Caça às baleias

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Caça às baleias

Postagem Número:#1/1  Mensagempor Savio » 27/09/2012 - 07:18:19

Fonte: O Estadão

Estávamos no topo de um morro, na trilha que liga a Praia do Rosa à vizinha Praia do Luz, também em Imbituba. Lá embaixo, a quase 2 quilômetros de distância, uma baleia franca e seu filhote brincavam tranquilamente nas águas frias do litoral sul catarinense. Depois de exibir a cauda, a mãe passou vários minutos com a barriga para cima, como se estivesse relaxando. Aquela cena, no último dia de viagem, foi tão emocionante que só reforçou o que já havíamos concluído após contemplarmos dezenas de baleias: cada encontro com esses animais é uma experiência única.

Imagem
José Patrício/AE
Baleia franca na Praia do Rosa, litoral catarinense


As gigantes começam a chegar em Santa Catarina em julho, para acasalar ou dar à luz. Estão fugindo das águas geladas da Antártida, onde passaram o verão enchendo a barriga de crustáceos minúsculos chamados krill. Até novembro, elas curtem férias por aqui, atraindo visitantes para uma modalidade de ecoturismo em ascensão: a observação de baleias.

Na avistagem aérea feita no início da temporada de baleias deste ano, os biólogos do Instituto Baleia Franca (IBF) identificaram 103 exemplares na região, número que vem crescendo ano a ano. Ainda assim, não se compara à quantidade de jubartes, espécie que prefere o Nordeste do Brasil - no ano passado, foram 11 mil exemplares na costa brasileira.

Para garantir a segurança das francas em seu espaço de berçário e reprodução, uma Área de Preservação Ambiental (APA) foi criada no ano 2000, de Florianópolis à divisa com o Rio Grande do Sul - algo como 130 quilômetros de costa. Isso porque a espécie costuma nadar muito perto da areia. E se antes isso facilitava a caça predatória, agora permite contemplar o espetáculo natural durante um banho de sol (bons binóculos ajudam). Para vê-las mais de perto, vale participar de passeios em embarcações adaptadas.

Duas empresas baseadas em Garopaba, cidade vizinha a Imbituba, são licenciadas pela APA para oferecer o passeio. Fomos pela Vida, Sol e Mar - a outra chama-se Base Cangulo. Antes do embarque, assistimos a uma breve palestra sobre a anatomia, comportamento e os hábitos das francas na sede do IBF. Uma dica é nunca encostar nos animais, porque o homem não tem imunidade contra bactérias e vírus que habitam sua pele. O borrifo em formato de "V", por exemplo, é uma característica da espécie - e ajuda a localizá-la no mar. Também somos orientados a não bater o pé no fundo do barco quando os animais estiverem perto, o que pode deixá-las desorientadas.

Voltamos para a sede da empresa, onde vestimos roupas amarelas impermeáveis e coletes salva-vidas. Como "pintinhos amarelinhos", saímos pela areia em direção ao barco Baleia Franca III. Zarpamos apenas com as câmeras nas mãos (muito bem protegidas dos respingos). No caminho, os lindos paredões rochosos e os morros cobertos de Mata Atlântica servem de distração enquanto não chegamos às atrações principais.

Avistamos a primeira baleia na Praia do Rosa, após cerca de 30 minutos de navegação. "Ela está à uma hora", gritou o capitão. Significava que o mamífero estava à frente, um pouco à direita, como o ponteiro de um relógio marcando 1 hora. Conforme a legislação do Ibama, o barco desligou os motores quando chegou a aproximadamente 100 metros do animal. Todos sacaram suas câmeras e esperaram a franca mostrar mais do que borrifos. Sem sucesso. Em vez de ela se aproximar, foram as ondas, cada vez mais altas, que levaram a embarcação para perto da baleia. Tivemos de dar meia-volta por questões de segurança - não estava legal aquele clima de "barco Viking". Na noite anterior havia chovido um pouco e ventado bastante, o que deixou o mar agitado. Nem o Dramin ajudou um dos turistas.

Mais à frente encontramos duas mães com seus filhotes, crianças que já nascem com 4 metros e impressionantes 5 toneladas. As fêmeas chegam a 18 metros e 60 toneladas e são maiores que os machos: estes medem 15 metros e pesam 45 toneladas.

'Gasparzinho'. Seguimos viagem rumo à Praia da Barra da Ibiraquera, onde é maior a concentração de francas. "Hoje está cheio de baleias", comemorou o argentino Enrique Litman, dono da Vida, Sol e Mar. Ele acompanha quase todos os passeios, sempre com sua câmera profissional em mãos. Demos sorte: as baleias estavam mais exibidas, colocando as nadadeiras peitorais para fora da água. Rendeu belas imagens.

O melhor ainda estava por vir. Avistamos o filhote de franca mais famoso desta temporada: um bebê albino cheio de pontinhos pretos. O "dálmata" da Ibiraquera, batizado pelos moradores de Gasparzinho ou Fantasminha, é uma graça. Ele e a mãe, curiosos, chegaram bem perto do barco. Em seguida apareceu outra fêmea e Gasparzinho nadou na direção dela, deixando os biólogos a bordo confusos: afinal, quem seria a mãe do Fantasminha? "O filhote pode até se aproximar de outra fêmea, mas logo a mãe dele fará um movimento de cauda para chamá-lo", explicou Mônica Pontalti, coordenadora do IBF - todo passeio é acompanhado por um biólogo da entidade.

Satisfeitos e com os cartões de memória recheados de fotos, voltamos para Garopaba. Ao todo, havíamos encontrado 21 exemplares. "No passeio de barco dá para observar detalhes da baleia que não vemos da areia", avaliou o empresário holandês Ralph Winkelmolen, de 35 anos, que mora em São Paulo há 1 ano e meio e já havia observado jubartes na Bahia. O turista alemão Christoph Köhler, de 30, também saiu encantado. "Uma experiência incrível", disse. No dia anterior, ele já havia feito o passeio duas vezes. Concordamos: nunca é demais estar perto dessas gigantes.
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