Não obstante a previsão de tempo desfavorável para pesca esportiva, aceitei sumariamente o convite e comecei os preparativos para essa inesquecível empreitada, para, assim, poder sentir ao vivo e a cores a emoção de fisgar grandes tucunarés azuis.
Procurei orientação de amigos e grandes Mestres do ramo da pesca esportiva, como o saudoso Marcos Réia, Saulo Nazion, Felipe Brito, Wagner, Alexandre Cardoso (Miudinho), Chrony Joseph, o espalhafatoso Alexandre Dantas (Xandão), e muitos outros, pois sabia que pela frente viria um grande desafio envolto por uma densa e misteriosa floresta.
Aproveito o momento para agradecer o reconhecimento e confiança à mim depositados pelos membros da equipe JAMPAFISHING, especialmente os amigos Saulo Marden Nazion e Felipe Brito.
Após quase 2 meses de muitas expectativas e estudos quanto às condições que iria encontrar em Serra da Mesa, conseguimos, em fim, reunir todos os membros integrantes da expedição que outrora me trouxe muitas alegrias. São eles: Cristiano Gentili (Empresário), Álvaro Gouveia (Empresário), Dr. Corrêa (Médico), Dr. Corrêa Junior (Delegado), George Corrêa (Empresário), Dr. João Batista (Diretor de Pesca do Iate Clube do Natal/RN e Médico), Dr. Chim (Médico), Chao (Empresário Paulista) e Eric Carreras Homem de Siqueira (estudante).

Assim que desembarcamos no Aeroporto Internacional de Brasília fomos recepcionados pelo Ilustre anfitrião Dr. José Carlos Gentili, detentor de um gabarito invejável e pessoa por quem tenho grande apreço e consideração. O Dr. Gentili é pai do Cristiano Gentili, membro de nosso grupo.
Após os cumprimentos de boas vindas, fomos direto à Feira dos Importados investir nos materiais que nos guarneceriam na pescaria dos dias subseqüentes.
Chegando lá, dirigimo-nos à loja do Sr. Estácio, a Estácio Pescaria, onde fomos muito bem tratados e onde pretendo voltar sempre que for à Brasília. O Sr. Estácio também é pescador esportivo e adepto ao pesque & solte. Pude conferir sua latente habilidade num DVD, cedido por ele à mim, onde participou de um episódio do programa Pescar e Preservar. Show de bola, recomendo!


Depois de termos nos municiado com mais de 50 iscas, dos mais variados modelos e marcas, além dos caniços, linhas e leaders compatíveis com nosso objetivo, fomos pacientemente direto à pousada Estância Serra da Mesa, sobre as estradas cada vez mais sem fim diante dos nossos olhos ansiosos.
As expectativas continuaram mais fervorosas quando nos deparamos com a chegada em Niquelândia, onde tivemos um momento para descontração e algumas fotos.

Ainda tivemos tempo para formar um grupo de jogadores de pôker, com direito a apostas e muitas cervejas. Nesse ai só durei umas 3 rodadas e desisti, pois não sou muito bom no carteado.


Teve até quem preferisse um bom tempo de soneca.

Antes tarde do que nunca, chegamos à comentada pousada Estância Serra da Mesa, direto para mesa de refeições, onde fomos cortejados com um delicioso buffet à moda da casa. Saboreamos o que nos deram, o que pedimos e o que sobrou nas mesas...rs.

Lá também conheci o Sr. Washington, de São Paulo, referencia na pesca esportiva e grande conhecedor das técnicas de se pescar tucunarés azuis em Serra da Mesa. Pessoa finíssima e dono de muita simpatia.
Quase uma madrugada inteira sem dormir, dominado pela ânsia de pescar o mais cedo possível, me levantei arrumei as tralhas e corri pro abraço. O Dr. Corrêa foi meu parceiro no primeiro dia de pesca.
A caminho do píer, fiz algumas fotos do percurso até o barco e da belíssima alvorada que nos prestigiou até mesmo com o canto das aves. Percebam que o fominha Dr. Corrêa não quis perder um tempinho sequer.



Nosso primeiro guia foi o Preto, que nos levou em formidáveis locais de pesca, mas que não foram tão gentis e conciliáveis quanto às nossas expectativas. Mas como nossos Santos são de ferro, tiramos leite até de pedra. Ainda pela manhã, consegui fisgar um belo tucunaré azul de 2,5kg que me encheu de alegria.


Até uma traíra atrevida entrou na dança e quase me matou de susto quando atacou ferozmente minha isca de superfície.

Na hora do almoço silvestre, no meio do mato, ainda tive a audácia de ficar pinchando nas margens do lago e, surpreendentemente, fisguei um belo exemplar de tucunaré amarelo, este para variar a espécie de tucunaré azul que habitam aquelas águas, embora seja minoria.


Algumas pessoas e um pescador (eu):

Outros preferiram tirar um cochilo.

Dr. Corrêa teve sua felicidade ainda nos 30 minutos do segundo tempo, fisgando um bonito tucunaré azul que só faltou lhe enrolar na própria linha de pesca.

Fora esses três peixes acima colacionados, tive a habilidade de fisgar outras tricks para não passar a tarde em branco.



No segundo dia de pescaria, tive a satisfação incomensurável de conhecer um grande conhecedor e exímio piloteiro do local, que me levou aos mais fantásticos pesqueiros que se pode encontrar em Serra da Mesa. A ele dedico todo o resultado positivo desta pescaria. O nome do Homem-peixe é Márcio, a quem fica minha indicação como guia em Serra da Mesa.

Durante a caçada aos grandes tucunarés azuis, paramos sobre uma ilha submersa que poderia ser um local em potencial para captura do nosso primeiro troféu do dia.
Não distintamente de nossas expectativas, o primeiro tranco. Um belíssimo tucunaré azul engata na isca de meia água e quase me faz ter um infarto com tanta força que esbravejava.


A felicidade relutou bastante a restabelecer-se, pois, apesar das iniciativas frustradas, o clima estava muito desfavorável, fazendo muito frio.
Mesmo assim, diante de tantas insistências, engatei mais um peixe na garatéia, outro exemplar de peixe pré-histórico, uma traíra.

Encantados com a beleza exuberante das aves que lá residem, resolvi revelar algumas fotos de seu habitat juntamente com suas presenças.


Já com o sol mais fraco e os braços mais cansados depois de repetitivos e cansativos arremessos, percebi no remanso uns rebojos que me fizeram direcionar toda atenção. Sendo assim, senti o tranco que pareceu ser um submarino arrastando minha isca e fazendo minha carretilha cantar. Era uma belíssima fêmea de tucunaré azul que mediu nada mais nada menos que 4kg de pura beleza.



Mesmo após a soltura da belíssima fêmea que fez minha alegria do dia, percebi, novamente, que os rebojos continuavam e não demorou para ver que era um cardume passando por lá.
Arremessei minha isca e a cada arremesso uma puxada, até que entrou outro belo tucunaré azul, sendo este de menor tamanho, por volta dos 3kg.

Não muito longe do local dessas ultimas capturas, descobrimos um paraíso de estruturas que nos abriu bastante o apetite pelos arremessos com iscas de superfície grandes, uma vez que se formava uma piscina imensa de água lisa em torno de estruturas que vão deixar o que falar.
Logo nos primeiros arremessos com minha dr. Spock da KV, um furioso macho que tucunaré azul rebojou três vezes em cima da isca até abocanha-la e me propor um duelo. Foi uma briga espetacular que me favoreceu belíssimas fotos com esse rei do Lago de Serra da Mesa, medindo singelos 5kg de pura brutalidade.


Não obstante ao estardalhaço provocado pelo macho naquelas águas calmas, não demorou muito para sua fêmea vir tirar satisfação com minha isca, me enchendo os olhos de alegria e desenhando o espaço com seus lindos saltos. Ela mediu 4kg de pura beleza.

Quando comecei a pensar ser um final de pescaria feliz, continuei com meus quilométricos arremessos no mesmo local onde havia fisgado dois belíssimos peixes e outra surpresa. Outra bela fêmea dá o ar da graça e me confirma o favoritismo para aquele dia de pescaria. Parecia até a irmã da que anteriormente me satisfez. Deu a mesma medida de peso, 4kg.



Já que o local sorriu para nós, continuamos por lá, buscando explorar todas as estruturas que enfeitavam o ambiente, até que um corró, peixinho nativo de lá, pula para dentro do barco. Parecia até um aviso para não sair-mos de lá, pois um grande troféu ainda nos aguardava.

Troquei a isca por uma de meia água, aquela magnética azulzinha, e tentei arremessar para o outro lado, mas sem nenhuma ação.
Deitamos um pouco para descansar, tomar algumas águas e coca-colas, até que o tempo começou a abrandar.
Combinamos que eu daria o ultimo arremesso com uma isca alimai verde de superfície antes de irmos embora.
Deixei a encargo do grande piloteiro dizer o local do arremesso, sendo a resposta simultaneamente erigida: Arremesse ali, entre aquelas arvores secas!
Acho que baixou um santo naquela hora, pois quando arremessei entre as estruturas e comecei a trabalhar a isca em zara na superfície, um grande estouro assolou o silencio do paraíso, fazendo minhas pernas tremerem sem saber o que poderia ser.
A primeira puxada tirou linha da minha carretilha como se tivesse rebocando um carro. A linha esticada no vento parecia a corda de um violão que tocava sem parar. Inacreditável o tamanho daquele monstro que saltava na minha frente, sem medo de se exibir, me desafiando como se eu fosse um grande adversário.
Quando voltei a realidade e percebi que era o peixe da minha vida, segurei firmemente meu caniço e aceitei o desafio. Tentei de toda forma livrar o enrosco, as pauleiras, as pedras que poderiam romper a linha e, consequentemente, perder o meu troféu.
Diante de tanto sacrifício e disputa, consegui colar o nó do líder à ponteira de minha vara, trazendo à nossas vistas o azulão que parecia dar cor ao céu.
O experiente piloteiro logo se adiantou com o alicate para garantir o peixe e gritando: Eric, arruma a maquina que esse é grande! Quase que não consegui me mover.
Quando deixei tudo preparado, o saudoso amigo levantou aquele que seria a dádiva da pescaria, me entregando como se fosse um filho/bebê.
A primeira providencia que tomei foi verificar o peso do animal, o que fez meu coração disparar a velocidade de bala. O bitelo marcou 6kg de muita, mas muita emoção. Dizem as pessoas de lá que nunca viram um peixe tão grande registrado em foto. Me resta a crer num novo recorde. Só não chorei porque não tinha lágrima pronta.





Olhem meu semblante fervoroso de alegria com a isca campeão na boca... KKKKKKKKKK

Esse cidadão de bem ao meu lado fez a diferença na pescaria, por isso, é a ele que dedico essa vitória.

Feliz demais no terceiro dia, sai sem muita obrigação de fisgar um grande peixe, querendo, assim, curtir um pouco da paisagem local.
Logo cedo, peguei dois pequenos tucunarés e só.


Agora, no fim do terceiro dia, restando apenas as belíssimas fotos das araras azuis que dominam os ares de Serra da Mesa.




No quarto e ultimo dia de pescaria, que ocorreu numa quinta-feira, optei por fazer uma pescaria com isca viva para tentar pegar algumas piranhas, caranhas, pacus e corvinas.
Infelizmente, não conseguimos nada disso, pois as piranhas pareciam estar com tamanho muito inferior ao desejado e devoravam tudo antes de chegarem ao fundo do lago.
Ainda assim, consegui pegar um pequeno tucunaré que não me deu muito trabalho pra embarcar.

Abusei de tentar a pescaria com iscas vivas e retornei ao espírito das iscas artificiais. Nesse ritmo, ainda peguei mais três pequenos tucunarés com isca de superfície.



Sem poder deixar de mencionar, no ultimo dia perdi o tucunaré que provavelmente pudesse ser maior do que o maior que eu peguei. O monstro engatou na alimai verde de superfície empenando até os olhos da isca, finalizando com um salto que arrebentou minha pobre isca ao meio!
(As fotos da isca quebrada postarei assim que minha maquina chegar da assistência técnica)
Durante a viagem de volta à Brasília, passamos por algumas pontes que cobrem trechos do lago de Serra da Mesa, onde fiz algumas fotos para compartilhar com os amigos.




Na sexta-feira estivemos na fazenda do Dr. Gentili, onde sofremos o terrível acidente provocado por uma capivara. Estávamos trafegando por um córrego estreito do lago na fazenda mencionada, quando uma capivara saltou dentro d’água jogando todos que estavam embarcados junto com ela. Razão esta que minha maquina fotográfica e celular estão na assistência técnica, sem falar que perdi meu óculos e molhei tudo que estava sob meu domínio.
É isso ai, pessoal. Espero que este breve relato de quatro dias em Serra da Mesa possa reviver todas as emoções vividas por mim no coração de todos aqueles que prezam pela pesca esportiva no nosso país.
Faço isso por cristalina consideração e fraternidade que deposito à cada visita aos fóruns de pesca que fomentam nosso esporte.
Um grande abraço à todos e espero poder vir a fazer belas pescarias como esta.