Cenas do cotidiano: Elevador

Vamos contar aqui as histórias e causos de pescarias mais incríveis que já escutamos e/ou participamos.

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Cenas do cotidiano: Elevador

Postagem Número:#1/1  Mensagempor Tarpon » 12/11/2008 - 12:01:17

Um cliente desses bem desorganizados, que tem uma semana para resolver uma questão e de repente quer decidir tudo em meia hora me liga.
—Tô passando aí agora para pegar a mercadoria!
—Agora não dá estou de saída! Porque tu não me ligaste com antecedência?
—É que estou avexado e tô indo pro interior!
Lá se foi meu almoço!
Apesar dos impropérios acabei concordando, afinal dinheiro sempre é bem vindo.
Com ajuda do zelador do prédio desci com algumas caixas pelo único elevador que funcionava, (rotina do prédio) até o térreo onde estava um sujeito de aparência meio cômica com uma sacola na mão e um capacete de motoqueiro preso sob o braço. Cabelos pintados de amarelo e uma caveira tatuada no antebraço esquerdo. Estava apressando e mal se abriram as portas lá veio querendo forçar a entrada com um passo por sobre as caixas. Com o elevador parado na trava de segurança fiquei bloqueando a entrada enquanto meu “ajudante” retirava as mercadorias. O sujeito continuou forçando a passagem e falou alguma coisa incompreensível, mas percebi que tinha conotação provocativa e que traduzia, mesmo disfarçadamente, sua impaciência.
—Tu estás com pressa? Perguntei com certa ironia.
—Claro! A resposta foi seca e meio debochada.
—Então vá pela escada!
—Eu não vou subir escada nenhuma!
—Então se não dá prá ti não me aperreie! Agüente aí!
—Vocês têm mania de ficar segurando o elevador carregando essa bagulhada só prá atrapalhar a vida da gente!
Achei muita saliência de um cara que estava em trânsito pelo edifício.
—Tu trabalhas aqui? Perguntei tentando demonstrar um pouco de educação.
—Não!
—Paga condomínio?
—Não!
—Tá muito avexado tá?
—Tô!
—Então vá toma no seu c... e suba pela escada.
Ficou em silêncio, mas andando de um lado para outro.
Acabamos de tirar os volumes, liberei a trava da pausa e imediatamente o elevador subiu. Alguém do quinto andar apertara o botão de chamada. Teria que esperar mais um bocado de tempo até a descida lenta com paradas e, certamente, com escalas em todos os andares abaixo.Apesar do horário não ser de “pico”, havia apenas aquele elevador funcionando.
Era um desses entregadores de “quentinha” refeições naquelas embalagens de alumínio e que, a deduzir pelo horário, os clientes estavam famintos e putos da vida.
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