Iniciação às iscas artificiais

Há algum tempo atrás já tinha mandado um e-mail aos participantes do Pesca-NE sobre o assunto, uma vez que alguns dos companheiros (não gosto dessa palavra, por motivos óbvios) eram iniciantes na pesca com iscas artificiais.  Na ocasião éramos muito poucos e não cogitávamos que a criação de um portal dirigido ao nordeste já estava nos pensamentos de seu criador.

No RN é grande a dificuldade de adquirir esses brinquedinhos maravilhosos, e mesmo com a chegada da Centauro em nossa capital as dificuldades continuaram. Talvez por ser um mercado pequeno, apesar de solicitarmos determinados tipos de materiais, nunca fomos atendidos pela direção. Fiquei esperando por mais de seis meses uma linha Triumph de monofilamento na bitola de 20 lbs e nunca chegou. Tive que adquirir em São Paulo, através de amigos. O mesmo caso serve para iscas artificiais.

Outra prova de nossa exclusão frente ao mercado foi quando estava gravando um DVD sobre a pesca no nordeste e solicitei para um fabricante de iscas artificiais ajuda no sentido de nos fornecerem algumas iscas para teste na pesca do tarpon, devido não só as dificuldades de se obter iscas por aqui, mas também devido ao fator financeiro. Apesar de confirmarem, até hoje estou aguardando, há mais de um ano, apesar de ter cobrado algumas vezes, até ficar com vergonha. Adianto que não se trata da Borboleta.

Em tempo, não fizemos o DVD e estamos parados com o projeto.

Durante todos esses anos que estive em campo, pesquei muito menos do que deveria e gostaria.

Entretanto, presenciei e observei muitos estilos e idéias diferentes, o que foi um aprendizado para mim.

Tenho amigos que conhecem profundamente os diversos tipos de iscas artificiais. Não é o meu caso. Confesso que os invejo e admiro.

Mas o que quero colocar ao pessoal que está se iniciando, é uma idéia do que usar, pois hoje em dia existe uma infinidade de marcas e modelos à disposição do pescador, e os novos lançamentos não param. Essa é apenas uma sugestão que permitirá pescar a maioria dos nossos peixes, é somente um ponto de partida, pois a estrada não tem fim.

Vamos pensar primeiramente num dos mais cobiçados peixes de mangue, praias, e rios que tem ligação com o mar, o robalo, que agora com a criação de uma estrutura em Barra do Cunhaú para a pesca esportiva, torna acessível aos pescadores do RN e estados vizinhos essa modalidade.

Existe uma infinidade de iscas utilizadas em sua pesca, mas há alguns tipos que são imprescindíveis na caixa de pesca de qualquer pescador:

  • Long A da Bomber, nos tamanhos 13 a 15. O tamanho 16 sómente quando estamos à procura de robalões, em locais sabidamente freqüentados por eles. Mas robalões mesmo, entre 10 a 25 quilos…
  • Red Fin – Os tamanhos ideais são a Red Fin 800 e a Red Fin 900, sendo a 900 para robalões. Mesmo critério usado com as Long A.
  • Mirrolure 7MR – Essa não pode faltar… Compatível com as Long A 13/14 e Red Fin 800… Na mesma linha, um modelo Provoker vai bem…
  •  Mirrolure 44MR – Também muito eficiente e não pode faltar…
  • Stick da Mirrolure – Não sei o nome do modelo. Ideais para quando os robalos estão manhosos, trabalho lento…
  •     Camarões artificiais, jigs, shads e grubs. Os robalos adoram… Iscas preferidas pelo Blatt…

Outra preferência nacional é o tucunaré. Para tucunarés de represa, cujo peso pode ir até 5 quilos, essas iscas atendem qualquer necessidade:

  • Long A 13 a 15 (foto acima, vide robalo).
  • Red Fin 800 para a maioria dos casos, mas em Itumbiara usamos por diversas vezes o modelo 900 com sucesso, em busca dos maiores. Lá foi onde vi os maiores tucunarés de represas (até 5,5 quilos) (foto acima, vide robalo).
  • Jumpin’Minnow – Pode parecer grande, mas não é. Lembrem-se que o tucunaré não tem pescoço e portanto não conhece seu tamanho, atacando iscas as vezes maiores do que ele. Essa isca é tão versátil que é a minha preferida e mais usada para os grandes tucunarés da Amazônia.
  • Devil’s Horse da Smithwick – Isca de hélice, muito eficiente, mas também muito fraca. É necessário dar um reforço com Araldite nos pitões, senão o tucunaré arranca tudo (mesmo os pequenos).
  • Colher Johnson Silver Minnow – Eu prefiro o tamanho ¾, mas é conveniente ter também o tamanho ½. É muito útil no sudeste quando tem frente fria (o que não é o caso por aqui), pois o tucunaré vai para o fundo e você pode deixar a colher afundar antes de trabalhar, mas sua principal virtude é que você pode joga-la no capim (ela tem proteção anti-enrosco), em enroscos, etc, onde o tucunaré está batendo, sem o problema de enroscar a isca (as vezes acontece, claro) e que normalmente não seria alcançado por outro tipo de isca.
  • Rapalas CD7 e CD9 – São iscas que vale a pena ter algumas em sua caixa, mas não estão em minhas preferências… A vantagem é que ao arremessar, pode deixar ir à profundidade desejada, pois são iscas “sinking”, não flutuam.
  • Mirrolure 44MR – Usei também muito tempo para o tucunaré. Bastante eficiente… (foto acima, vide robalo).

Para aqueles que pretendem pescar no Amazonas, em busca dos grandes tucunarés, as iscas que não podem faltar são:

  • Jumpin’Minnow – Em minha opinião a campeã, pois pode ser trabalhada de várias maneiras, inclusive como Stick. Trocamos as garatéias e argolas originais por outras mais reforçadas (foto acima, vide tucunaré de represa).
  • Zara Excalibur (Super Spook) – A segunda na minha preferência. Isca espetacular, mas só faz o trabalho de zara, e as amplitudes de movimentos são mais largos. Não trabalha como stick. Costumamos trocar as garatéias e argolas originais por outras mais fortes, retirando a garatéia do meio. Um eventual aumento no tamanho das novas garatéias é compensado pela retirada da do meio.
  • Top Dog – A terceira na minha preferência. Além do barulho (sêco) e trabalho característico (amplitude curta), arremessa muito bem, melhor que as duas anteriores.
  • Iscas de Hélice – Apesar de funcionarem muito bem, levantando tucunarés, cansei um pouco delas (opinião pessoal), mas são obrigatórias em sua caixa. Uma isca bastante eficiente é o da Deconto modelo Bicuda – 130. Não há necessidade de se usar aquelas iscas monstruosas que os americanos tanto gostam que mais parecem garrafas de Coca-Cola com uma hélice atrás… O trabalho é extenuante e a vara tem que ser parruda…
  • Long A 16 – Ideal para grandes tucunarés. Isca de meia água (foto acima, vide robalo).
  • Red Fin 900 – Idem (foto acima, vide robalo).
  • Yo-Zure – Não sei o modelo, mas a Cristal Minnow é uma das opções.
  • Juana da Borboleta – Idem.

Voltando para nossa terrinha (nordeste), seja para pesca embarcada (no mar), de pedras ou praia, temos as seguintes considerações:

As iscas artificiais que uso na pesca de xaréus e tarpons são adaptadas, de fabricação nacional ou importadas, por falta de opção, como já disse. Nessas iscas faço um furo na barriga e introduzo grãos de chumbo de caça, até ficarem com peso entre 45 e 50 gramas. Tapo depois com Araldite ou Durepox. O inconveniente é que perdem sua flutuabilidade, mas como o trabalho é feito com recolhimento rápido e surfando as ondas, o problema não é tão grave. São fabricadas em Natal dois modelos de iscas artificiais (pelo Dinho), artesanais, com o mesmo design, mas de tamanhos diferentes, com 50 e 60 gramas de peso. São as iscas artificiais mais usadas por aqui para a pesca do xaréu e do camurupim, sendo extremamente eficientes.

Dessas iscas modificadas, umas das que deram bons resultados foram as iscas da Borboleta, modelos Big Bob, Little Bob e Ballyhoo. Esses modelos também se mostraram excelentes sem nenhuma  modificação para os dias de vento fraco.

Mas qual o porquê da necessidade dessas iscas serem tão pesadas, que compense inclusive a impossibilidade de um trabalho mais esmerado?  O vento, meus amigos.

Durante duas temporadas pesquei camurupim e xaréu na boca da barra de Tibau, embarcado, e pude constatar a necessidade de uma isca pesada para se conseguir uma boa distancia de arremesso, pois lá você pesca todo o tempo com o vento na cara, vindo do mar para a terra, sempre. Você tem que arremessar sua isca o mais longe possível, na arrebentação, que é onde os peixes estão comendo, e a embarcação, por motivos óbvios, não pode ficar muito perto das ondas, onde é pouca a profundidade. Uma isca com pouco peso, contra o vento, dificilmente atingirá o ponto ideal.

Em dias com pouco vento, o ideal é a utilização de iscas sem adaptação, com o peso e trabalho originais e que flutuem, pois permitirão um trabalho mais esmerado, aumentando as chances de uma fisgada. Aqui em Natal é mais difícil o leque de opções disponível, mas sabemos que existem iscas com pesos de fabrica suficientes para utilização tanto em dias com ou sem vento.

Essas considerações servem tanto para pesca embarcada como desembarcada. Como última consideração, acho conveniente levarmos iscas modelo Krill, tipo jumping jig, quando a pescaria for embarcada. Não tenho experiência nem nunca usei esse tipo de isca, mas pelo que falam deve ser bastante eficaz.

Com relação à Jumping Jigs (pesca vertical), não temos experiência aqui no RN, e tampouco esse tipo de pesca é praticado, mas temos certeza que com a quantidade de “cabeços” que temos, é sucesso garantido. Vamos aguardar e torcer para que venha para cá algum especialista no assunto, para ensinar como se pesca e qual o material necessário, pois o que sabemos é só por revistas e programas de televisão, mas nada como na prática.

Complementando a matéria, finalmente finalizamos o DVD “O MUNDO DAS ISCAS ARTIFICAIS”, segue abaixo 10 partes:

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Sobre o autor

Marco Antônio Guerreiro Ferreira

 
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