Ainda sob o efeito analgésico causado pela pescaria realizada durante o encontro na Barra do Cunhaú, bateu aquela vontade de repetir a dose. Só que o cenário haveria de ser mais perto - tão perto que pudemos contar com a bem-vinda presença do nobre amigo pernambucano, Apolinário. O cabra tava num "alvoroço" só, e muito empolgado com os planos de pescarmos no Rio Gramame, aqui mesmo na região metropolitana de João Pessoa (PB). Telefonemas trocados no improviso, e mais dois companheiros, Narbal e Allysson toparam enfrentar o mangue.
Fabrício, Jether e Jonathan, honrando outros compromissos, não puderam nos acompanhar. Elias já disse que na próxima pescaria estará conosco. Estaremos aguardando!
Há muito tempo que planejava conhecer o Rio Gramame, seu mangue de canais serpenteados e - claro - a diversidade de peixes relatados por outros pescadores que por lá passaram. Xaréis, tarpons, robalos, caranhas e até tucunarés são pegos por lá (tucunarés?) Isso mesmo, tucunarés também. Então, não me restou outra opção neste último sábado... entre lavar o carro, fazer compras e adiantar demais pendências domésticas, preferi a dura rotina de estar sobre o caiaque, pescando e contemplando cada vestígio digital da mamãe natureza (ela também é Paraibana!)
Estreantes no mangue: Alysson e Apolinário
Às 05:00h eu, Allysson e Narbal nos encontramos e saímos em comboio. Tentei contato com Apolinário, que madrugou e enfrentou o trecho canavieiro entre nossos estados. Eu estava mais preocupado com a segurança dele do que com qualquer outro detalhe da pescaria - mas deu tudo certo; o rapaz chegou portando a simpatia de sempre, quase que ao mesmo tempo de nossa chegada.
Cordialidades trocadas, chegou a hora de entrar na água. O Gramame é um rio relativamente estreito, mas de correnteza bem acentuada - principalmente em sua foz. O local é considerado de risco para banhistas mais afoitos. O canal do rio também possui boa profundidade, o que permite o trânsito dos peixinhos que tanto queríamos ver na ponta de nossas linhas. Exploramos 7 Km do rio, a partir de sua foz.
Fotos:

Alysson, Apolináro e Narbal


Entrada da Barra de Gramame

Narbal arriscava logo no começo

Sinais de que os peixes tinham abrigo

Apesar de dispormos de condições favoráveis, encontrar o peixe não estava fácil. Apolinário estava empenhado na procura pelo "robalão". E o pior é que víamos os peixes, se deslocando rapidamente - alguns bem grandes. Mas não queriam atacar. Em dado trecho de nossa incursão, os tarpons começaram a fazer graça... mas nada de abocanhar as iscas.
Depois de remar alguns quilômetros, contemplando um estuário ainda conservado através das inúmeras curvas que o rio fazia, acertamos alguns robalinhos famintos. Tive uma ação, e consegui fisgar o danadinho... só que ele - mais esperto - pulou fora antes mesmo de posar para foto. Mas era apenas o começo:


Este não escapou!
O "robalão" sofria uma perseguição implacável por parte do amigo pernambucano.


Apolinário: cadê o "robalão", amigo?

A caçada perdurava, e Narbal era só felicidade.

Eu estava fazendo o que podia - e gostava
A galera estava inspirada, tendo inclusive desenvolvido (em laboratório) uma nova posição para nos acomodarmos em nossos caiaques - muito confortável e prática, pois temos acesso fácil aos compartimentos de nossas embarcações. É um protótipo, e ainda será melhorado. Só alertamos que, aos que desejarem arriscar, quando elevamos o posicionamento do acento em um caiaque, alteramos também seu centro de equilíbrio, o que nos deixa com um risco maior de emborcar.


O grilinho da fábula de Pinóquio estava lá comigo - juro que é verdade.

Anaconda também apareceu - só que, infelizmente, sem vida.
No fim da tarde, antes de aportarmos, um cardume faminto que atacava tudo quanto era isca, nos deu as últimas ações (e que ações!) da pesaria:


Allyson estreou no mangue em grande estilo.
Não poderia deixar de descrever um acontecimento que marcou o dia: Apolinário estava batendo isca em um canto do mangue, quando - quebrando o silêncio, e quase matando os amigos de susto - todos ouvimos seu grito de felicidade. Um "mostro" submarino golpeou sua isca e saiu correndo sem destino. Ouvimos a fricção da carretilha soar alto. Lembrei da máquina para fazer o registro daquela cena fantástica... Allysson se aproximava contagiado. Todos estavamos boquiabertos... quando todo o encanto foi quebrado junamente com o "estalo" que estourou a linha.

Senhores... pelo piar da carretilha, envergadura da vara e pelo grito do pescador, a criança devia ser crescidinha
Será que era o "robalão"? Não sei... só sei que nem deu conta de que havia alguém querendo briga com ele.


Agora, para os mais detalhistas, que observam que "o peixe nem era tão grande assim" fiz um video que, apesar de simples (quase precário), será melhor trabalhado em nossas próximas aventuras. O verdadeiro objetivo dos vídeos é o de nos aproximar através do compartilhamento de bons momentos como este relatado aqui.
Pronto. Esta foi minha história desta semana. E se eu pudesse inerpretar sua moral, diria que o "robalão" pode não ter aparecido, mas a união firmada para este intento, a sensação obtida através da oportunidade que nos foi dada, o contato com a natureza e os planos seguintes - vão ser nossos novos motivadores. Tudo sem perder a fé em nosso criador.
Obrigado por mais esta, companheiros!