Saída da AVEN por volta das 19h de uma sexta-feira, o barco é um catamarã cabinado com motor 40hp (somente para manobras, pois o vento é generoso) de 42 pés.



São Luís já ficando bem distante...

Chegamos aos pesqueiros impulsionados pelos fortíssimos alísios.

Esses pesqueiros estão localizados dentro do canal que conduz os navios aos portos de São Luís, sendo indicados pelas bóias de sinalização. Por volta da meia-noite a pescaria foi iniciada com uma correnteza impressionante que não deixava os JJ´s de 400g chegarem ao fundo... a galera ainda tentou com sardinha, mas a linha somente assentava com 2kg, tornando o negócio impraticável... melhor mesmo foi ir dormir e esperar a situação melhorar com a chegada do reponto (obs.: não é o Michael, apesar da cor e da luva).


A propósito, a palavra Maranhão significa, em dialeto tupi, “lugar por onde as águas correm”... poético e verdadeiro!
Por volta de 6h da manhã eu já estava na fissura tentando pegar os grandes “bijus” que ficam encostados nas bóias, aí o material é outro: Jet Popper e iscas de meia-água grandes arremessadas passando da estrutura...


Enquanto isso, a turma abria os trabalhos com os peixes de fundo...

Ciobas, peixes-rei e galos do alto davam o tom!



Como os “bijus” não queriam saber de muita conversa, então resolvemos apelar para os dourados, e tivemos relativo sucesso... muito bom vê-los atacar as iscas de superfície!


No comando do barco, mr. GPS Man, mestre Antônio, o homem que conhece excepcionalmente bem nosso traiçoeiro e perigoso mar.

E fazendo, jus à fama, o cicerone começou a ficar agitado, as ondas cada vez maiores e, após cerca de 5h de pescarias, estávamos retornando para as águas costeiras, mais calmas e habitat preferencial do “Guerreiro Inoxidável” – o Tarpon ou camurupim... ou ainda pirapema, como chamamos aos indivíduos mais jovens!
Os pontos de pesca são lugares belíssimos, junto a praias de areia fina protegidas pelas escarpas das falésias. Algumas dezenas de metros dentro d’água afloram alguns imponentes arrecifes, entre os municípios de Alcântara e Guimarães.

Nesta época do ano é comum vermos os cardumes de grandes tarpons entre a ponta de Pirajuba e a Baía de Cumã... já próximo à praia de Araoca (cidade de Guimarães). É também nessa região, mais precisamente no “Baixo dos Atins”, que naufragou o Ville de Boulogne, navio francês que regressava da França trazendo um dos grandes poetas brasileiros - o maranhense (de Caxias) Gonçalves Dias. Agonizando por causa de uma grave enfermidade, ele foi a única vítima fatal do acidente, tendo sido esquecido em seu leito após a colisão com os rochedos.

Pouco antes da temporada de ventos começar, os camurupins se juntam em numerosos bandos para refestelarem-se em banquetes a base de muita sardinha e guaravira, cujos cardumes também estão retornando após 6 meses de migração por conta de águas costeiras com temperaturas mais baixas e teor reduzido de sal, graças às fortes chuvas que assolam a região de fevereiro a julho.
Bem, voltando a nossa pescaria, . durante os arremessos com iscas de superfície notamos que os tarpons não estavam “boiados” (fazendo “rolling” como dizem os americanos), o jeito foi partir para a apelação com iscas de meia-água, jigs e shads... e foi justamente neste último que tivemos a primeira surpresa: um belo merinho!


Alguns minutos depois, percebi que aquela seria uma pescaria diferente de tarpons adultos – ou seria melhor dizer “muito comum”!?! – pois os protagonistas não gostam de posar para fotografias. Os meros, por sua vez, estavam enlouquecidos: 6 no total, sendo 4 acidentalmente (que voltaram para água, como os das fotos), e 2 de forma intencional


O maior deles, infelizmente e sob muitos protestos, foi ferido por um arpão em sua primeira subida à tona! Era um peixe com mais de 100kg e, por uma questão de respeito, vou poupar-lhes da foto.
Os meros são animais inofensivos e protegidos por lei que se reproduzem somente durante uma ou duas semanas por ano, quando realizam um verdadeiro frenesi de acasalamento. Para o azar de todos nós, essas semanas costumam acontecer no mês de agosto, exatamente quando fizemos a pescaria!

Algumas panorâmicas mostrando a riqueza de nossa costa!




Cruzando com os navios de minério na volta para casa.


Pessoal, foi isso... acredito que no próximo relato estarei postando uma bem sucedida pescaria de grandes tarpons, conforme previsto no roteiro!

Grande abraço a todos!