Baixa variabilidade genética ameaça mero

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Baixa variabilidade genética ameaça mero

Postagem Número:#1/12  Mensagempor Chrony Joseph » 06/11/2011 - 22:43:35

Fonte: JC Ciência e Meio Ambiente

A variabilidade genética do mero, maior peixe ósseo do Atlântico Sul, é de baixa a moderada, revela pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco. Em nove localidades, da Guiana Francesa ao Paraná, varia de 32, 9% a 52, 4%. O resultado, afirmam os cientistas, é mais uma justificativa para prorrogar a moratória da pesca da espécie, válida até 2012.

Na portaria do Ibama, de 2007, o crescimento lento e a alta longevidade – um mero vive mais de 40 anos – figuram como as principais razões para a proteção da espécie. “Agora, a baixa variabilidade confirma que a espécie está criticamente ameaçada de extinção e precisa mesmo continuar resguardada”, diz o coordenador do estudo, Rodrigo Torres.

A análise do DNA foi feita em amostras coletadas de 95 exemplares, de dez l0 localidades. Apenas em uma – Santa Catarina – a variabilidade foi alta. Os pesquisadores ainda não sabem por que a diferença, mas acreditam que variações na temperatura e na turbidez da água na costa catarinense possam ter provocado o isolamento genético da população de meros. É o que os geneticistas chamam de unidade evolutivamente segmentada.

O perfil genético da população de meros de Santa Catarina é tão distinto que Rodrigo Torres acredita se tratar de uma nova espécie.“Embora morfologicamente não haja diferenças, geneticamente o grupo de meros do Paraná até a Guiana Francesa é um e o de Santa Catarina é outro”, afirma o biólogo, responsável pelo Laboratório de Genômica Evolutiva e Ambiental, do Departamento de Zoologia da UFPE.

As amostras analisadas são das nadadeiras do mero. O peixe, que atinge dois metros de comprimento, tem sete: duas pélvicas, duas peitorais, duas dorsais e uma caudal. “É preciso apenas um centímetro quadrado. O corte não machuca o animal”, garante Emilly Anny Benevides, que fez o trabalho para a dissertação de mestrado, sob a orientação de Rodrigo Torres. Emilly avaliou as amostras de tecido do peixe, cientificamente chamados Epinephelus itajara, por dois anos.

Os resultados permitiram ainda a equipe verificar o fenômeno da filopatria, que é a fidelidade da reprodutiva de uma população a determinada localidade. “Ou seja, os meros que se desenvolveram em Santa Catarina voltam ao local para se reproduzir”, explica Emilly.

Solitário, o mero costuma se agrupar no período reprodutivo em costões rochosos ou recifes próximos da costa. Curiosamente, as larvas migram para o estuário, onde se desenvolvem abrigadas nas raízes do mangue. “Passam aproximadamente quatro anos no manguezal”, revela Rodrigo Torres. “Daí a importância da conservação desse ecossistema.
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Postagem Número:#2/12  Mensagempor Savio » 07/11/2011 - 06:48:38

Espero que todos colaborem, esta espécie e muito importante.
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Postagem Número:#3/12  Mensagempor CacoMarinho » 07/11/2011 - 10:51:31

Interessante o estudo.
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Postagem Número:#4/12  Mensagempor Fernando Rego » 07/11/2011 - 19:17:32

Interessante!
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Postagem Número:#5/12  Mensagempor Gustavo Adelino » 07/11/2011 - 19:20:39

Torço muito que respeitem as proibição dessa espécie, que é muito amigável e dócil!

Fotos de meros que tirei há alguns anos atrás:

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Postagem Número:#6/12  Mensagempor Ferreiro_AL » 07/11/2011 - 19:30:50

Estudo interessantíssimo! Por sinal fotografei um filhote de mero semana passada. Essa quebra no perfil genético em Santa Catarina não é algo tão espantoso assim e está de acordo com o padrão de distribuição de outros animais marinhos tropicais, principalmente invertebrados. A fauna tropical chega sem problemas ao RJ, porém em Santa Catarina ela tem o limite meridional máximo, em áreas onde há acumulo de água mais quente, como em baías e lagunas.
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Postagem Número:#7/12  Mensagempor Gustavo Adelino » 07/11/2011 - 20:25:33

Ferreiro, gostei da explicação técnica. Isso significa que os meros têm mais chances de sobrevivência em águas tropicais, como as do nordeste?
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Postagem Número:#8/12  Mensagempor Ferreiro_AL » 08/11/2011 - 10:29:56

Infelizmente é o contrário meu camarada... A baixa diversidade genética das populações tropicais (Caribe ao NE) mostra que a espécie é mais sensível a reduções populacionais, que podem acabar com o Mero a médio e longo prazo. Com essa baixa diversidade é mais difícil para a espécie se manter viável em caso de sobrepesca e afins. Se a diversidade baixar a um nível crítico, por mais que se pare a pesca e outras agressões, o Mero estará condenado. É mais ou menos assim:

Espécies com alta diversidade genética --> são mais resistentes a perdas populacionais e podem se reconstituir com um número relativamente pequeno de indivíduos.

Espécies com baixa diversidade genética --> são muito frágeis e não respodem bem a perdas populacionais, desaparecendo a médio e longo prazo. Essas espécies geralmente só são viáveis caso hajam grandes populações.

Acredito se o número de meros se reduzir em 25% aqui no NE, a espécie vai se extinguir em longo prazo.

O efeito da baixa diversidade genética é o que nós vemos quando cruzamos animais com alto grau de parentesco: perda de adaptabilidade, doenças genéticas... É uma morte lenta, dolorosa e certa pra uma espécie.

Eu digo e o pessoal fica chocado, mas é verdade: O Peixe-boi está extinto a longo prazo. Existem poucos indivíduos e a diversidade genética vai baixar a cada geração.
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Postagem Número:#9/12  Mensagempor BrunoNascimento » 08/11/2011 - 12:14:01

Ferreiro, o pior de tudo é que vc esta com toda razão ao dizer que os peixes-boi estão extintos e que os meros estão no mesmo caminho. :cry: Mas estava pensando na hipotese de se inserir animais de santa catarina no nordeste para aumentar essa diversidade genetica seria possivel e um casso a se pensar?
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Postagem Número:#10/12  Mensagempor Gustavo Adelino » 08/11/2011 - 13:11:15

Ferreiro_AL em 08/11/2011 - 10:29:56 escreveu:Infelizmente é o contrário meu camarada... A baixa diversidade genética das populações tropicais (Caribe ao NE) mostra que a espécie é mais sensível a reduções populacionais, que podem acabar com o Mero a médio e longo prazo. Com essa baixa diversidade é mais difícil para a espécie se manter viável em caso de sobrepesca e afins. Se a diversidade baixar a um nível crítico, por mais que se pare a pesca e outras agressões, o Mero estará condenado. É mais ou menos assim:

Espécies com alta diversidade genética --> são mais resistentes a perdas populacionais e podem se reconstituir com um número relativamente pequeno de indivíduos.

Espécies com baixa diversidade genética --> são muito frágeis e não respodem bem a perdas populacionais, desaparecendo a médio e longo prazo. Essas espécies geralmente só são viáveis caso hajam grandes populações.

Acredito se o número de meros se reduzir em 25% aqui no NE, a espécie vai se extinguir em longo prazo.

O efeito da baixa diversidade genética é o que nós vemos quando cruzamos animais com alto grau de parentesco: perda de adaptabilidade, doenças genéticas... É uma morte lenta, dolorosa e certa pra uma espécie.

Eu digo e o pessoal fica chocado, mas é verdade: O Peixe-boi está extinto a longo prazo. Existem poucos indivíduos e a diversidade genética vai baixar a cada geração.

Madou bem heim Ferreiro! valeu pela explicação mais do que técnica e esclarecedora...
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Postagem Número:#11/12  Mensagempor Ferreiro_AL » 08/11/2011 - 18:44:51

Nada, isso não é nada mesmo. Quem manda bem e vc nos teus relatos fodásticos.

Adicionado depois de 2 minutos:

BrunoNascimento em 08/11/2011 - 12:14:01 escreveu:Ferreiro, o pior de tudo é que vc esta com toda razão ao dizer que os peixes-boi estão extintos e que os meros estão no mesmo caminho. :cry: Mas estava pensando na hipotese de se inserir animais de santa catarina no nordeste para aumentar essa diversidade genetica seria possivel e um casso a se pensar?

Caso a população sulista não seja uma espécie nova e isolada reprodutivamente é o caminho a ser trilhado. Eu tava pensando nisso enquanto estava no trabalho e tomara que seja viável. Vai ser um absurdo se a moratória da pesca do mero não for prorrogada.
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Postagem Número:#12/12  Mensagempor Chrony Joseph » 21/11/2011 - 21:19:51

Mero vive apenas no Atlântico Sul

Fonte: Jornal do Commercio

PESQUISA Estudos genéticos desenvolvidos pela UFPE apontam que o peixe, que está sob grave ameaça de extinção, não ocorre no Oceano Pacífico, como acreditavam os cientistas

O mero, sob moratória de pesca no Brasil, teve sua área de ocorrência reduzida para o Oceano Atlântico Sul. Antes, se pensava que o mesmo peixe existia também no Pacífico, mas estudos genéticos revelaram que tratam-se de duas espécie distintas.

Ou seja, o mero da nossa costa vive em apenas um e não dois oceanos, resume o biólogo Rodrigo Torres, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e um dos integrantes da equipe que realizou a pesquisa.

Os resultados, publicados na revista científica Endangered Species Research, se baseiam em análises do DNA de amostras de nadadeiras de meros provenientes de quatro localidades: Panamá (cidade do Panamá), Belize (Caribe), EUA (Flórida) e Brasil (Caravelas, Bahia).

Para o pesquisador, do Departamento de Zoologia da UFPE, a conclusão ajudará no planejamento das ações de conservação da espécie, considerada o maior peixe ósseo do Atlântico Sul.

Com a redução da área de ocorrência, na avaliação de Torres, a sobrevivência da espécie está mais ameaçada. Além disso, é preciso direcionar as ações de forma diferente para o mero do Pacífico e o do Atlântico, uma vez que se constituem duas espécies diferentes, afirma o biólogo, responsável pelo Laboratório de Genômica Evolutiva e Ambiental da UFPE.

Para o pesquisador, o mero do Pacífico na verdade é uma espécie antes considerada extinta. O animal foi batizado de Epinephelus quinquefasciatus, em 1968, pela zoóloga francesa Marie Firmin Bocourt (1819 1904).

Em função disso, no estudo atual a população de meros do Pacífico figura como Epinephelus quinquefasciatus, enquanto a do Atlântico como Epinephelus itajara. A análise do DNA mostra que os dois peixes sofreram uma dissociação genética evolutiva há muito tempo.

Embora geneticamente distintas, anatomicamente são muito parecidas. São o que chamamos de espécies crípticas, com diferenças genéticas fortes, mas morfologicamente quase idênticas, esclarece Rodrigo Torres.

Segundo o biólogo, a população do Atlântico não se mistura com a do Pacífico. É que o istmo do Panamá funciona como uma barreira geográfica.

Apelidado de senhor dos mares, o mero chama atenção não só pelo tamanho pode superar dois metros de comprimento e pesar quase meia tonelada, mas também pelo tipo de reprodução. É que o grupo dos serranídeos, ao qual pertence, inicia a vida como hermafrodita. Isto é, nascem todos fêmeas, diferenciando-se sexualmente ao atingir a maturidade sexual.
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