normalmente usamos líder 0,52 mm para o robalo e 0,62 mm para o xaréu, tanto mono como de fluorcabono. Quando a pesca é direcionada ao tarpon (embarcada), aumentamos o líder para 0,80 mm (flúor ou mono).
Pesquisas de novos pontos
Quando o turista desembarca no aeroporto de Manaus, sua maior expectativa é ir logo para o barco e dar início à viagem que o levará ao encontro dos tucunarés, esquecendo o desconforto e cansaço da viagem. Se a pescaria for bem sucedida, o barco é maravilhoso, os guias fantásticos, e por aí afora…Caso contrário, a organização foi deficiente, a comida péssima, o comandante não conhecia nada da região, etc.
Uma das coisas que o pescador desconhece é o esforço que está por trás dessa estrutura. Além da manutenção do barco, tripulação, abastecimento da embarcação e logística necessária para o negócio funcionar, está um item de suma importância : A preocupação em descobrir novos pontos. Isso porque a cada temporada mais barcos entram no mercado do turismo da pesca esportiva, além da depredação que parece não ter solução em nosso país.
Mas mesmo essas pesquisas são problemáticas de fazer, pois quando as águas estão na altura ideal para pesca, é época de sair em campo com o turista, não sobrando tempo para prospecções. Assim sendo, a maior parte das informações são colhidas na baixa temporada, na cheia, quando não há pesca de tucunaré. Eventualmente, na alta temporada, quando existe uma lacuna entre um grupo e outro, aproveita-se para fazer esse trabalho.
Numa dessas janelas, saímos o Sabá, o Nonato, o Marcelo, o Guila e eu, com destino a um rio relativamente perto de Manaus, o Mutuca. Íamos numa lancha de 19 pés, com motor de 140hp e bastante gasolina. Eram 9.00hs e tínhamos à reboque um barco ICOMA de 6ms. Após 15 minutos de viagem resolvemos voltar e deixar o barco, pois estava atrapalhando a navegação.
Comida e bebida tínhamos à vontade, apenas paramos para pegar gelo na feira da Panair (o pessoal de Manaus pronuncia como está escrito). Até os anos 50 só existia nesse porto o bairro Educandos, e não havia aeroporto na região, motivo pelo qual os aviões da PANAIR pousavam na água. Vem daí a origem do nome da feira da Panair.
Geladeira abastecida, ligamos o motor e mal tínhamos percorrido 10ms quando fomos quase abalroados por um barco pesqueiro que chegava para descarregar. Descemos o rio Amazonas algum tempo, talvez umas 2 horas, e por indicação do guia (Marcelo), entramos num furo estreito e com bastante correnteza, que liga o rio ao município de Altazes Mirim. Navegando com cautela, esse trecho pode ser percorrido em uns 20 minutos, mas levamos bem mais por conta de muitos cajueiros que encontramos nas margens e a operação para escolher e catar os mais maduros.
Saindo do furo, pegamos um igarapé majestoso que nos levaria até a comunidade de Novo Céu, onde nosso guia possuía alguns parentes que nos ajudariam com algumas informações. Inexplicavelmente, percebemos que a gasolina do tanque estava quase no fim, e já havíamos feito um reabastecimento quando estávamos catando caju. Ficamos assustados e nos perguntamos: – Será que erramos tanto assim nos cálculos? Sem ter outra saída, tocamos em frente.
No Amazonas é comum encontrarmos flutuantes que funcionam como postos de venda, onde encontramos mantimentos, bebidas e até gasolina. Por sorte topamos logo com um deles, a TABERNA DO DIM-DIM, que por azar, não tinha combustível. Mas temos que aproveitar todas as ocasiões para do limão fazermos a limonada, e fomos conhecer o tal do DIM-DIM, que nada mais é que um tipo de sorvete em saquinho plástico, chamado em São Paulo de geladinho.
Com marcha reduzida, levamos o barco na ponta dos dedos. Ao avistarmos Altazes, acabou nossa preocupação e também nossa gasolina. Faltava uns 500ms, que consumiu parte da bateria do motor elétrico e parte de nossa energia, mas o oásis estava à vista, e a expectativa de encontrarmos grandes tucunarés também. Reabastecemos na vila de Novo Céu, e após conversa com os parentes do Marcelo, subimos em busca do Mutuca e de seus espetaculares tucunarés, era o que esperávamos. Na realidade o rio nos causou uma boa impressão, mas nada saiu de especial, só um exemplar calculado acima de 6kg, que explodiu em cima da minha isca e tchau… Explosão maior ficou por conta do dono da isca, o velho Guila, o mais sutil dos representantes do homem de Neanderthal.
Pescamos por aproximadamente uma hora, não mais do que isso, e resolvemos voltar, pois a experiência com a gasolina nos tinha deixado preocupados com a volta. Fomos checar o combustível e a situação ficou alarmante. Tinha ido já quase outro tanque.
Voltamos a Novo Céu e nova parada para reabastecermos. Mais uma vez completamos todas as reservas e “pau na máquina”. Eram aproximadamente 3hs da tarde.
Já perto do furo que nos levaria de volta ao rio Amazonas, uma concentração de galhadas atiçou o desejo da turma de tentar alguns pinchos, apesar da profundidade ser bastante pequena. De nada adiantou os protestos da minoria. Pincho daqui, pincho dali, e nada, nem traíra. Quando o bom senso prevaleceu, os primeiros sinais do anoitecer chegaram junto. O motor teimava em não pegar. Segundo o Nonato era coisa simples, era o carburador, e ele como bom mecânico resolveria logo. Pega, não pega, finalmente pegou.
Ao entrarmos no furo, uma batida seca e o motor parou. Parecia que a rabeta tinha batido em algum pau submerso. Novo exame e a constatação que a vela tinha quebrado (como não entendo de mecânica, não me pergunte como, só sei que foi assim, parodiando Xicó), além da suspeita de hélice empenada. Entre liga e desliga, com muita dificuldade, saímos do furo e chegamos ao rio Amazonas. Eram 19:30hs e os mosquitos começavam a incomodar. A partir daí o motor pifou de vez e veio o veredicto final: rabeta quebrada ! As 20:00hs o Nonato avisou que não tinha jeito.
Ficamos à deriva no Amazonas, sem rádio nem celular, à noite, um pouco afastados da margem para fugir dos mosquitos, mas o bom senso nos obrigou a amarrar o barco no barranco, para escapar de algum abalroamento. Sem solução, nos ajeitamos da melhor maneira dentro do barco e esperamos um eventual socorro. Tínhamos uma lanterna, e quando víamos alguma luz ao longe se movimentando, fazíamos sinais para chamar a atenção. Às 21:00hs passou um grande barco de passageiros (gaiola), parou, olhou e se mandou. Gritamos com todas as forças, mas de nada adiantou. Com mais calma, o Sabá explicou a atitude do comandante, dizendo que a falta de socorro foi devido medo de assalto, freqüentes na região. Não sabíamos que existiam piratas também no rio Amazonas.
Às 21:30hs passou um barco regional menor, que após alguma hesitação aceitou dar socorro. Amarramos o barco à reboque e depois que embarcamos soubemos que eles quase não pararam devido ao medo. Carregavam um grande estoque de melancia e iam para Manaus.
A embarcação era uma sujeira só. Nos acomodamos da melhor maneira possível no chão imundo e tentamos dormir. De vez em quando éramos incomodados por algum tipo de insetos, como besouros e afins, o que nos permitia dar apenas alguns pequenos cochilos. Como travesseiro usamos uma garrafa de Coca-Cola vazia (de plástico), que revezávamos de tempos em tempos. Um martírio!
Finalmente chegamos às 3:00hs da manhã, num local chamado de Manaus Moderno, que nada faz jus ao nome, devido à sujeira e aglomeração de embarcações. Foi uma dificuldade acharmos um local para ancorar. Deixamos dois companheiros tomando conta do barco e fomos procurar socorro.
Apesar do horário, conseguimos pegar um táxi e fomos à casa do Sabá para pegar seu carro, de onde fomos à marina e embarcamos no Miss Bebel rumo à Manaus Moderno, para resgatar nosso barco. Essa operação durou aproximadamente 2 horas, e chegamos de volta à marina às 6:00hs da manhã. Quase 24 horas de aventura tinham se passado.
Essas atribulações fazem parte do dia a dia de quem pretende prestar um bom serviço aos seus clientes em busca de novos pontos. É evidente que existe uma estrutura em Manaus que está constantemente em contato com pescadores das diversas regiões e comunidades, em busca de informações de novos pesqueiros. Essa é apenas uma das inúmeras facetas que fazem parte da logística de uma bem sucedida pescaria no Amazonas.
Minha caixa de Pandora
Há milênios, Zeus e os deuses do Olimpo entregaram uma caixa fechada à guarda de Pandora, com a recomendação de nunca abri-la. Entretanto a curiosidade feminina não resistiu, e um belo dia a tentação sucumbiu à obediência, libertando todos os males da humanidade. Arrependida, Pandora tratou de fechá-la, mas era tarde, restou no fundo da caixa apenas a esperança, até hoje encerrada e perdida na névoa do tempo…
Pois é, pessoal, todos nós, pescadores, temos nossas caixas de Pandora, onde depositamos todas as esperanças de capturar o peixe dos sonhos.
A grande vantagem é que não são os deuses que selecionam e determinam quais iscas devem ficar em nossas caixas, mas sim a experiência acumulada nas pescarias, mas mesmo assim nunca temos certeza absoluta do que funcionará, sempre estará faltando alguma coisa, dependendo do dia, local, hora ou dos acontecimentos da ocasião. Por isso é que, após racionalizar ao máximo as iscas preferidas, reunidas em apenas uma caixa, voltei atrás e preparei três caixas que acredito atenderão a maior parte de minhas necessidades nas pescarias de mangues, pelo menos até a próxima, quando novamente serão reformuladas. Afinal, todo dia aprendemos alguma coisa e esse aprendizado não tem fim…
A caixa número 001 contém algumas de minhas iscas favoritas na pesca do robalo em mangue, e normalmente as mais usadas são as Long A 15, para os robalos maiores, e as Long A 13 e 14 para o geral. No mesmo nível de preferência estão as iscas da Mirrolure, tanto as 7MR quanto as 44 MR, Provoker e Sticks. No banco de reservas mantenho outras que uso menos, apenas eventualmente, como as Lelé e Trick da Borboleta, The FIRST, Rapalas CD 9 e uma Suspending da Smithwick.
Já na caixa número 002 estão outras campeãs de audiência, as Red Fin 800, para robalos menores, e as Red Fin 900, para os bitelos. Nessa caixa as esperanças são também depositadas nas Soft Baits, em iscas como grubs, shads e camarões artificiais, além de jigs. Fica na reserva minha isca favorita para a pesca de tucunarés, a Jumpin’Minnow.
A caixinha número 003 é a responsável pelos snaps (presilhas), argolas, garatéias para substituição, se preciso, e o inseparável TRIM para cortar as aparas das linhas. Nessa caixinha guardo uma preciosidade que ganhei de presente do Alexandre, uma isca da Mirrolure desenvolvida para a pesca do tarpon, a 65M. Ainda não usei, estou guardando para quando topar de frente com a patota deles…
Nela ficam ainda outras reservas, Tan Tan e Sticks da Borboleta, e uma que era muito usada na pesca do Black Bass, a Hellbender. O bom dessa isca é que ela nada bastante fundo, e chegará o dia em que terá que entrar em campo, certamente. Completando o time, jumping jigs, colheres e Krill, que não podem faltar na caixa quando os predadores estão entrando e subindo o rio atrás dos cardumes de arenques e/ou sardinhas.
Essas são as minhas caixas de Pandora para o rio Cunhaú… Dentro delas estão minhas esperanças toda vez que saio para uma pescaria…








































