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De volta ao Mutuca 01

Como o tempo voa… A vida passa muito rápido, e ao nos darmos conta, parece que estamos assistindo um “trailer” do passado. Nem tudo é revelado, mas basta para ligar o botão da saudade…

Em 1998 tivemos o primeiro contato com o rio Mutuca, numa das datas reservadas ao “Grupo do Chegado”. Nessa ocasião o planejado era pescar no rio Nhamundá, divisa entre Amazonas e Pará, mas lá chegando o rio estava muito alto, escondendo suas praias, engolidas pelas águas, e ainda por cima uma chuva que não dava esperanças de melhorar. Depois de uns dois dias por lá, descobrimos que estávamos na data errada. Paciência, voltamos… Apesar da distância até Manaus, nosso grupo tinha sempre uns dias a mais do que os normalmente programados, pois escolhíamos datas que tivesse folgas na agenda.

Sem muitas opções, escolhemos um ponto perto de Manaus, o rio Mutuca, distante de barco umas 14 horas. Por estrada, incluindo um translado de balsa, umas 4 horas. Achamos um pouco povoado, e tivemos alguns problemas na pescaria devido rejeição e proibição de alguns moradores, mas isso é outra história, que fica para outra vez, como dizia Júlio Gouveia ao final dos capítulos do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, exibido pela TV Tupi nos anos dourados…

Uma pequena “piscadela” e “voamos” para 1999, recebendo o grupo de Romeu Konell e Gildo Hornburg, de Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Essa pescaria foi a expressão máxima do que é pescar na Amazônia, que originou matéria de capa da revista “Troféu Pesca”. Nos anos seguintes acabou virando DVD com o título “Um Rio Chamado Mutuca”.

O tempo passou, mudei para Natal, e em novembro de 2019, vinte anos depois, estava como sempre vendo os acontecimentos do dia no computador, quando recebo uma mensagem pelo You Tube, de um tal de Tarcísio, pedindo meu WhatsApp e falando comigo como se me conhecesse.

Fiquei desconfiado e pedi para me avivar a memória, pedindo desculpas…

Respondeu que era do Mutuca e morava atualmente em Manaus, e que pescou comigo e o Guila como piloteiro no barco do Sabá, o Miss Bebel, e estava procurando muito nosso contato.

Era o Tatá, nosso piloteiro mirim, na época com 14 anos. Tem hoje uma pousada no Mutuca e combinamos uma pescaria para 2020, onde mataria as saudades do pessoal e da região.

Aí chegou a pandemia e mudou nossos panos, mas o sonho não morreu, e finalmente estamos prontos para mais uma vez navegar por aquelas águas, em outubro de 2022, se Deus quiser, onde darei uma pausa na minha aposentadoria e gravarei mais uma aventura naquele paraíso.

Como não sou egoísta, vou compartilhar com meus amigos as lembranças daquele passado, preparando terreno para a próxima produção da “Turma do Chegado”, onde teremos uma boa amostra do que era e do que é atualmente.

Vou postar imagens conhecidas e outras que não foram usadas, aos poucos, tipo conta gotas, para não ficar cansativo e do tamanho desse texto.

Por enquanto é só!

Era uma vez Pedreiras do Rio Negro

Recentemente comentamos as dificuldades que passávamos ao ir pescar no Amazonas no início do turismo da pesca esportiva na região, onde não dispúnhamos de guias ou piloteiros e tínhamos que nos virar com o motor de popa e o elétrico, além de matar a charada com os pontos de pesca e hábitos dos peixes, em função da época da pescaria e da altura das águas.

Não existia a internet, e, comparando com os dias de hoje, eram poucas as informações de um modo geral, principalmente com relação ao material adequado.

Aí tiveram papel de destaque as revistas de pesca, programas de televisão e as conversas nas lojas de pesca.

Lembro-me que fiquei fascinado com os primeiros números da revista Aruanã, onde se ensinava os principais tipos e modelos de iscas artificiais. Lembro-me também, salvo engano, que o primeiro curso sobre iscas artificiais foi ministrado pela revista Aruanã, no “Parque da Água Branca”. Se eu estiver errado, me corrija, Toninho.

Hoje em dia o pessoal está mal acostumado, só vai aos pesqueiros com todas as dicas de bandeja. O desafio da aventura e descoberta parece que perdeu um pouco o valor.

Além disso tudo, aqueles tempos me ensinaram que não existem verdades absolutas em pescaria com relação à captura do peixe, coisa que muitos pescadores ainda não aprenderam.

Você pode ir a determinado pesqueiro na melhor época, melhor horário, melhor lua, etc, e quebrar a cara. Muitos pensam que na Amazônia é só jogar a isca em qualquer lugar que captura o peixe. Ledo engano.

Mas também é fato que o estudo e observação da natureza e hábitos dos peixes é essencial para ter êxito, mas apenas otimiza a pescaria, não garante nada.

Numa de minhas viagens ao Amazonas, estávamos em um grupo de amigos, a “Turma do Chegado”, onde aproveitava para dar vazão à minha secura para pescar. Levava a câmera apenas pelo hábito de registrar alguma coisa que fugisse ao comum. Saímos um dia eu e o Sabá, proprietário do barco “Miss Bebel”, para pinchar numas pedreiras velhas conhecidas na altura do Rio Unini, mas ainda no Rio Negro, local excelente para tucunarés.

Pois bem, foi ação o tempo todo, um espetáculo. Eu estava quase sem bateria e pouca fita, pois tinha ido para pescar, e registrei pouca coisa, mas despertou meu lado “câmera”. Assim, mal cheguei ao barco fui logo combinando com o Guila e o Feijão uma gravação para o dia seguinte, pois queria pegar o mesmo horário e mesmas condições. Achava que iria gravar uma obra prima.

Mal amanheceu e já estávamos à caminho do pesqueiro. Batemos a manhã toda, nos mesmos locais, e nada, nem sequer uma marola. E o pesqueiro abrangia vários pontos e situações diferentes. Batemos em todos, sem efeito. O que aconteceu? Mesmas condições, mesmo horário, não houve mudança de clima, nada.

Por isso nunca podemos garantir a ninguém uma pescaria de sucesso, apenas otimizar a pescaria com base nos conhecimentos e torcer para que dê certo.

Essa é a história desse videozinho…

Barragem do Castanhão – CE

Recentemente conheci o Castanhão, no Ceará. Confesso que me encantei, pela diversidade de estruturas para pesca e belezas naturais, e, principalmente, pelo tamanho de seus tucunarés, só rivalizados pelos do Amazonas.
Vou passar ao largo dos problemas ambientais da região, não é o foco no momento. Quero apenas tecer alguns comentários do pouco que vi, em apenas dois dias e com as condições de pesca prejudicadas pela brusca variação da pressão atmosférica, caindo de 2000 milibares para 1000 milibares, de um dia para outro.

Tucunaré é tucunaré, aqui e em qualquer região do Brasil, e seus hábitos não podem ser diferentes de região para região. Digo isso porque estranhei quando soube pelos guias que os peixes só atacavam, na maior parte das vezes, iscas de meia água e fundo, como os jigs, por exemplo. Acontece que a beleza maior da pesca do tucunaré são os ataques às iscas de superfície, sua explosão é inigualável. Assim sendo, privilegiamos o uso das iscas de superfície, e não nos decepcionamos.

É evidente que em certas condições, como quando estão mais no fundo, em função de temperatura da água, pressão atmosférica, etc, iscas de meia água e fundo são mais eficientes, além de mais fáceis de trabalhar. Mas a insistência na utilização de iscas de superfície traz uma recompensa maior.

Perguntamos qual a melhor época para a pesca na região, e nos informaram que era junho/julho. Acredito que na realidade seja a época em que as condições melhoram, daí para frente, porque a pesca do tucunaré se torna mais efetiva quando está baixando o nível das águas. Assim, acredito que a pescaria se torna mais eficaz daqui para frente. Pretendo voltar em setembro/outubro, quando acho que as condições estarão ideais.

Outra coisa que observei foi a grande quantidade de linhas estourando em função das estruturas e tamanho exagerado dos peixes (graças a Deus). Assim, aconselho a utilização de iscas artificiais com as farpas amassadas. Não é frescura de pescador esportivo, mas apresenta três razões fundamentais para tal prática:

– Uma isca que se solta da boca do peixe, de um enrosco, etc, pode atingir o pescador, e aí, na maioria das vezes, acaba a pescaria, pois não é raro a situação não poder ser resolvida no local, e, após viajar tanto tempo para a pescaria sonhada, perder pelo menos uma etapa da mesma não faz muito sentido.

– Se somos adeptos do pesque e solte, e nos preocupamos com a integridade do peixe, uma isca sem farpa magoa muito menos, e é muito mais fácil sua retirada, mas o motivo principal é que quando perdemos o peixe com a isca na boca, por estouro da linha, ele terá muito mais chance de se livrar da isca e sobreviver. Sempre que vejo um peixe escapar com a isca na boca fico chateado com a situação e desespero do peixe para se livrar da isca, deve ser bastante incômodo, não?

– Se somos pescadores esportivos, porque não dar uma chance a mais ao peixe? Chance mínima, acredite, pois já nos prevenimos cada vez mais com o uso de linhas e equipamentos reforçados. E o uso de iscas sem farpa não é fator preponderante na perda do peixe, se trabalharmos direitinho. Afinal, você está ali para se aprimorar, e não rebocar o peixe, certo?

Outra coisa, a represa de Castanhão é uma represa perigosa para quem não a conhece e se aventura sem guia. Por ser grande, quando venta é necessário procurar abrigo nas margens, mas por outro lado é povoada o suficiente para se conseguir ajuda, sem maiores problemas. Além disso, tem locais em que existem muitas pedras submersas e oferece perigo à navegação, dependendo da altura das águas, principalmente se não conhecemos bem a região.

Como dica final, um Kit de primeiros socorros é uma boa pedida, pode ajudar muito numa emergência. Uma lanterna deve fazer parte desse Kit, pois é a melhor maneira de se pedir ajuda e facilitar sua procura numa perdida à noite.
Dito isso, vamos a algumas breves imagens do local, apenas para mostrar aos amigos que por lá forem o que devem encontrar. Chega de blá-blá-blá…

Aguarde o vídeo carregar… 

https://www.youtube.com/watch?v=deoWEQiL9-k

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