Grandes pescadores,
Retornamos da Ilha da Macacoeira na última sexta feira.
A viagem de ida, devido a um problema de última hora, foi adiada para domingo. Permanecemos na Macacoeira 2ª, 3ª. 4ª e 5ª feiras. Fomos eu e o Alessandro. O Juba, infelizmente não pode ir devido a um compromisso na 2ª.
As condições climáticas estavam excelentes, excetuando o último dia que ventou e choveu muito. Surpreendeu-nos termos tido três dias consecutivos de tempo favorável, com a baia calma como uma piscina, o que permitia a visualização dos tarpons ondulando a superfície ou no ataque às presas com aquelas explosões características quando sai da água.
Na segunda feira tivemos algumas ações na artificial, contudo, sem sucesso. Dava para perceber que os exemplares eram grandes. E como sempre demonstravam desinteresse pelos plugs tanto de maia água quanto aos de superfície. Não estavam se aproximando muito do barco e isso dificultava os lançamentos quando visávamos direcionar os plugs nos locais de aparecimento. Não adiantava ficar se locomovendo em direção ao ponto da avistagem, considerando que, as manobras de desancorar, ligar motor e manobrar um barco grande, acabariam por assustá-los. Não levamos o barco de apoio com motor de popa e elétrico. Isso fez uma diferença muito grande. As ações do dia foram poucas e rápidas. Mas serviu para acelerar a adrenalina e principalmente certificarmos-nos de que eles estavam freqüentando o pesqueiro.
Terça feira de madrugada, maré começando a subir, mar liso quase sem brisa e o dia nublado. Tudo perfeito. No barco água, uma farofa de carne de sol e umas latinhas coloridas no gelo que agora acabei esquecendo o nome da bebida. No caminho, ao passarmos por um curral que estava sendo despescado, tivemos a idéia de conseguir junto aos pescadores algumas guaraviras para fazermos uma tentativa com iscas naturais, no caso de não entrarem nos plugs. Fundeamos a embarcação em um ponto diferente, porém, próximo do dia anterior. Não demorou muito para o Alessandro avistar o primeiro. Embora saindo longe do barco ficamos tentando os lançamentos com plugs. Estavam realmente esnobando todos nós. O Alessandro insistiu muito com as artificiais e, em certo momento, em uma das raras aparições de aproximação, quase acertou a cabeça de um deles. Mas não atacou. Resolvemos mudar a tática. Iscas naturais de guaravira, uma de suas prediletas. A impressão que tínhamos era que também não iria funcionar. O tempo passava, eles estavam lá e nada. Demorou, mas entrou um. A arrancada foi violenta e rápida! Levantou a uns trinta metros da popa espargindo água para os lados. Preparamos-nos para a tomada de linha, porém, de forma incrível, veio de encontro à embarcação, passou pela popa em direção à proa. Sua celeridade era superior ao recolhimento da linha. Saltou a boreste, deu a volta pela proa numa espantosa velocidade que a linha na superfície, cortando a água, lembrava o efeito de um jet ski soltando aquele spray na traseira. No seu terceiro e mais espetacular salto a bombordo, bem próximo ao barco, sacou o anzol da boca. Seu corpo brilhante, refletindo o que parece ser um revestimento de inox em quase todo o corpo, saiu cerca de ¾ da água. Senti os respingos nas pernas, porém, não tínhamos mais nada a fazer. A adrelanina foi lá em cima! Fomos tomados de um nervosismo repentino. Nossas mãos tremiam e nossas vozes embargadas. A ação toda não deve ter durado mais que um minuto. Qualquer consideração sobre o tamanho ou peso de um peixe que não se embarca é mera especulação. Contudo era um tarpon muito grande! O maior que já tivemos a oportunidade de fisgar.
Fomos refazendo-nos aos poucos, todavia, perdemos de vez a concentração, era impossível relaxar. Não houve tempo para imagens, embora eu estivesse com a câmara não mão. Mas gravamos na mente. Ainda tenho aquela imagem de sua enorme boca aberta quase que, com suas entranhas à amostra. O Alessandro focou mais seus olhos. Grandes e intimidadores. Sentamos no convés, bebemos água e começamos a dissertar sobre tudo que tinha acontecido. Reconsideramos algumas situações e fizemos algumas reflexões sobre o que poderia ter saído errado. Não tínhamos como parar de passar o filme mental em duas versões diferentes, mais de conteúdo semelhante. Apenas algumas nuanças que dependiam do ponto de visão de cada um. O consolo é que, outras experiências já nos ensinara, o tarpon não é assim, de ir ferrando, embarcando e comemorando. Ele é sagaz, extremamente brigador, pura energia, força bruta, um oponente de muito respeito e exímio empreendedor de fugas.
Durante a noite, já no rancho os comentários não podiam ser outros. Não conseguimos dormir direito! As esperanças e otimismo foram transferidos para o dia seguinte.
Quarta feira, o dia prometia muito. Entretanto o misto de entusiasmo e euforia nos fez esquecer totalmente das iscas naturais. Os currais dos pescadores nativos já tinham sido todos despescados. Se fossemos atrás de iscas naquele momento a possibilidade de encontrá-las era mínima e poderíamos perder o melhor momento da maré. Optamos pela pescaria de artificiais apenas. Novamente estavam lá, ora mostrando apenas a barbatana dorsal, ora no ataque às presas provocando enormes rebojos na água. Após horas e horas nas tentativas, revezando plugs de todos os tipos. Não houve nenhuma ação sequer. Estávamos cansados e no dia seguinte teríamos que vir para São Luís, conforme programado. De volta ao rancho decidimos ficar mais um dia, a 5ª feira. A programação fora para o espaço. Isso tudo, induzidos pelas imagens ainda fortes do tarpon perdido na terça feira e movidos pelo imenso desejo de engatar um dos grandes.
Quinta feira de madrugada choveu muito e contrariando nossos conhecimentos do local, começou a ventar e a chover novamente no início da manhã. A expectativa era de que no decorrer do dia as condições climáticas melhorassem. Não houve acordo! Voltamos ao rancho para aproveitar a tarde descansando, arrumar tralha para voltarmos e, não tinha como evitar, comentar mais sobre o tarpon perdido na terça feira.
Para piorar a situação, tivemos que, novamente, usar o tempo ocioso para comer uma pescada no leite de coco, camarão fresco frito, assado, camaroada e .....abrir aquelas latinhas coloridas com líquido estupidamente gelado. No dia seguinte, sexta feira, embarcamos para São Luís. Ainda estamos com o filme rodando na cabeça de forma muito nítida e contínua.
Há anos perseguimos os grandes tarpons na região. Sempre, por algum detalhe, estamos deixando o prateado escapar, ou, numa colocação mais fiel, ele consegue é quem consegue fugir. Mas alguma coisa nos diz que neste ano ainda vamos conseguir o cobiçado troféu de um tarpon bombado.
Estamos armando outra viagem para o dia 10 ou 11 de maio.
Retornamos da Ilha da Macacoeira na última sexta feira.
A viagem de ida, devido a um problema de última hora, foi adiada para domingo. Permanecemos na Macacoeira 2ª, 3ª. 4ª e 5ª feiras. Fomos eu e o Alessandro. O Juba, infelizmente não pode ir devido a um compromisso na 2ª.
As condições climáticas estavam excelentes, excetuando o último dia que ventou e choveu muito. Surpreendeu-nos termos tido três dias consecutivos de tempo favorável, com a baia calma como uma piscina, o que permitia a visualização dos tarpons ondulando a superfície ou no ataque às presas com aquelas explosões características quando sai da água.
Na segunda feira tivemos algumas ações na artificial, contudo, sem sucesso. Dava para perceber que os exemplares eram grandes. E como sempre demonstravam desinteresse pelos plugs tanto de maia água quanto aos de superfície. Não estavam se aproximando muito do barco e isso dificultava os lançamentos quando visávamos direcionar os plugs nos locais de aparecimento. Não adiantava ficar se locomovendo em direção ao ponto da avistagem, considerando que, as manobras de desancorar, ligar motor e manobrar um barco grande, acabariam por assustá-los. Não levamos o barco de apoio com motor de popa e elétrico. Isso fez uma diferença muito grande. As ações do dia foram poucas e rápidas. Mas serviu para acelerar a adrenalina e principalmente certificarmos-nos de que eles estavam freqüentando o pesqueiro.
Terça feira de madrugada, maré começando a subir, mar liso quase sem brisa e o dia nublado. Tudo perfeito. No barco água, uma farofa de carne de sol e umas latinhas coloridas no gelo que agora acabei esquecendo o nome da bebida. No caminho, ao passarmos por um curral que estava sendo despescado, tivemos a idéia de conseguir junto aos pescadores algumas guaraviras para fazermos uma tentativa com iscas naturais, no caso de não entrarem nos plugs. Fundeamos a embarcação em um ponto diferente, porém, próximo do dia anterior. Não demorou muito para o Alessandro avistar o primeiro. Embora saindo longe do barco ficamos tentando os lançamentos com plugs. Estavam realmente esnobando todos nós. O Alessandro insistiu muito com as artificiais e, em certo momento, em uma das raras aparições de aproximação, quase acertou a cabeça de um deles. Mas não atacou. Resolvemos mudar a tática. Iscas naturais de guaravira, uma de suas prediletas. A impressão que tínhamos era que também não iria funcionar. O tempo passava, eles estavam lá e nada. Demorou, mas entrou um. A arrancada foi violenta e rápida! Levantou a uns trinta metros da popa espargindo água para os lados. Preparamos-nos para a tomada de linha, porém, de forma incrível, veio de encontro à embarcação, passou pela popa em direção à proa. Sua celeridade era superior ao recolhimento da linha. Saltou a boreste, deu a volta pela proa numa espantosa velocidade que a linha na superfície, cortando a água, lembrava o efeito de um jet ski soltando aquele spray na traseira. No seu terceiro e mais espetacular salto a bombordo, bem próximo ao barco, sacou o anzol da boca. Seu corpo brilhante, refletindo o que parece ser um revestimento de inox em quase todo o corpo, saiu cerca de ¾ da água. Senti os respingos nas pernas, porém, não tínhamos mais nada a fazer. A adrelanina foi lá em cima! Fomos tomados de um nervosismo repentino. Nossas mãos tremiam e nossas vozes embargadas. A ação toda não deve ter durado mais que um minuto. Qualquer consideração sobre o tamanho ou peso de um peixe que não se embarca é mera especulação. Contudo era um tarpon muito grande! O maior que já tivemos a oportunidade de fisgar.
Fomos refazendo-nos aos poucos, todavia, perdemos de vez a concentração, era impossível relaxar. Não houve tempo para imagens, embora eu estivesse com a câmara não mão. Mas gravamos na mente. Ainda tenho aquela imagem de sua enorme boca aberta quase que, com suas entranhas à amostra. O Alessandro focou mais seus olhos. Grandes e intimidadores. Sentamos no convés, bebemos água e começamos a dissertar sobre tudo que tinha acontecido. Reconsideramos algumas situações e fizemos algumas reflexões sobre o que poderia ter saído errado. Não tínhamos como parar de passar o filme mental em duas versões diferentes, mais de conteúdo semelhante. Apenas algumas nuanças que dependiam do ponto de visão de cada um. O consolo é que, outras experiências já nos ensinara, o tarpon não é assim, de ir ferrando, embarcando e comemorando. Ele é sagaz, extremamente brigador, pura energia, força bruta, um oponente de muito respeito e exímio empreendedor de fugas.
Durante a noite, já no rancho os comentários não podiam ser outros. Não conseguimos dormir direito! As esperanças e otimismo foram transferidos para o dia seguinte.
Quarta feira, o dia prometia muito. Entretanto o misto de entusiasmo e euforia nos fez esquecer totalmente das iscas naturais. Os currais dos pescadores nativos já tinham sido todos despescados. Se fossemos atrás de iscas naquele momento a possibilidade de encontrá-las era mínima e poderíamos perder o melhor momento da maré. Optamos pela pescaria de artificiais apenas. Novamente estavam lá, ora mostrando apenas a barbatana dorsal, ora no ataque às presas provocando enormes rebojos na água. Após horas e horas nas tentativas, revezando plugs de todos os tipos. Não houve nenhuma ação sequer. Estávamos cansados e no dia seguinte teríamos que vir para São Luís, conforme programado. De volta ao rancho decidimos ficar mais um dia, a 5ª feira. A programação fora para o espaço. Isso tudo, induzidos pelas imagens ainda fortes do tarpon perdido na terça feira e movidos pelo imenso desejo de engatar um dos grandes.
Quinta feira de madrugada choveu muito e contrariando nossos conhecimentos do local, começou a ventar e a chover novamente no início da manhã. A expectativa era de que no decorrer do dia as condições climáticas melhorassem. Não houve acordo! Voltamos ao rancho para aproveitar a tarde descansando, arrumar tralha para voltarmos e, não tinha como evitar, comentar mais sobre o tarpon perdido na terça feira.
Para piorar a situação, tivemos que, novamente, usar o tempo ocioso para comer uma pescada no leite de coco, camarão fresco frito, assado, camaroada e .....abrir aquelas latinhas coloridas com líquido estupidamente gelado. No dia seguinte, sexta feira, embarcamos para São Luís. Ainda estamos com o filme rodando na cabeça de forma muito nítida e contínua.
Há anos perseguimos os grandes tarpons na região. Sempre, por algum detalhe, estamos deixando o prateado escapar, ou, numa colocação mais fiel, ele consegue é quem consegue fugir. Mas alguma coisa nos diz que neste ano ainda vamos conseguir o cobiçado troféu de um tarpon bombado.
Estamos armando outra viagem para o dia 10 ou 11 de maio.